Educação contribui com avanço do Brasil no Índice do Desenvolvimento Humano Municipal

O mais recente Índice do Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), revelou um expressivo avanço do Brasil nos últimos 20 anos. Em 1991, nosso índice era classificado como “muito baixo” (0,493) e, em 2010, passamos para “alto” (0,727). A educação foi um dos aspectos que contribuíram fortemente para esse resultado, com um salto de 128% no período.

É sem dúvida um resultado a se comemorar. Porém, ainda há muito por fazer. A educação ainda se mantém como o principal desafio brasileiro. Avançamos muito na escolaridade dos pequenos, mas nossos jovens e adultos estão muito aquém do ideal.

O IDHM é um índice composto por três das mais importantes áreas do desenvolvimento humano: vida longa e saudável (longevidade), acesso ao conhecimento (educação) e padrão de vida (renda). O método usado neste ano levou em conta ainda a composição de dois subindicadores com pesos diferentes: escolaridade da população adulta e fluxo escolar da população jovem.

Sabemos que o progresso de um município depende da melhora na renda per capita de cada família, e isso só é possível através do investimento em educação. O aumento do nível de escolaridade da população permite oportunidades no mercado de trabalho, o que fará com que os filhos passem a ajudar nas despesas de casa e a somar na renda da família. Tudo faz parte de um ciclo, que contribui para o desenvolvimento de cada pessoa e, consequentemente, de toda a sociedade.

Vejamos o caso de duas cidades que se destacaram na pesquisa: São Caetano do Sul, SP, continua na liderança de melhor IDHM do país, enquanto Melgaço, no Pará, obteve o pior desempenho neste ano.

A cidade de São Caetano do Sul é referência nacional no ensino público de qualidade, com índices de escolaridade comparáveis à de países de Primeiro Mundo. O reconhecimento vem pelo trabalho árduo na educação da população, incluindo aperfeiçoamento contínuo dos professores e funcionários e valorização do profissional da área. Atitudes que oferecem aos alunos melhores práticas educacionais, permitindo que os estudantes da rede pública tenham acesso a uma educação de qualidade. Já em Melgaço, segundo o IBGE, 50% da população não são alfabetizados. Metade dos moradores não sabe ler nem escrever, sendo que apenas 681 pessoas frequentam o ensino médio.

Esses exemplos deixam claro que, se a educação for trabalhada como necessidade e não apenas como um suporte, teremos um avanço tremendo na economia do país. As pessoas querem oportunidades, querem emprego, querem melhorar de vida e, para que isso aconteça, os jovens precisam estudar, precisam aprender seu valor na sociedade e enxergar o potencial que existe dentro deles para vencer os obstáculos da desigualdade social.

Os dados apontados pelo Pnud são claros e jogam luz para o caminho a seguir.

* Autor: Gilberto Alvarez Giusepone Jr. é especialista em Enem e diretor do Cursinho da Poli (SP), instituição sem fins lucrativos que trabalha a educação como inclusão social


Jornal do Brasil