“O que vem em frente é contra a classe trabalhadora”, alerta sindicalista



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Antonio Carlos Victório

(camiseta laranja)

prevê cenário aprofundamento da política neoliberal e formação de frente política para enfrentamento dos solavancos contra os trabalhadores –

fotos: Gerson Jara/ADUFMS-Sindicato



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Professores e estudantes tiveram a oportunidade de discutir o cenário econômico e o “pacote de maldades” do Governo Temer contra os/as servidores/as públicos/as federais e a classe trabalhadora

A Diretoria de Formação e Relações Sindicais da

ADUFMS-Sindicato

organizou no último dia 3 de junho, no Anfiteatro do Centro de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (CCHS-UFMS) em Campo Grande, o     I Seminário de Formação Político-Sindical da gestão Autonomia Sindical. O evento contou com três mesas de debate: “Representação docente: função, problemas e desafios”, com a professora Mariuza Aparecida Camillo Guimarães, presidenta da

ADUFMS-Sindicato

,  e  o professor Bruno Peixoto Carvalho, diretor de Formação e Relações Sindicais da entidade.

No segundo painel a discussão ficou em torno do “Planejamento de ações para 2016″ e o terceiro painel tratou da temática “Análise de conjuntura: o que temer do Governo Temer?”, com o professor Francisco Jacob Paiva da Silva, do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), e Antonio Carlos Victório, o  Jacaré, da Intersindical – Instrumento de Luta e  Organização da Classe Trabalhadora.

Convidado para contribuir na avaliação da conjuntura nacional para os/as professores/as participantes do I Seminário de Formação Político-Sindical, Antonio Carlos fez uma previsão de ondas de ataques a direitos e avanços conquistados pelos/as trabalhadores/as (servidores/as públicos/as, por exemplo) do país, com a continuidade do Governo Temer.  No entendimento do sindicalista, o afastamento temporário da presidenta Dilma Rousseff atende um conjunto de interesses de curto prazo das elites e está recheado de “elementos ocultos”.

Considerou que a formação ministerial do Governo Temer já nasce fragilizada, pois vem sendo costurada na forma de balcão de negócios, com dificuldade de unificar os interesses de diversos setores que articulam a tentativa de

impeachment

de Dilma.  “O que vem em frente é contra a classe trabalhadora”, alerta.

Entre os riscos que apontam o caráter conservador do governo em exercício de Michel Temer, Antonio Carlos aponta a retomada de investimentos por meios das PPPs (parcerias público-privadas),  desvinculação das receitas da União no patamar de 10% e a expansão do déficit público no teto de R$ 170 bilhões, interesses esses vinculados a propostas do senador Aécio Neves e lastreados no programa Uma Ponte para o Futuro, do PMDB.

Essas medidas, boa parte materializadas em projetos de lei ou mensagens em tramitação no Congresso Nacional, na avaliação do sindicalista, vêm dentro da visão iniciada já no Governo Dilma, de pagar a conta do déficit público sacrificando o/a servidor/a público/a por meio do Projeto de Lei Complementar (PLP) 257/2016, que congela reajustes salariais, quinquênios, anuênios, possibilita demissão de servidores/as, caso ultrapasse o teto da Lei de Responsabilidade Fiscal e a retomada dos PDVs (programas de Desligamento Voluntário), e até mesmo cortes nos programas sociais, como o Bolsa Família. “Não tem saída. Mesmo com a hipótese remota de Dilma retornar ao poder, em função dos escândalos e fragilidades do Governo Temer, a macropolítica, agravada pela crise do capitalismo mundial, não deixa outras alternativas para equilibrar as conta do governo”, pondera.

Antonio Carlos Victório cita como parâmetro as quedas sucessivas do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e dos demais países da América Latina, da Europa e dos Estados Unidos. Essa política, opina, criou um cenário de divisão entre os segmentos que patrocinaram o

impeachment

de Dilma, com a possibilidade de a campanha “Volta Querida” ganhar força, pois  a política de juros, uma das maiores do mundo, está arrebentando diversos setores da indústria nacional.

O sindicalista sugere como alternativa para o movimento sindical e as forças progressistas a formação de uma frente política capaz de enfrentar a receita de ajustes econômicos neoliberais e de mexer com o

status quo

dos setores da elite,  retomar as mobilizações pela volta do Governo Dilma, só que agora dentro do compromisso de mudanças na política econômica ou convocação de eleições gerais, efetivação de políticas de democratização dos meios de comunicação e mudanças nas formas de financiamento de campanha. “Um sistema eleitoral que movimenta cerca de R$ 380 milhões gastos na campanha presidencial de Dilma não tem como se sustentar”, deduziu.

O integrante da Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora salienta que não há como manter a política de apaziguamento de  lutas de classes iniciado no Governo Lula e responsável, de certa forma, pelo distanciamento do Governo e do PT da sua base social, pois as condições históricas presentes não permitem melhorias ao conjunto de trabalhadores/as. “São questões novas, mais duras, com poucas possibilidades de melhoria de vida, pois o capital busca fortalecer a política de concentração de renda em âmbito internacional. Nestas condições, qual base do operariado pode ir às ruas defender a volta de Dilma?”, argumentou.



Assessoria de Imprensa da ADUFMS-Sindicato