Pressão da ADUFMS obriga instituição de políticas de assistência e permanência de estudantes na UFMS nesta pandemia

27-06-2020


"Nossa posição é de preservar vidas, diante de um governo protofascista que adota postura negacionista da cultura e do conhecimento" 


 O PRESIDENTE da ADUFMS Seção Sindical do ANDES Sindicato Nacional, Marco Aurélio Stefanes (imagem embaixo à esquerda), na live  "Pandemia, Aulas Remotas e os Desafios da Universidade Pública", realizada na última sexta-feira 26 de junho, pela ADUEMS (seção sindical de docentes da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul ), destacou que a pressão do movimento sindical docente da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul foi fundamental para corrigir deficiências no planejamento instituído neste período de pandemia por parte da atual gestão dessa instituição pública superior, a UFMS.

Segundo o sindicalista, o papel da ADUFMS Seção Sindical na cobrança de ações de prevenção a trabalhadora(e)s terceirizada(o)s e de adoção de políticas de permanência visando a sobrevivência de aluna(o)s vulnerabilidade financeira matriculada(o)s na UFMS foi necessário. 

O docente lembrou que pedidos sobre o fortalecimento de políticas de assistência estudantil foram formulados à reitoria da UFMS em março. 

Todavia, a adoção de medidas como auxílios- alimentação e inclusão digital aconteceu de forma tardia, com os recursos de R$ 3 milhões liberados somente em junho, o que levou diversos estudantes se virar sozinha(o)s para acompanhar o semestre letivo.

Para Stefanes, a atual gestão da UFMS tem aderido ideologicamente ao sistema adotado pelo Ministério da Educação (MEC). Há a instituição da política do medo, da pressão e de intimidação de docentes e discentes. As práticas se fazem presentes por ameaças como obrigar as/os docentes a assinar termo de responsabilidade para o oferecimento de aulas remotas, sem a devida regulamentação pelos conselhos superiores da Universidade e o oferecimento de metodologia remota, sem treinamento, o que altera a rotina de trabalho e familiar da categoria.

A forma de imposição do trabalho remoto para o/a professor/a assusta principalmente os/as novos/as ingressantes na carreira e/ou de coordenações de cursos, obrigados/as a responder por procedimentos para os quais não foram preparados/as, pois só o oferecimento de curso online de tecnologias da informação e comunicação (TICs) não foi suficiente para preencher as demandas e desafios pedagógicos que surgiram no período de pandemia.

No caso das/os acadêmicas/os, a pressão aconteceu por ameaças de cortes de bolsas, caso não houvesse a adesão às aulas remotas. Também a possibilidade de se trancarem matrículas sem a perda do semestre, opção que aumenta a exclusão social e a evasão. 

O sindicalista Lembrou que mais de 70% das/os aluna(o)s matriculada(o)s na UFMS são oriunda(o)s de famílias com renda inferior a 1,5 salário mínimo e que questionários aplicados e respondidos durante a efetivação do calendário da pandemia deveria primeiramente levar em consideração esse indicador.

De acordo com o dirigente sindical, houve dificuldades pessoais para efetivação de aulas de laboratório em disciplinas que requerem 70% de atividades práticas. Situação semelhante ocorre em relação aos estágios e projetos de extensão, em que estudantes sequer dispõem de meio de locomoção e de comunicação. 

As novas situações pedagógicas, explicou Marco Aurélio, vão incidir na queda da qualidade de ensino oferecido pela UFMS, visto que não ocorreu o diálogo necessário com a comunidade universitária no processo de normatização, como portarias e resoluções aprovados nos conselhos superiores após três meses de funcionamento e depois de cobranças insistentes da Seção Sindical e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e dos Institutos Federais de Ensino, no Estado de Mato Grosso do Sul, (Sista-MS).

Além da perda da qualidade da educação, Stefanes reclamou que as aulas remotas e depois batizadas de atividades programadas, foram ofertadas de forma improvisada, não levaram em consideração o perfil e a realidade da comunidade universitária, agravada pelo desrespeito à democracia interna vilipendiada por resoluções e portarias por ad referendum. 

Houve ainda a tentativa de deslegitimar decisões de uma plenária online dos docentes com mais de 150 participantes, em que se continha reclamações dos equívocos adotados em relação à modalidade de aulas programadas.

O dirigente reafirmou a necessidade de organização docente para enfrentar a política de desmonte da universidade pública pelo atual governo federal contida no Future-se:   cortes de verbas da Capes para os cursos de pós-graduação, priorização do oferecimento de curso online com 30% da carga presencial substituída por ensino a distância. 

Essa situação se contrasta com a redução de gastos na educação, enquanto acontece a liberação de R$ 1,3 trilhão de ajuda aos bancos, num país que possui a sétima pior renda do mundo. “Nossa posição é de preservar vidas, diante de um governo protofascista que adota postura negacionista da cultura e do conhecimento. Governo com alto grau de ignorância e que emite opinião sem conhecimento, contrário às bases científicas, suicida e que atua para enriquecer alguns e manter o projeto de poder.”, reclamou.

Não acompanhou a live?  Bis em Pandemia, Aulas Remotas e os Desafios da Universidade Pública.

Assessoria de Imprensa da ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional