Entidades da educação debatem sobre o ensino superior na América Latina

Começou ontem a VI Reunião de Organizações Sindicais da Educação Superior da América Latina e Caribe. O evento foi aberto pelo Presidente do Proifes-Federação, Eduardo Rolim de Oliveira, que destacou a importância da integração dos sindicatos do setor da educação superior no continente. Também se pronunciaram na abertura o professor Cássio Bessa, secretário-Geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), entidade que promove o evento juntamente com o Proifes.

Em nome da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a terceira entidade brasileira filiada à Internacional da Educação da América Latina, falou Fátima da Silva, vice-Presidente da IEAL e Carlos de Feo, da Conadu (Federación Nacional de Docentes Universitarios de Argentina), coordenador do Setor da IEAL.

A reunião, que aconteceu na sede da ADUFRGS-Sindical, faz parte da preparação dos delegados para o Encontro de Organizações Sindicais de Educação Superior da América Latina e do Caribe, que começa hoje (23/04) às 19h30 e segue até sexta (25/04).

A primeira mesa de debates foi aberta pelo argentino Claudio Suasnábar, professor da Universidad de La Plata e membro da Conadu, que fez uma explanação sobre a situação atual da democratização da educação superior na América Latina e das políticas públicas voltadas para este fim.

Com base em levantamentos estatísticos, Suasnábar mostrou que a garantia de acesso à universidade não significa necessariamente que os estudantes irão concluir o curso e, diante de uma nova demanda para a educação superior, ele colocou um desafio: é necessário repensar o modelo de universidade, para que a massificação não se dê em detrimento da qualidade do ensino.

Adércia Hostin, representante da Contee, situou um pouco os delegados em relação à realidade brasileira. Falou sobre os programas de inclusão, em especial os voltados para a rede privada que são o Prouni e o Fies. A professora reconhece que estas são políticas públicas necessárias, mas defende que o verdadeiro investimento deve ser feito diretamente na rede pública de educação, através da destinação de 10% do PIB, conforme determina a Constituição.

Cássio Bessa, secretário-Geral da Contee e diretor do Sinpro/RS, tratou em especial do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), que investe na rede privada de ensino técnico. Bessa fez severas críticas ao programa, que segundo ele foi aprovado sem levar em conta aspectos importantes como a obrigatoriedade das aulas serem dadas por um professor e dos novos cursos passarem pelo crivo dos conselhos estaduais de educação antes de serem implantados.

À tarde, professores e sindicalistas do Chile e da República Dominicana expuseram, em linhas gerais, a situação laboral do docente da educação superior em seus respectivos países. Em comum, Iván Salas (Chile) e Ismael Peralta (República Dominicana) relataram uma realidade que aponta para baixos salários e contratos de trabalho precários, que acabam levando o professor a buscar outras fontes de renda e resultam em uma baixa qualidade do ensino.

O dia terminou com uma discussão das agendas sindicais do Proifes e da Contee (Brasil); Conadu (Argentina); Fauech (Chile); Aspu (Colômbia); e Faprouasd (República Dominicana). A última reunião do dia contou ainda coma presença do professor Juan Atancibia do México, que relatou a situação de seu país.

Hoje (23/04), ao longo do dia, os delegados voltam a se reunir em preparação para o evento principal, que tem palestra de abertura à noite, na UFCSPA.


Adufrgs