Oportuno para o 15 de outubro, Dia do/a Professor/a, e para outros dias mais, discurso do sociólogo Fernando Henrique Cardoso (professor emérito da Universidade de São Paulo – USP), feito há quase 13 anos, quando era presidente da República, subsidia reflexão sobre a maneira descompromissada com que o ex-dirigente máximo do país via (ou ainda vê
?!
) o magistério, principalmente docentes do ensino universitário. A fala do então chefe de Estado e de governo do Brasil foi repercutida na matéria abaixo, publicada no jornal Folha de S. Paulo no dia 27/11/2001.
Para FHC, professor é ‘coitado’ que não conseguiu ser pesquisador
da
Folha Online
, em Brasília
da
Folha de S.Paulo
, em Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso cometeu hoje uma gafe com os professores durante a cerimônia de entrega do prêmio nacional do Finep de inovação tecnológica.
Ao relatar sua experiência como professor no Instituto de Estudos Avançados de Princeton (EUA), FHC afirmou que os pesquisadores e bolsistas da universidade que não conseguiam produzir viravam professores.
“Se a pessoa não consegue produzir, coitado, vai ser professor. Então fica a angústia: se ele vai ter um nome na praça ou se ele vai dar aula a vida inteira e repetir o que os outros fazem”, afirmou o presidente.
Ao encerrar discurso na cerimônia de entrega do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, FHC afirmou: “Lá (o instituto de Princeton) é um lugar de pessoas selecionadas nos Estados Unidos, de jovens PhD, os mais brilhantes _eu não era, porque eu já era professor, eu não sou brilhante, mas estava lá”.
Depois de afirmar que os que não conseguem produzir vão dar aula, FHC continuou: “Aí me ensinaram uma coisa que me deixou muito atormentado a vida toda: eles [do instituto] pegam os mais jovens, porque, para poder ter capacidade de inovação, para ter criatividade, pelo menos em física teórica e matemática, tem de ser muito jovem”.
Segundo o presidente, os mais velhos sabem muito, “e quem sabe muito não cria, fica com medo de criar, porque ‘fulano fez isso, beltrano fez aquilo, se eu disser isso vão dizer que é ridículo’”.
Para FHC, 70, o que o salva é que pertence à área de ciências humanas. “Quem sabe [nessa área] a gente possa criar até certa idade, mas depois dos 70 não tem jeito.”