Correio do Estado: pesquisadores da UFMS desenvolvem sensor de tempestade




Gabriela Couto –



Correio do Estado,

3 de novembro de 2014

Basta chegar a primavera que a temporada de raios chega a Mato Grosso do Sul. A localização geográfica do Estado faz com que ele esteja na região que mais cai raios no País, área que abrange Sudeste e Centro-Oeste. As tempestades são formadas por causa das altas temperaturas em contato com a massa de ar fria que vem da Amazônia ou pelas frentes frias que chegam do Sul.

Para compreender melhor sua incidência e usar isso a favor da sociedade, o doutor em física, Moacir Lacerda, 58 anos, criou com seus alunos de física e engenharia elétrica da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), juntamente com um técnico de eletrônica, sensores de tempestades. “O nosso objetivo é evitar que o primeiro raio caia e provoque a morte de pessoas ou perdas materiais”, justifica.

Já na terceira geração de sensores, o aparelho está ganhando ares de tecnologia de ponta. Feito, inacreditavelmente, com uma leiteira de alumínio, que protege todo o sistema, ele transmite as informações do tempo a cada segundo, via rádio, celular, satélite e até pela internet 3G. Os aparelhos serão fundamentais para o Sistema de Alerta de Queda de Raios, que Moacir quer implantar no Laboratório de Ciências Atmosféricas da universidade no primeiro semestre de 2015. “Isso ninguém tem no mundo”, acrescenta.

Cada pecinha dentro da leiteira foi milimetricamente calculada para que tudo funcionasse perfeitamente. O monitoramento é pelo campo elétrico da nuvem. “Assim vamos emitir um alerta de raios 15 minutos antes de ele cair. As pessoas vão poder recolher o gado, desligar os aparelhos eletrônicos, sair do campo aberto e o sistema de fornecimento de energia ficará em alerta para restabelecer a luz onde houver quedas”.

Em fase de implementação, o projeto custou apenas R$ 50 mil e já foi solicitado para ser implantado em todas as capitais do País. “Não dimensionamos o processo industrial e faltam parceiros para que isso aconteça”, explicou. O projeto dos sensores começou a ser feito em 2009 e atualmente tem quatro aparelhos instalados na Capital. Eles conseguem detectar uma alteração no campo elétrico em um raio de 5 quilômetros.