ANDES-SN e Fasubra relatam descaso do governo na abertura de negociações







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Os comandos nacionais de greve do ANDES-SN e da Fasubra, que reúnem os docentes federais e técnico-administrativos das instituições federais de ensino (IFE), respectivamente, realizaram, nessa quinta-feira (11), uma coletiva de imprensa para relatar a dificuldade encontrada por ambas entidades na abertura de negociações com o governo federal, desde 2012. Além disso, Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN, e Rogério Fagundes Marzola, da coordenação nacional da Fasubra, esclareceram os demais motivos que levaram à deflagração da greve das categorias, iniciada em 28 de maio, e atualizaram o quadro nacional do movimento paredista.


As entidades denunciaram que, apesar de inúmeras reuniões e ofícios protocolados, nenhum processo de negociação avançou por parte do governo federal.

“Nós, em 2012, deliberamos pela greve pela divergência que tínhamos em relação à concepção da nossa carreira docente e pela falta de avanço nas negociações com o governo”, apontou Paulo Rizzo. E novamente em 2015, o cenário se repete, uma vez que a deflagração da greve dos docentes das Instituições Federais de Ensino (IFE) desse ano consiste em uma resposta política à indignação que tomou conta da categoria, depois de várias tentativas infrutíferas de negociação. “Em 2012, mesmo com o fim da greve não houve acordo, e o governo acabou impondo uma lei que desestruturou ainda mais a carreira docente, principalmente os aposentados, não repôs integralmente as perdas salariais e desconsiderou o tema da pauta que trata da precarização das condições de trabalho”, contou.
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O ANDES-SN seguiu tentando reestabelecer as conversações com o governo e chegou a um acordo, em 23 de abril de 2014, mas as reuniões seguintes foram canceladas. Após um ano e um mês o MEC-SESU chamou uma reunião para dizer que não tinha resposta à pauta de reivindicações e negou o acordo assinado em 2014. “Nesse ano tivemos uma única reunião com os representantes do Ministério da Educação (MEC) e eles apontaram que não têm compromisso com o que foi firmado com a gestão anterior, além de dizer que não tinha resposta a nossa pauta de reivindicação”, apontou Rizzo.


Acesse o documento


que contém o acordo firmado em 2014.


Confira aqui


o documento, produzido pelo Comando Nacional de Greve, com o histórico, desde a suspensão da greve de 2012, das tentativas do Sindicato Nacional em negociar, com o governo federal, a pauta de reivindicações da categoria.

Desde 2012, os técnico-administrativos da Fasubra também tentam abrir um processo de negociação com o governo, para colocar em discussão a pauta específica da categoria, que envolvem reajustes salariais, distorções no plano de carreira e jornada e condições de trabalho.

“A greve de 2012 resultou em um termo de acordo com o governo. No entanto, chegamos no processo final, no ano de 2014, e não houve cumprimento do acordo de greve, que o governo havia assinado em 2012. Por isso, no ano passado, deflagramos novamente uma nova greve nacional exigindo que o governo cumprisse o acordo e com intuito de reestabelecer a relação de confiança entre os trabalhadores e os técnicos”, apontou Rogério Fagundes Marzola, da coordenação nacional da Fasubra. A greve de 2014 acabou sendo judicializada, e respondendo à solicitação do Supremo Tribunal Federal, os técnico-administrativos suspenderam o movimento paredista assegurados de que teriam como contrapartida a abertura de negociações do governo federal até 30 de junho de 2014. Marzola exclama que nada evoluiu. “Diálogo pressupõe negociação, se não vira um monólogo. Precisa haver uma contraproposta à nossa pauta que está colocada desde 2012”.

Até o momento, a greve dos técnico-administrativos engloba 58 instituições federais de ensino e 3 institutos federais. “É a greve mais intensa que tivemos dentro da nossa categoria, ainda mais na primeira semana de deflagração”, apontou Rogério. A greve dos docentes federais envolve 29 seções sindicais. “A resposta à crise, que está atingindo as instituições de norte a sul do Brasil, está sendo os cortes no orçamento público ao invés do avanço nas negociações. Os cortes atingiram os terceirizados, ocasionou o fechamento de várias unidades de ensino e o não pagamento de bolsas estudantis, e recentemente houve um anúncio de suspensão de concursos públicos, que poderá atingir a educação”, finalizou Rizzo, ressaltando que devido aos cortes, mesmo onde ainda não houve adesão à paralisação, algumas já estão com dificuldade de funcionamento devido à falta de verba para pagamento das contas.

Ao final, questionados se a paralisação não estaria afetando os alunos, tanto Rizzo quanto Marzola lembraram que a greve é o último recurso para pressionar por negociações efetivas e para melhorar as condições de trabalho e ensino nas instituições e garantir que os estudantes possam ter acesso à Educação Pública de qualidade.