Sindicalista ressalta que Brasil vive o aprofundamento do capitalismo


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Jacaré, dirigente da CNB Conlutas, crítica política de apaziguamento de classe no Governo Lula e Dilma – Foto:> Gerson Jara



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Professores e estudantes acompanharam palestra ministrada por sindicalistas – Foto Gerson Jara

Os ajustes a partir dos anos 80 e 90 tornou o Brasil mais capitalista, obedecendo a hierarquia internacional, pois as nações não são iguais, alertou o sindicalista bancário, Antonio Carlos Victório (Jacaré), dirigente da Central Sindical CTB/Conlutas, em palestra ministrada no dia 04 de fevereiro, no anfiteatro do CCHS, promovido pela ADUFMS Sindicato. Na visão do sindicalista, existe uma forma diferenciada de produção de valor, que imposta em escala internacional.
Neste contexto, explicou, o Brasil entrou neste jogo de forma atrasada e subordinada.
Na sua avaliação, outro elemento histórico, na visão dos trabalhadores brasileiro, é que a derrota no campo da esquerda nos anos 90 consolidou um movimento para direita dentro da Central Única dos Trabalhadores.
Neste período, acrescenta, esta concepção sindical se consolidou em todos os espaços, a partir do Sindicato Cidadão, que se ampliou no Brasil. Para ele, a expressão ser cidadão, é característica da democracia burguesa, gerada pela classe dominante. Reconhece, no entanto, que nesta fase, para os trabalhadores, significou alguns aspectos como melhora de vida, com mudanças e alterações na sua situação econômica.
Todavia, em escala internacional, “Infelizmente não foi bem isso que se passou”, esclareceu.
Neste cenário, expicou que o capital avançou e a esquerda diminuiu e apareceu, seguida de sucessivas crises, com quebradeira de países, como o México.
Resgata que que a crise 2001, extremamente importante, na forma em foi feito ajustes no Brasil, ela (a crise) bateu no teto. Com ela, o aprofundamento da exploração da classe trabalhadora.
Nela, o Governo FCH já não dava conta se segurar, com a explosão dos juros. Nesta fase, em escala internacional , acumulou-se todas as contradições do ciclo normal de expansão e contração do capital internacional, explodindo na crise de 2001-2002.
Destaca que foi o ano em que a economia Argentina quebrou, com a queda de três a quatro presidentes, com a crise chegando a Bolívia. “O Brasil, no final do Governo Fernando Henrique quebra, literalmente, com Bill Clinton liberando US$ 50 bilhões no fechar das portas para o País.
Neste cenário, pontuou, emergiu a candidatura Lula, só que sem os movimentos sociais presentes na candidatura de 1989. Conquistou-se a representação, mas sem o movimentos classistas.
Para Jacaré o novo horizonte histórico ficou expresso na Carta aos Brasileiros, de Lula. Nela, resgata, Lula tentava uma aliança com a classe dominante do País e internacional, com o mínimo de reformas, que garantissem uma melhoria, parcial, na base social dos trabalhadores, com o preço sendo a apassivação da classe.
No pacto, salientou, os trabalhadores não poderiam retomar as bandeiras dos períodos anteriores, uma exigência característica, do pós-crise, com a necessidade do aprofundamento da exploração dos trabalhadores no cenário internacional.
No Brasil, comparou, no período do Governo Lula, não poderia ser diferente, marcado com a ampliação dos programas sociais, relativamente baratos.
De Lula para cá, explicou, ficou marcado a combinação de apassivação de classe e ampliação dos interesses do capital internacional no Brasil, com a mudança de vida e condições de trabalho, dos trabalhadores, ainda que com melhorias reais em sua vida.

INFLUÊNCIA DAS OPÇÕES ELEITORAL
Com a opção eleitoral do projeto PT, Lula lá 1989, derrotado, dentro da ordem capitalista.
Predominou a concepção da impossibilidade de vitória em razão da política de aliança, deduz o Sindicalista. Esta visão enfrentava a outra defendida por forças mais a esquerda, que defendia a construção a partir da luta, numa visão classista.
Nos anos subsequentes, houve a predominância da opção eleitoral dentro do PT. Para Jacaré, isto teve consequência do reflexo desta opção na CUT e que resultou na vitória da opção pelo caminho eleitoral.
Com ela, acrescentou, veio a prática de tomada do Estado, da política de cima para baixo, de ampliação das alianças e da crença de que é possível gerar transformações sociais de envergaduras dentro do capitalismo.
Ressaltou que anos 90 foi marcada por movimentos de cima para baixo, a partir destas organizações. Dentro da CUT e do PT predominou o movimento de consternação social, por meio da construção de diálogo com o setor patronal, a partir da construção de um campo de reformas minímas, atendendo aos interesses do capital e dos trabalhadores. Neste contexto, foram instituídas as famosas câmara setoriais que nasceram no campo da região do ABC, a partir dos anos 90.
Para Jacaré esta concepção significou o movimento profundo de transformação da CUT, gerando debates internos a ferro e fogo, dentro da central.
Somou a isso, o movimento do capital, de ajuste da economia brasileira, da integração, seguindo um determinado caminho, com desdobramentos negativos para os trabalhadores e o conjunto dos servidores públicos.
Com a entrada de Collor, em 1988, veio a política de integração ao capital internacional, seguindo a lógica do grande capital. Para Jacaré não se tratava mais de nenhum tipo de projeto nacional, concebido no período de Ditadura Militar. A determinação, então, era se integrar a ordem do capital internacional, como sócio menor, ficando com as sobras.
Este projeto tem início no Governo Collor e se consolida no Governo FHC. Foi uma era de grandes ajustes, com vários setores da economia brasileiro sendo sacrificado, um deles o setor de autopeças, que de referência no País foi tatalmente desmantelado.
Este período foi de inserção da economia brasileira ao capitalismo internacional, com a implementação da política neoliberal, com as privatizações e taxas de lucro de acordo com os seus interesses.
Jacaré lembra que isto aconteceu dentro de cenário permanente de lutas sociais, com a derrota dos movimentos sindical e popular. Um exemplo, foi a privatização da telefonia e da mineração.
Com isso, nos anos, os movimentos dos trabalhadores ficaram extramente recuados, com a esquerda ficando na retaguarda, na defensiva, frente ao aprofundamento do desemprego.
“Nesta lógica o Capital vai para cima e não concede espaço ou concessão, ampliando a exploração sob os trabalhadores”, comenta.

Os contéudos desta palestra estão disponíveis no Youtube

Palestra Antonio Carlos Victório (Jacaré)