Metodologia em grupos revela nuances do adoecimento docente na UFMS

O encontro de pesquisa online promovido pela Mestra em Educação pela UFMS, Alcione Ribeiro Dias, ocorreu na última quinta-feira (13). A atividade apresentou dados dos afastamentos por adoecimento de docentes da Universidade, nos anos de 2005 a 2024, e buscou ouvir impressões e reflexões dos participantes sobre fatores que contribuem para esse cenário. Realizada de forma remota, a reunião reuniu professores de diferentes cidades, incluindo filiados da Adufms e a psicóloga Luiza Maria Soares Barros, auxiliar de pesquisa do projeto.

O levantamento e o tratamento dos dados foram iniciados em 2020, durante o mestrado de Alcione, e agora integram a pesquisa de doutorado, sob orientação da professora Sônia da Cunha Urt. O estudo utiliza a metodologia socionômica baseada no psicodrama, aplicada em pequenos grupos, permitindo que os docentes construam coletivamente interpretações sobre os números apresentados. “Quando você reúne grupos e trabalha isso, você ajuda as pessoas a se verem dentro do próprio processo. Os insights do trabalho coletivo geram reflexão e percepção do outro.”, pontua a proponente da dinâmica.

Durante o encontro, Alcione apresentou dados de afastamento, fornecidos pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas da UFMS  (PROGEP), revelando que os problemas mentais e comportamentais representam cerca de 50% dos casos. A partir deles, os docentes foram convidados a discutir suas próprias vivências. Entre os fatores apontados estão pressão laboral, excesso de burocracia e mudanças legislativas que afetam carreira, aposentadoria e remuneração.

A proposta da pesquisa é transformar os dados em ferramenta de reflexão e ação, aproximando a investigação científica da experiência real dos docentes. Nesse sentido, a chamada Terapia do Papel Profissional busca fortalecer percepções individuais e coletivas sobre os desafios da carreira.

Alcione ressaltou que os próximos passos incluem lives, publicações, novas dinâmicas em grupo e ações de extensão, sempre focadas na interação com os professores. “Nossa pretensão é continuar no corpo a corpo, criando forças coletivas para enfrentar fatores mais amplos e questionar o sistema político, econômico e social”, ressaltou. 

Avaliado como muito proveitoso, o encontro reforçou a importância de escutar os professores e construir, com eles, interpretações e caminhos para enfrentar o adoecimento no ambiente universitário.