Mudança na plataforma Lattes preocupa pesquisadores

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou neste domingo (15) que haverá mudanças na plataforma do Currículo Lattes, na qual estão registrados os dados sobre a pesquisa acadêmica no Brasil. De acordo com o órgão, não haverá modificações internas no sistema ou nas bases de dados e a mudança seria por questões de segurança, o que tem sido questionado por pesquisadores.

Os dados do Lattes, do Diretório de Grupos de Pesquisa (DGP) e Plataforma Integrada Carlos Chagas (PICC) agora serão acessados por login via conta Gov.br. O presidente da Adufms, professor Dr. Marco Aurélio Stefanes, afirma que não há indicativo de que a mudança represente melhora. “A nossa principal preocupação é com a falta de transparência de como é esse processo, exatamente. Quando a gente lê na página, simplesmente diz que vai mudar a forma de acesso, mas o importante é saber onde os dados efetivamente estarão colocados – e isso não está claro”.

Stefanes também critica a falta de diálogo por parte do governo, que anunciou a mudança sem qualquer tipo de consulta ou debate prévio. “Quando se faz a verticalização, principalmente num governo negacionista, há a desconfiança de como esses dados serão utilizados. A plataforma Gov.br é pouco intuitiva, pouco auxilia, pelo contrário: é uma estrutura um tanto bagunçada, podemos dizer esta palavra”, diz o professor. “Não há garantia de que vá mudar a funcionalidade e não me parece ser o objetivo”, prossegue.

Outro questionamento levantado por Marco Aurélio é a efetividade da segurança, utilizada como argumento pela administração do CNPq. “A gente acompanhou na mídia um vazamento de informações sensíveis ao próprio governo, então tudo isso são situações preocupantes e a gente não tem informações efetivas sobre o grau de transparência disso, se isso tem um grau de segurança razoável ou não”.

O anúncio das alterações foi recebido com desconfiança por pesquisadores em todo o país, com sobrecarga do sistema devido à quantidade de usuários que optaram por baixar uma cópia dos dados de seus currículos. “A gente está vendo um monte de pessoas, por insegurança, gravando localmente seus dados e sobrecarregando a plataforma, justamente pela falta de transparência”, ressalta o presidente da Adufms.