ADUFMS integra atos contra Bolsonaro em MS

Manifestações foram organizadas por entidades sindicais, movimentos populares e organizações da juventude

No último sábado (3), manifestações em todo o Brasil pediram o impeachment de Bolsonaro pelo escândalo envolvendo o superfaturamento em doses da vacina Covaxin, além de pedir a vacinação em massa e o auxílio emergencial de 600 reais. Em Campo Grande, centenas de pessoas se concentraram na Praça do Rádio e percorreram o centro da cidade, em ato convocado por entidades sindicais e estudantis, movimentos sociais e manifestantes independentes.

A ADUFMS foi uma das entidades presentes no ato. O presidente da entidade, professor Dr. Marco Aurélio Stefanes, destaca as suspeitas contra o governo federal. “O que achávamos que no governo Bolsonaro era uma incompetência e uma postura de negacionismo pura e tão somente, a gente começa a perceber que, na verdade, isso tem a ver com um projeto de retirada de recursos públicos de forma ilícita”, afirma. Marco Aurélio também aponta que “a CPI está deixando muito claro isso. Então a gente percebe que tudo isso que está acontecendo no governo Bolsonaro é um projeto de poder, que escamoteia as formas de ação da esfera pública para intermediários enriquecerem ilicitamente”.

Para o professor, estes fatores respaldam o eventual afastamento de Bolsonaro da presidência da República. “Então já está passada a hora de a gente dizer claramente que essas mais de 500 mil mortes, segundo os estudos, pelo menos quatro em cada cinco poderiam ter sido evitadas”, lembra. “Isso significa que mais de 400 mil mortes são de responsabilidade do governo Bolsonaro, em particular, do presidente, então isso é motivo de sobra para a gente dizer que nós estamos em um estado de caos por responsabilidade do governo federal. Então o impeachment  se mostra necessário, fundamental e urgente”, conclui.

Interior

Em cidades do interior, também houve manifestações. A professora Ana Paula Archanjo Batarc explica que, em Aquidauana, os protestos contaram com passeata e veículos automobilísticos “O movimento se iniciou tímido, mas aos poucos foi tomando corpo. A carreata foi organizada conjuntamente pelas entidades: ADUFMS, SIMTED, SINASEFE, SISTA E Juventude consciente”, conta Ana Paula. “A concentração ocorreu na Praça dos Estudantes, antes da carreata os representantes das entidades manifestaram o apoio àqueles que mais sofrem com esse desgoverno e as mais de 523 mil mortes de brasileiros e brasileiras, vitimas da Covid-19”.

Ela explica que houve preparação logística para que o movimento passasse por bairros afastados do centro. “Participaram cerca de 45 carros e 10 motos, isso no contexto de uma cidade de porte pequeno é representativo. A rota foi elaborada para passarmos por bairros periféricos da cidade, para levarmos o grito engasgado de ‘Fora Bolsonaro’”.

Em Três Lagoas, o ato se concentrou na Avenida Rosário Congro, próxima à Feira Municipal, e se iniciou por volta das 9h30. Além das pautas já citadas anteriormente, a organização também destacou o auxílio aos pequenos empresários e a defesa dos povos indígenas, ameaçados pelo PL 490/2007, o qual permitiria revisar terras já demarcadas, dificultaria novas demarcações e permitiria atividades extrativistas em territórios protegidos.

Escândalo da Covaxin

As entidades que têm liderado o movimento pelo impeachment convocaram o ato após o depoimento do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) e de seu irmão, Luís Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, à CPI da Covid. Luís Ricardo comunicou ao irmão sua suspeita sobre contratos para aquisição da vacina indiana Covaxin, que custava quase o dobro do valor de todas as outras vacinas negociadas, além de não ter sido aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por não preencher requisitos básicos sobre segurança e efetividade. 

Luís Miranda relatou ter avisado Bolsonaro, que atribuiu o caso a um esquema operado pelo líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), e orientou o parlamentar a “deixar para lá”. Quatro dias depois, a Folha de S. Paulo publicou uma entrevista com Luiz Paulo Dominguetti, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply (empresa que se ofereceu para distribuir 400 milhões de doses da Covaxin), e afirmou ter recebido oferta de um dólar de propina por cada dose de vacina aplicada.