Reitoria extingue cursos e suspende entrada de novas turmas na UFMS







Estudantes da UFMS organizaram protesto no portão de acesso ao Câmpus de Ponta Porã

– Foto: Késia Caroline Ramires Neves

Em duas canetadas,

ad referendum,

de forma autoritária e sem qualquer discussão com a comunidade universitária e as instâncias superiores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o reitor Marcelo Augusto Santos Turine  e o pró-reitor de Graduação, Ruy Alberto Caetano Corrêa Filho, decidiram suspender e/ou extinguir nove cursos de graduação em Aquidauana, Chapadão do Sul, Coxim, Nova Andradina, Naviraí e Campo Grande. A suspensão de ingresso de novas turmas será a partir do primeiro semestre de 2019.

As medidas levaram cerca de 200 estudantes a protestar, na terça-feira (4-09) em frente ao portão de entrada do Câmpus de Ponta Porã (CPPP). Na quarta-feira 5 à noite, acadêmic@s do Câmpus de Três Lagoas (CPTL) também protestaram contra as decisões unilaterais da administração central da UFMS.

As implicações dessas medidas serão avaliadas pela direção da

ADUFMS-Sindicato

e pelo Conselho de Representantes Sindicais, em reunião nesta quinta-feira 6, a partir das 16 horas, na sede da entidade, em Campo Grande.

A posição do pró-reitor de Graduação, Ruy Alberto Caetanos Corrêa Filho, foi considerada antiética pela diretoria da

ADUFMS-Sindicato

, visto na quarta-feira (29-08), em audiência pública ocorrida na Câmara de Vereadores de Ponta Porã, em que representava o reitor Turine, o docente descartou qualquer possibilidade de fechamento de cursos na unidade da UFMS naquele município. No entanto, sob a alegação de ter respaldo da direção do CPPP, suspendeu temporariamente a entrada de novas turmas no curso de Ciências da Computação daquele Câmpus a partir do primeiro semestre de 2019.

Desde o ano passado, o reitor da UFMS vem resistindo em discutir abertamente com a comunidade universitária sobre as consequências do corte de mais R$ 70 milhões no orçamento da instituição. Alega que está promovendo os ajustes necessários para garantir o funcionamento dos cursos de graduação e pós-graduação oferecidos pela Universidade.

Paralelamente, por meio das pró-reitorias de Planejamento e de Graduação, realizou levantamento superficial do funcionamento dos cursos sem a amplo diálogo com docentes, estudantes e técnic@s administrativ@s, o que se faria com indicadores consensualizados coletivamente nos colegiados de cursos e faculdades.

A direção da

ADUFMS-Sindicato

considera a decisão da administração central “como estelionato eleitoral”, visto que enganou docentes, estudantes e técnic@s administrativ@s que votaram favoráveis à indicação do reitor e da vice, Camila Ítavo. Ambos não assumiram publicamente a intenção de fechar cursos de graduação e possivelmente de mestrado. Se assim fizessem, não receberiam o apoio de parcela expressiva da comunidade universitária.

Os critérios adotados, avaliando a pouca entrada de estudantes, baixa saída no último semestre, baixa média de permanência anual, dentro do raciocínio cartesiano e economicista, foram desconsiderados para outros cursos que enfrentam o mesmo problema. Sequer foram colocados em processo de reavaliação, o que demonstra o alto grau de subjetividade nas escolhas realizadas e corrobora, contraditoriamente, com a decisão recente de criação de novos cursos na Cidade Universitária Campo Grande, aprovados pelo Conselho Universitário (Coun).

Além disso, os indicadores apresentados para extinção ou suspensão de entrada em cursos da UFMS, por si só, não consideram a complexidade presente no processo educacional superior. Não analisam itens como a falta de condições de permanência da comunidade estudantil, cortes em bolsas de ensino, pesquisa e extensão, reforço em disciplinas de alto nível de reprovação, distorções regionais no Sistema de Ensino Superior, falta de moradia estudantil, insegurança, falta de restaurantes universitários, ausência de convênios internacionais e transporte escolar adequado. Qual seja, corta o problema sem analisar as causas.

Ao mesmo tempo, consagra a falta de compromisso da atual administração com a política de expansão e interiorização universitária, que busca manter a juventude nas cidades ou regiões de origem. Não leva em conta a baixa oferta de vagas no ensino superior público e gratuito no País. Tal medida está em sintonia com o atual comando do Ministério da Educação (MEC), de cunho privatista e que  atua para desmantelar a oferta de vagas nas universidades públicas favorecendo o mercado para empresas multinacionais de ensino, sem compromisso efetivo com a pesquisa e a busca da excelência.

Cursos superiores extintos

1 – Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia  (Faeng).

2 – Curso Superior de Tecnologia em Saneamento Ambiental da Faeng.

3 – Curso de Letras – Licenciatura – Habilitação em Português e Literatura do Câmpus de Aquidauana (CPAQ).

4 – História – Licenciatura do Câmpus de Coxim (CPCX).

OFERECIMENTO SUSPENSO A PARTIR DE 2019

5 – Letras – Licenciatura – Habilitação em Português e Literatura do Câmpus de Três Lagoas (CPTL).

6 – Curso Superior de Tecnologia em Gestão Financeira do Câmpus de Nova Andradina (CPNA).

7 – Curso de Turismo Bacharelado do Câmpus de Aquidauana (CPAQ).

8 – Curso Superior de Tecnologia em Eletrotécnica Industrial da Faeng.

9 – Curso de Ciência da Computação – Bacharelado do Câmpus de Ponta Porã (CPPP).

EXCLUSÃO DO CADASTRO DO MEC

10 – Engenharia Mecatrônica do Câmpus de Ponta Porã.

11  – Engenharia Civil e Engenharia Elétrica do Câmpus de Naviraí (CPNV).

12 – Cursos de Graduação em Engenharia Civil do Câmpus de Nova Andradina.

13 – Engenharia de Biossistemas do Campus de Chapadão do Sul (CPCS)



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