Diretor da ADUFMS-Sindicato em Aquidauana condena limitação de espaços para discussões na UFMS e palestrante crítica autoritarismo nas universidades







Diretor da ADUFMS-Sindicato em Aquidauana, Carlos Martins media debate em palestra proferida pela Professora Doutora Priscila Xavier da UFMT-Rondonópolis

(FOTOS: Gerson Jara/ADUFMS-Sindicato)

Na abertura da palestra “Autoritarismo Institucional e o Desmonte da Democracia no Brasil”, ocorrida quarta-feira 2 de maio no

SIMTED de Aquidauana

o diretor da

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no Câmpus de Aquidauana da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (CPAQ-UFMS) Carlos Martins Junior reclamou da burocracia criada para reserva dos auditórios e anfiteatros da UFMS. Para ele a exigência mínima de 15 dias de antecedência, aprovada pelo Conselho Diretor, reforça o excesso de controle e limita o debate democrático dentro da instituição.


Diante das dificuldades criadas para realização do evento dentro da UFMS, o presidente do

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, Florêncio Garcia Escobar enalteceu a oportunidade da parceria com a

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: “Vamos construir a luta. Construir este momento. Construir a resistência. E a nossa entidade é parceira. Coloca-se à disposição do movimento estudantil e da

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. O dirigente resgatou que nos anos oitenta houve o enfrentamento à Ditadura e a resistência ao autoritarismo, como o movimento contra o pagamento de taxas dos alunos pelas universidades públicas.







Estudantes e professores/as ouviram críticas feitas pela palestrante ao racionalismo cartesiano nas universidades

Na palestra, a Professora Doutora Priscila de Oliveira Xavier Scudder criticou a ingerência política do senador licenciado e atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, na criação da Universidade Federal de Rondonópolis e de cursos destinados a atender tão somente o agronegócio, enquanto a cidade e o próprio campus da UFMT viram as costas para a realidade das comunidades indígenas que vivem na periferia da cidade, ingerem veneno das lavouras e indústrias instaladas na cidade e convivem com a destruição ambiental e ainda são acusadas de colocar incêndio nas matas. “Você tocaria fogo na própria casa”, indagou. Como exemplo de descaso da UFMT e dos pares docentes, citou a quota de 4 vagas para etnia em cursos com sobras de vagas e o fato de ser, até então, a única negra do Departamento de História ou caso de professor que conseguiu criar a disciplina História do Continente Africano e assim que pediu transferência a disciplina foi extinta.

Para a pesquisadora há a reprodução da visão eurocêntrica nas universidades presente nas estruturas curriculares e ementas dos cursos, inclusive na área de humanas. Acentuou a dificuldade da academia em aceitar teóricos de outros continentes, como da África e dá própria América Latina nas teses de dissertações, marcada pela obrigatoriedade de citação de autores das escolas de pensamentos europeias. Criticou também o autoritarismo catedrático sobre os alunos, reproduzido por meio de linguagem que afasta os estudantes da ação política, ao invés de ganhá-los para o projeto de defesa da universidade pública e da sociedade inclusiva. Teceu críticas ao mito objetividade e da imparcialidade em projetos de pesquisas, vez que o ser humano não consegue se distanciar da sua formação cultural e sobre ela constrói sua visão de mundo.

Um tanto cética, Priscila Xavier também não enxerga perspectiva de melhoras na qualidade de vida humana e ambiental nos marcos do sistema capitalista. Vê no esgotamento do atual modelo de destruição do sistema capitalista, talvez, a possibilidade de construção de novo processo civilizatório. Não poupou críticas ao machismo, ao preconceito racial, de gênero e orientação sexual presentes nas universidades. Alertou sobre o desmonte da carreira via criação de curso de ensino a distância, para a precarização da atividade acadêmica e pediu a participação de todos nos movimentos de resistência.



Assessoria de Imprensa da ADUFMS-Sindicato