Colégio Eleitoral pisoteia democracia da UFMS

Órgão desrespeita consulta à comunidade universitária para reitoria

31-07-2020

A TRADIÇÃO democrática construída historicamente na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) foi violada sem nenhum pudor, em sincronia com o estilo de poder político predominante no atual governo federal. Reunião ocorrida na quarta-feira 29 de julho definiu não respeitar o resultado das urnas na consulta para a lista tríplice de candidaturas à reitoria, a ser enviada ao Ministério da Educação (MEC). 

O Colégio Eleitoral realizou nova votação à revelia do resultado a consulta online. A  terceira candidata mais votada na consulta à comunidade da UFMS, Lídia Maria Lopes Rodrigues Ribas (Chapa 5 – Eficiência e Inovação) caiu para quarto lugar e foi substituída por Elizabeth Maria Azevedo Bilange, da  Chapa 1 (Cultura, Ciência e Consciência), quarta colocada na consulta e ex-assessora de gabinete do atual reitor, Marcelo Augusto Santos Turine (Chapa 2 – Todos Somos + UFMS), candidato no atual processo de consulta, que obteve primeiro lugar, no regime proporcional que confere maior peso a docentes. 


A mudança repentina na forma de escolha também atingiu a composição da lista tríplice para vice-reitoria. Os nomes foram desvinculados das chapas e submetidos a nova votação no Colégio Eleitoral, alterando o resultado apresentado na consulta.


O coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMS (PPGEdu), professor Antônio Carlos do Nascimento Osório disputou diversos pleitos para indicação do seu nome a reitor, desde o tempo da formação da lista sêxtupla, nos anos 1980. Ele afirma que nunca houve tal comportamento na UFMS. “Pela primeira vez o resultado foi alterado pelo Colégio Eleitoral. Havia um acordo de cavalheiro para compor a lista de acordo com a consulta democrática.  O que aconteceu agora foi anular os votos recebidos pela candidata, sob a alegação de norma. Acontece que a mesma normal também diz muitas outras coisas que a própria Universidade não cumpre”, pondera o docente. 

Para o docente já houve situações muito mais democráticas na história da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, pois no processo de abertura política da década de 1980 havia eleição até para pró-reitor/a de Assuntos Estudantis, organizada pelas/os próprias/os alunas/os. 


Nascimento Osório acrescenta que depois de mais de trinta e poucos anos, quase quarenta anos de universidade, tomou conhecimento deste procedimento estranho da maioria do Colégio Eleitoral. “Nem tudo que é moral é legal, muito menos o que é legal é moral”, crítica. 


A atitude da maioria do Colégio Eleitoral de alterar o resultado da consulta para compor a lista tríplice, na avaliação da representante da ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional na instância, professora Mariuza Aparecida Camillo Guimarães, reflete as relações autoritárias que vêm pautando as decisões da UFMS no último período. 

Ela salienta que a posição da entidade sindical sempre foi de respeito à consulta feita à comunidade e o respectivo envio do nome dos três mais votados ao MEC. A docente registra que infelizmente não foi possível reverter o quadro, visto que a atual gestão é majoritária e conseguiu fazer a mágica, enquanto a condução democrática, de acordo com ética costumeira, foi mantida pelos representantes sindicais.


“É lamentável que a UFMS tenha tomado este posicionamento, pois mostra que os interesses não estão naquilo que aponta a comunidade, mas na expectativa da atual gestão em construir uma ideia única na UFMS, pois o reitor em várias oportunidades, durante a campanha, disse que não irá nomear pessoas que não estejam alinhadas politicamente à sua administração. Assim o espaço para o diverso deverá aguardar por mais quatro anos”, desabafa Mariuza Aparecida. 


Esse comportamento do atual reitor já se manifestou na escolha de nomes para direção de unidades setoriais, em desobediência à escolha da comunidade. Já aconteceu isso na Faculdade de Educação (Faed).  O nome do professor Antônio Carlos do Nascimento Osório, mais votado, foi preterido. A mesma coisa ocorreu no pleito para direção do Câmpus de Coxim (CPCX), depois revista pela administração. 

No ano passado a postura autoritária da reitoria aconteceu na Faculdade de Medicina (Famed), quando o professor Wilson Ayach foi vetado, mesmo com votação expressiva (90%) em relação ao professor nomeado, o ex-diretor municipal de saúde, Marcelo Luiz Brandão Vilela.

Assessoria de Imprensa da ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional