Pesquisadora alerta sobre riscos de doenças ocupacionais de docentes multifuncionais



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Silvia Helena: “indicadores exigem reflexões com base na realidade de condições de trabalho, diferenças e investimentos realizados” (Fotos: Gerson Jara/ADUFMS-Sindicato)

A incorporação, até mesmo inconsciente, do modelo produtivista e do novo perfil de professor/a multifuncional tem aumentado a sobrecarga de trabalho e as condições estressantes que agravam o quadro de doenças ocupacionais físicas e mentais do corpo docente da UFMS. O alerta aconteceu em Aula Pública ministrada na sexta-feira 31 no Anfiteatro do Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCHS), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,

Campus

de Campo Grande, pela Professora Doutora Silvia Helena Andrade de Brito, abordando o tema “A precarização do trabalho docente nas universidades federais brasileiras”, organizada pelo Comando Local de Greve 2015.

Silvia Helena apontou a necessidade de organização da categoria para enfrentar o sistema de gestão administrativa em implantação desde os anos 1990 e que agora ganha mais força com os riscos de legitimação de conceitos de competitividade, meritocracia, empreendedorismo, voluntarismo incorporados pelos/as próprios/a companheiros/as de profissão, afetando também técnicos/as e alunos/as.



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A Aula Pública faz parte de atividades durante a greve docente na UFMS

Esse novo modelo prestigia o financiamento privado, o Currículo Lattes, metas quantitativas, sem obedecer a diferenciações e estilos pessoais ou de grupo de pesquisa, estimulando a revanche entre os/as docentes e instituições. Acrescentou dados sobre a incorporação radical da UFMS ao conceito instituído pelo MEC (Ministério da Educação), com base em dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) de 2013 que ilustram o crescimento de 21,23% na relação professor/a aluno/a e de 57,1% de expansão de vagas em relação a 2010, com a criação de novos cursos, ampliação de vagas, inclusive no período noturno.

Além de envolver a comunidade interna, a pesquisadora explica que o conceito produtivista começa a permear a sociedade, a partir da divulgação de dados de avaliação e de ranqueamento das instituições federais e da qualidade de produção acadêmica do ensino, da pesquisa e da extensão, com os/as cidadãos/ãs passando a adotar ideias de redução de custo aluno-professor ou críticas à evasão escolar, sem reflexão aprofundada das condições de trabalho, liberdade de pesquisa, diferenças, natividade e vocações de cada universidade, devido à padronização dos modelos avaliativos impostos à comunidade universitária, resultando na responsabilização dos/das professores/as por indicadores não-alcançados.  “Não somos contra as avaliações, pois a universidade é financiada pelos trabalhadores que pagam seus impostos, para quem a instituição deve prestar contas, mas indicadores exigem reflexões e com base na realidade de condições de trabalho, diferenças e investimentos realizados.”



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Docente propõe a contagem de horas-extras e a extensão do adicional de insalubridade

A professora sugere ações efetivas dentro da UFMS que podem melhorar as condições de trabalho, como a realização de exame periódico. Essa medida foi cobrada da administração da UFMS pela

ADUFMS-Sindicato

e já se encontra em fase de implantação em Campo Grande, mas precisa atingir os

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do interior. Em âmbito interno, Silvia Helena propõe a contagem de horas-extras e a extensão do adicional de insalubridade, pois grande parte dos/das docentes realizam as tarefas acadêmicas no terceiro turno, com jornada de até 10 horas. Esse quadro, considerado de adoecimento pela pesquisadora, vem se agravando com ampliação de vagas e criação de novos cursos, expansão da hora-aula, incorporação de atividades administrativas, por conta da redução drástica de técnicos/as, planejamento descompassado da realidade, com o encurtamento do tempo para atendimento de orientando/a de graduação, especialização, mestrado e doutorado, bolsistas, burocracia, elaboração de projetos e programas de extensão.

Como fatores de quadro estressante, Silvia Helena sinaliza para outros fatores, como práticas administrativas de subtração de direitos trabalhistas, aposentadoria privatizada, tempo insuficiente para jornadas das atividades-fim, acessibilidade e condições de trafegabilidade ruins, incorporação de atividades antes administrativas: abertura e fechamento de salas de aulas, transporte e guarda de material didático-pedagógico.



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Público atento à aula sobre precarização do trabalho docente nas universidades federais brasileiras



Assessoria de Imprensa da ADUFMS-Sindicat


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