Reeleição na UFMS: Retomada do diálogo e dos processos democráticos é único caminho para avanço

O professor doutor Marcelo Turine foi reconduzido como reitor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) para o mandato de 2020 a 2024 no último dia 23 de setembro, com nomeação publicada no Diário Oficial da União. A nomeação ocorre após uma eleição inédita onde houve pela primeira vez a utilização do voto eletrônico – devido à pandemia do COVID-19 – e polêmicas como a cassação de candidaturas. 

Para o presidente da ADUFMS (Organização Sindical dos Docentes da UFMS), professor doutor Marco Aurélio Stefanes, a reeleição é vista com preocupação. De acordo com o representante sindical, o principal critério para a eleição ou reeleição de novos reitores no atual momento político brasileiro tem levado em conta muito mais o alinhamento político dos candidatos com o governo do que o processo democrático da comunidade acadêmica. “No caso da UFMS percebemos que há uma grande identificação dessa gestão com o agronegócio e outros setores conservadores da sociedade sul-mato-grossense, ou seja, a indicação dele não foi apenas pela votação, mas sim pelos compromissos políticos que ele tem fora da universidade”, alerta o professor.

A nomeação de reitores é decidida pelo MEC por meio de uma lista tríplice encaminhada pelo Conselho Universitário ao Ministério, juntamente com o resultado da consulta à comunidade universitária.

Marco Aurélio ressalta a necessidade urgente da retomada de diálogo entre a reitoria e os professores, especialmente no contexto de pandemia e previsões de grandes cortes de verbas. O professor conta que no começo do ano muitas decisões foram feitas sem consulta alguma à comunidade acadêmica. “Os conselhos foram consultados a posteriore, depois das decisões já tomadas e executadas. Essa é uma prática administrativa que vem sendo recorrente e nos preocupa pois não é condizente com o princípio democrático que rege a universidade!”, adverte, lembrando que nos próximos meses há muitas decisões importantes à frente que precisam ser tomadas em conjunto, tendo em vista a previsão de cortes na ordem de quase dois bilhões de reais nas universidades públicas. 

O professor doutor Antônio Osório da Faculdade de Educação também ressalta a escuta efetiva por parte da reitoria como a maior demanda atual. Para ele a reitoria precisa representar de fato as necessidades da instituição: “Precisamos de um diálogo mais eficaz e com mais transparência, especialmente no momento em que estamos vivendo que já coloca tantos obstáculos de diversas ordens para todos”.

De acordo com Osório, os desafios das aulas virtuais continuam: “Os professores estão próximos dos alunos no dia a dia, vendo suas dificuldades de acesso à internet, de adaptação ao modelo virtual que foi instalado tão drasticamente, acompanhando o que está funcionando e o que não está. Por isso é muito importante ouvir de fato o que realmente está acontecendo. É preciso uma aproximação maior da reitoria com a realidade que vivemos”. 

Para a ADUFMS, o objetivo é lutar para que o diálogo seja retomado e para que haja uma relação mais frutífera com a administração daqui para frente. “O que mais queremos é que os processos democráticos voltem a ser respeitados, principalmente na indicação de diretores. E que as instâncias colegiadas também sejam ouvidas antes das decisões serem tomadas”, conclui Marco Aurélio. Segundo ele, esse é o único caminho para de fato avançar.

Assessoria de Comunicação