A ADUFMS vem a público repudiar com veemência as falas mentirosas do deputado federal Luiz Ovando (PP-MS) no programa Bom Dia MS, da TV Morena (filiada à Rede Globo), nesta quarta-feira (25 de janeiro). O parlamentar bolsonarista afirmou que os yanomami que aparecem em imagens divulgadas na imprensa, com nível avançado de desnutrição e intoxicação, deveriam ter sua origem investigada e não seriam brasileiros.
Segundo Ovando, o governo de Jair Bolsonaro “não deixou a desejar” em relação à saúde indígena e, portanto, os indígenas nas fotos e vídeos só poderiam ser estrangeiros. O deputado falta com a verdade para defender um político que já afirmou, ainda em pré-campanha para sua primeira candidatura a presidente, que não haveria “um centímetro de terra” para demarcações; que defende o garimpo em terras indígenas; e que anteriormente, enquanto deputado federal, chegou a elogiar o extermínio de indígenas nos Estados Unidos, o que para ele “resolveu um problema”.
De acordo com Junior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami, olsonaro ignorou mais de 60 pedidos formais de ajuda nas terras yanomami. “Pedimos que ele visitasse a Terra Yanomami para ver a realidade. Ele simplesmente não atendeu as lideranças”, disse ao G1 o líder indígena. Ele também conta que o então governo deixou 120 comunidades sem qualquer auxílio durante quatro anos.
Os yanomami, além da desnutrição, sofrem com água contaminada, malária e ameaças de morte devido ao garimpo ilegal. Junior Hekurari afirma que Bolsonaro, além de não assisti-los, reuniu-se com os garimpeiros. “Ele foi visitar área de garimpo e conversou com garimpeiros. Ficamos chateados com isso e denunciamos”, afirmou.
Além disso, durante a pandemia de Covid-19, o extinto Ministério da Família, da Mulher e dos Direitos Humanos, chefiado por Damares Alves, emitiu nota técnica pedindo que Bolsonaro negasse a ampliação de leitos de UTI, distribuição de ventiladores pulmonares, materiais de higiene e até água potável para áreas indígenas, incluindo a dos yanomami. Por este motivo, o PSOL e a APIB acionaram o MPF contra Bolsonaro, Damares e Marcelo Xavier da Silva (ex-presidente da Funai) por genocídio.
Em relação à verba para a saúde indígena, Bolsonaro destinou 872 milhões de reais para a ONG evangélica Missão Caiuá. O Portal da Transparência indica que foram utilizados 59 milhões de reais para auxiliar os yanomami. No entanto, diante das imagens divulgadas e dos dados alarmantes – como o de que a mortalidade infantil por motivos evitáveis cresceu 29% nos últimos quatro anos –, conclui-se que a verba foi utilizada para outros fins, o que levanta indícios graves sobre corrupção.
A ADUFMS se solidariza com os yanomami e demais povos indígenas do Brasil, que vivem em condições precarizadas e sofrem com o descaso, quando não com a ação deliberada de setores do próprio poder público contra sua existência. Exigimos a apuração rápida a respeito dos recursos para a saúde indígena e a negligência no socorro às comunidades, bem como a ação do Judiciário e dos parlamentares de Mato Grosso do Sul a respeito da desinformação espalhada por um deputado federal.