Democracia em risco: reitor da UFMS nomeia candidato derrotado para comandar Faculdade de Medicina

Foto: Clayton Neves/Campo Grande News

⇛ESTUDANTES da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) fizeram protesto contra a nomeação do médico urologista e ex-secretário de saúde de Campo Grande, Marcelo Luiz Brandão Vilela, para a direção da Faculdade de Medicina (Famed). O ato nomeando Brandão Vila foi publicado na terça-feira 26.

Com palavras de ordem e cartazes (fotos) definindo o docente nomeado como "fantasma” e fazendo referência à democracia desrespeitada, as/os alunas/os de Medicina manifestaram no setor 2 da Cidade Universitária Campo Grande, no qual estão os prédios das pró-reitorias, reitoria e da Famed.

Entenda o caso

No dia 24 de setembro houve a consulta pública da comunidade acadêmica para a direção da Faculdade de Medicina. Na ocasião o professor Wilson Ayach obteve 47 votos de docentes, 12 de servidoras/es do setor técnico-administrativo e 227 das/os estudantes, sendo assim considerado o candidato vencedor com 45% dos votos. Já Marcelo Luiz teve apenas 12 votos dos docentes,  cinco do corpo administrativo e 22 das/os estudantes, totalizando 12%  dos votos válidos. 

O resultado da consulta foi homologado pelo conselho da faculdade com os nomes de três professores para formação da lista tríplice enviada à reitoria, como de praxe. Porém o resultado não foi respeitado pelo reitor Marcelo Augusto Santos Turine.

De acordo com o site Campo Grande News uma estudante do Curso de Medicina disse que em cinco anos de estudos nunca viu o professor nomeado na faculdade. Um acadêmico afirmou que a escolha é política. “Ele tem perfil favorável a ideias do reitor em relação ao Future-se, por exemplo. Está em consonância com o reitor.”

Outra aluna reclamou do desrespeito à decisão da comunidade da UFMS. Não estão respeitando a escolha dos professores e dos alunos. Não estão respeitando a democracia.

Ao Campo Grande News, Marcelo Luiz, nomeado por Turine para dirigir a Famed, informou que é concursado desde 2013 na universidade, dando aulas da disciplina de Clínicas Integradas 4. O docente afirmou que cabe ao reitor comentar a decisão de sua nomeação. Até o momento a reitoria da UFMS não se pronunciou.


Foto: Gerson Jara/ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional


Outras situações de falta de democracia nas instituições públicas federais de ensino têm sido notadas. É o caso da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), em que o presidente Jair Bolsonaro nomeou a professora Mirlene Damásio como reitora interventora. Ela sequer fazia parte da lista tríplice enviada após a consulta pública. Também no Estado, o atual reitor do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), Luiz Simão Staszczak, foi nomeado interventor para o cargo que já ocupa, mesmo após a derrota para a professora Elaine Cassiano, que obteve com 29% dos votos. Staszcak teve 27,35%. Jiyan Yari recebeu 9,28% dos votos.

Outras instituições em que o governo federal nomeou candidatos/as derrotados/as às direções

  • Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
  • Universidade Federal do Ceará (UFC)
  • Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
  • Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) 
  • Universidade dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)
  • Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio)
  • Universidade Federal do Pampa (Unipampa)
  • Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet-RJ).


Ítalo Milhomem e Gerson Jara/ Assessoria de Imprensa da ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional