Ocorreu na última sexta-feira (31 de março) o ato de entrega das chaves da sede da Adufms no Campus Pantanal (CPan) para a administração da UFMS. A transferência aconteceu após a Justiça dar ganho de causa à universidade, no pedido de reintegração de posse realizado ainda durante as férias – mesmo 12 anos antes do prazo mínimo estabelecido para uso do espaço, que era de 30 anos, sujeitos a renovações, contados a partir de 2005.
Docentes filiadas/os à Adufms se encontraram com o diretor substituto do CPan, professor Dr. Fernando Thiago – que ocupa o cargo na ausência do titular, professor Dr. Aguinaldo Silva –, para a entrega das chaves. Na ocasião, explicaram que a decisão não respeitou o acordo firmado entre a seção sindical e a universidade, na Resolução 57/2005. Aos presentes, Fernando Thiago afirmou que o local não será utilizado pelo Sebrae, ao contrário do que havia sido divulgado por representantes da gestão da UFMS anteriormente.
Estiveram presentes o diretor da Adufms Pantanal, professor Dr. Ronny Machado de Moraes; a vice-presidenta da Adufms, professora Dra. Mariuza Guimarães; professor Dr. Waldson Luciano Corrêa Diniz, representante sindical da Adufms Pantanal; estudantes; representantes partidários; representantes do movimento em defesa da Educação do Campo e dos trabalhadores do campo de Corumbá; além de lideranças de entidades sindicais como o Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação (Simted Corumbá) e o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público (Sintsep).
Ronny relembra o caso de Aquidauana, onde a Reitoria também acionou a Justiça para desalojar a Adufms. “O que se verifica é uma tentativa de esvaziamento dos espaços de participação e organização dos docentes, como foi o caso da reintegração de posse que ocorreu em Aquidauana e Corumbá”. O professor pontua que, apesar das derrotas em ambos os casos, o sindicato permanece na luta. “Perdemos no espaço, mas continuaremos no firme propósito de lutar por melhores condições de trabalho, remuneração e participação nas decisões, no que tange ao ensino, pesquisa e a extensão na UFMS”.
Mariuza Guimarães aponta que o uso dos campi universitários por sindicatos é algo corriqueiro no Brasil. “Em todas as universidades federais por onde tenho andado, a sede do sindicato está dentro da universidade. Alguns pagam aluguel, fazem contratos de cedência, enfim, encontram estratégias para manter o sindicato perto do docente. Só na UFMS temos essa aberração que é o despejo, por via judicial”.
A vice-presidenta também afirma que, apesar do ocorrido, o sindicato segue suas ações de luta. “Eles decidem e não querem saber se quem construiu foi o sindicato com a contribuição dos filiados e filiadas. Só posso dizer que lamento e que vamos continuar lutando pelo patrimônio do sindicato, que foi construído pelos docentes, tanto em Aquidauana quanto em Corumbá”, conclui.
A professora Simone Yara Benites, dirigente do Simted Corumbá, esteve presente e ressalta a arbitrariedade da decisão judicial. “Presenciamos um triste ato arbitrário do judiciário burguês. A entrega das chaves, por decisão judicial de reintegração de posse, da sede da Adufms. Estávamos presentes em solidariedade”, pontua.
Aquidauana
No Campus Aquidauana (CPAq), em 2019, houve processo semelhante ao ocorrido em Corumbá. Na ocasião, a Adufms ajuizou reintegração de posse da sede da Adufms para a construção do Restaurante Universitário (RU). A instalação de um RU em Aquidauana era uma das promessas de campanha da atual gestão da universidade. No entanto, não havia sido informado de que forma e em que local o restaurante funcionaria. Sem consulta prévia, a administração da UFMS decidiu, à época, que o RU funcionaria no espaço que até então era utilizado como sede da Adufms.
Em reportagem publicada em fevereiro, o professor Dr. Marco Aurélio Stefanes, presidente da Adufms, afirmou que, por parte do sindicato, sempre houve tentativas de diálogo. “Fizemos tratativas para a manutenção de nossa sede na unidade de Aquidauana, e, durante a negociação, nos deparamos com o processo judicial encaminhado pela administração da Universidade”.
Além da utilização de um espaço construído pelo sindicato com recursos dos/as docentes, o RU não contempla toda a comunidade acadêmica. O valor de 3 reais nas refeições inclui apenas estudantes cuja renda per capita é de até um salário mínimo e meio, critério que exclui centenas de acadêmicos/as sem condições de arcar com o valor de 15 reais a cada refeição, o que na época representou um aumento de 233% também denunciado pela Adufms, em reportagem de 2022.
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Texto e fotos: Norberto Liberator (Assess. de Comunicação)