Palestrante afirma que Previdência não é causadora da crise econômica







Fatorelli alerta sobre crise fabricada para remunerar bancos com taxas de juros  –

Foto: Norberto Liberator

O  ciclo de eventos paralelos à reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) terminou nesta quinta-feira (25), com a palestra “O buraco da dívida pública e a reforma da Previdência”, ministrada pela coordenadora da associação Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), Maria Lúcia Fattorelli Carneiro. Iniciada às 19h30min, a apresentação ocorreu no salão de eventos da

ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional

.

Fattorelli apresentou diversos dados com os quais conclui que o “déficit na Previdência” é uma falácia criada para penalizar a classe trabalhadora e beneficiar os bancos. De acordo com a palestrante, a conjuntura da crise costuma ser usada como justificativa para as privatizações e retirada de direitos, mas esta crise não tem origem em fatores previdenciários.

Segundo ela, o que costuma provocar crises econômicas são falências de bancos, adoecimento da população, quebras de safra e guerras, situações que não ocorrem no Brasil. Fattorelli afirmou que o crescimento nas taxas de juros (cuja média subiu de 7% para 14% em seis anos) é o principal motivo para a crise financeira, já que, desta forma, pequenos e médios empresários não conseguem se manter, o que causou diversas falências e consequentemente desemprego.







Participantes conheceram detalhes do endividamento estatal e alternativas que não sejam amargas à população –

foto: Arnor Ribeiro/ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional

A coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida(ACD) também apontou que a remuneração da sobra de caixa gerou um rombo de R$ 754 bilhões em 10 anos. De acordo com Fattorelli, isso é uma das causas para a inflação no Brasil, além das taxas de juros e altos preços de alimentos. A palestrante afirmou se os bancos recebessem R$ 1 trilhão do Banco Central (BC), emprestariam com juros e poderiam acabar com a crise, já que mais de 20% da dívida está no mecanismo que remunera a sobra de caixa. Acrescentou que o banco dispõe de R$ 4 trilhões , dos quais R$ 1.3 trilhão destinados ao bancos a título  de remuneração de depósitos bancários, enquanto o Governo promove a reforma da Previdência, cortas verbas para educação e assistência social.

A auditora indicou ter havido mais de R$ 1 trilhão em superávit primário e, ao mesmo tempo, crescimento da dívida em mais de R$ 700 bilhões entre 1995 e 2015, ano em que começa a haver déficit no BC. A política monetária do Banco Central, de acordo com a palestrante, causou a crise atual e, ainda assim, o governo e o sistema financeiro usam servidores públicos como bode expiatório, chamando-os de “privilegiados”.

Fattorelli finalizou falando sobre o Projeto de Lei Complementar (PLP) 459/2017, de autoria do senador José Serra (PSDB), que propõe a securitização de créditos da dívida pública, ou seja, cederia direitos creditórios da União e dos estados a empresas privadas. Segundo ela, o PLP geraria dívidas públicas ilegalmente, além de desviar a arrecadação tributária.

Após a palestra, houve uma confraternização de encerramento com apresentação da banda Muchileiros.

A atividade foi organizada em parceira com o

Sista-MS

e contou com o apoio da Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (

ADUEMS

), Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal no MS (Sindjufe); Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada e afins do MS (

Sintcop

); Sindicato dos Policiais Civis do MS (

Sinpol

) e Federação dos Trabalhadores em Educação (

Fetems

).



Norberto Liberator