Carta aos coordenadores e aos diretores: conclamamos nossos/as colegas que estão em cargos de direção e coordenação a respeitar a decisão democrática da categoria de estar em greve e que não endossem atitudes que reforcem o divisionismo orquestrado pela gestão da UFMS


Comando Local de Greve/2015 – UFMS

A intensa articulação do movimento grevista contribuiu para que em 22 de junho de 2015, o Conselho de Ensino de Graduação (Coeg), em votação, aprovasse a suspensão do calendário acadêmico a partir de 23 de junho de 2015, conforme a Resolução n. 347. Entretanto, em reunião ocorrida no dia 31 de agosto deste ano, numa convocação feita às pressas, após apresentação de parecer jurídico da Projur, o Coeg tornou sem efeito a suspensão do calendário a partir do dia 23 de junho, posição anteriormente votada e vencida nesse órgão colegiado, a despeito da vontade da Reitoria e de seus pró-reitores, assim como instituiu novo calendário acadêmico.

Essa decisão, antes de ser um

ato jurídico

, é uma

resposta política

ao fortalecimento do movimento docente na UFMS, de que as principais expressões foram a retomada do sindicato dos trabalhadores – numa eleição em que disputamos com os velhos pelegos do PROIFES e com uma chapa montada com dirigentes da Reitoria – e a deflagração da greve pelos/as docentes da UFMS. Com essa decisão, mais uma vez, a atual gestão universitária demonstra que responde às nossas demandas com mais burocracia e autoritarismo.

Os docentes da UFMS, em Assembleia Geral, deflagraram o movimento de greve a partir do dia 15 de junho de 2015, tendo como bandeiras de luta a reestruturação da carreira docente, o repúdio à precarização do trabalho e a qualidade da educação pública, gratuita e laica. Essa decisão foi tomada em espaço legítimo e democrático, o que pressupõe que seja respeitada como tal pela Comunidade Universitária.

Nossa greve não foi deflagrada por um ato administrativo e, portanto, não são os atos administrativos da Reitoria e seus pró-reitores que porão fim ao movimento paredista. Afinal, é também contra a condução antidemocrática – a cada dia mais evidente – da gestão da Universidade que lutamos. Nossa greve é o resultado de nossa capacidade de organização e enfrentamento aos ataques contra a Educação Pública no Brasil. Parafraseando o professor Florestan Fernandes,

a nossa luta é uma luta dentro da ordem e contra a ordem

.

Feitas essas considerações, constata-se que

a administração universitária impôs à comunidade acadêmica três calendários

: 1) o de professores que, furando o movimento grevista, já concluíram o 1

o

semestre; 2) o daqueles que, porventura, concluírem o 1

o

semestre no calendário imposto pela administração; e 3) o calendário dos professores que permanecem em luta no movimento paredista.

É, no mínimo, curioso que em meio a um movimento grevista em que uma das principais alegações para não aderir à greve seria evitar o prejuízo aos estudantes, a administração universitária imponha uma situação escandalosa como essa em que os/as estudantes – a depender do caso – poderão ter de cumprir três calendários diferentes.

Lembramos que nossos alunos são parte integrante de todo processo pautado na integridade de nossas ações em defesa de uma sociedade plenamente livre e que educação não se faz tão-somente em sala de aula. Este é um momento de aprendizagem para todos e a universidade é o

locus

onde também se faz a formação política para a transformação da sociedade. Eles, os alunos, devem ser respeitados em suas decisões de luta por condições adequadas de permanência na universidade, uma vez que, por força das condições socioeconômicas, a maioria da população brasileira não tem o privilégio de manter seus filhos em uma universidade, mesmo que pública e gratuita.

Em virtude do exposto, conclamamos nossos/as colegas que estão em cargos de direção e coordenação a respeitar a decisão democrática da categoria de estar em greve e que não endossem atitudes que reforcem o divisionismo orquestrado pela gestão da UFMS, nem sejam partícipes desta absurda situação em que teremos de coexistir com três calendários acadêmicos.

Nossa greve é uma, e as conquistas ou derrotas que dela resultarem incidirão sobre todos/as e cada um/a.


Continuamos em luta!



Comando Local de Greve/2015 da UFMS


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