Universidade pública deve avançar frente aos novos desafios, aponta pesquisador



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Marco Aurélio e Damião de Farias

(d) – fotos: Gerson Jara/ADUFMS-Sindicato)

O historiador e ex-reitor da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Professor Doutor Damião de Farias, defendeu em palestra realizada no Fórum Permanente de Debate da UFMS, nessa quinta-feira (19-11), que as universidades avancem na geração de novas tecnolog
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ias, aperfeiçoando a relação com o mercado, e, ao mesmo tempo, respondendo aos novos desafios regionais como a violência, a estruturação da rede da economia solidária e corporativa, a pobreza, a transformação do mundo do trabalho e a produção de novos conhecimentos.

A palestra organizada pela

ADUFMS-Sindicato

, Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no Estado de Mato Grosso do Sul (

Sista-MS

) e Diretório Central das e dos Estudantes (

DCE-UFMS

) teve a intenção de fomentar a discussão em torno de um projeto democrático para a UFMS. Na abertura do evento, o diretor financeiro da

ADUFMS-Sindicato

, Professor Doutor Marco Aurélio Stefanes, salientou que as entidades precisam construir alternativas de participação frente ao estilo administrativo embasado em

ad referendum

, que vem esvaziando as instâncias colegiadas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Na explanação, Damião de Farias ressaltou a importância de se preservar as instâncias colegiadas das universidades. Atribuiu as discussões democráticas e consensualizadas no Conselho Universitário da UFGD aos avanços obtidos pela sua administração, o que permitiu a construção de uma concepção democrática de universidade voltada às vocações regionais, à qualidade de ensino pesquisa e extensão, com a implantação de cursos de graduação e de pós-graduação direcionados à agricultura familiar, assentamentos e às comunidades indígenas. “Essa experiência tem aproximado o saber popular com o científico”, revelou.

Damião defendeu também novas formas de financiamento da pesquisa e da extensão, inclusive com aporte privado, por meio de regras transparentes. Reiterou a necessidade da expansão e democratização do acesso ao ensino superior, pois menos de 24% dos jovens brasileiros chegam aos bancos das universidades, percentual inferior até mesmo ao de alguns países da América Latina.

O ex-reitor apontou os avanços no ensino superior brasileiro na última década, alertou para as transformações do mundo do trabalho, com a superação gradual dos empregos formais pela modalidade

freelance

. “Teremos de repensar a universidade, introduzindo novas habilidades, como a de aprender a aprender.” Destacou que a universidade pública tem que ser criativa para fazer frente à expansão do ensino superior pago por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e do Programa Universidade para Todos (Prouni). Otimista, prevê a capacidade de reação da universidade pública frente ao particular e o papel das novas tecnologias na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Na palestra, alguns dirigentes questionaram Damião sobre se o papel da universidade seria orientado pelas demandas do mercado com base em decisões recentes do governo federal e do Congresso Nacional que apontam para privatização e terceirização das universidades, como a cobrança de taxas e mensalidades em especializações e mestrados profissionalizantes e continuidade da DRU (Desvinculação de Receitas da União) que ameaça os percentuais mínimos de orçamento para a saúde e a educação, que necessitam de mais investimentos, bem como a crescente política de financiamento do ensino superior privado em detrimento do público e a precarização das condições de trabalho das universidades.



Assessoria de Imprensa da ADUFMS Sindicato