A Adufms expressa sua mais profunda solidariedade ao povo Guarani-Kaiowá diante da violência de milícias e de forças policiais, que culminaram no trágico assassinato de Neri Ramos, jovem indígena morto a tiros no município de Antônio João (MS). Condenamos veementemente a violência de jagunços e a repressão policial que se abateram sobre a comunidade da Terra Indígena Nhanderu Marangatu.
É alarmante que a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul faça a acusação de troca de tiros, enquanto as lideranças indígenas afirmam que Neri Ramos estava desarmado. Os relatos de adulteração da cena do crime, a remoção do corpo antes da perícia e o histórico de violência contra indígenas da região exigem uma investigação rigorosa.
A Terra Indígena Nhanderu Marangatu, homologada em 2005, mas com sua demarcação suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no mesmo ano, continua sendo palco de intensos conflitos, fruto da luta dos Guarani-Kaiowá pela recuperação de seus territórios ancestrais. A última retomada, ocorrida em 12 de setembro, é parte deste movimento legítimo de resistência e reivindicação de direitos.
No entanto, a resposta tem sido a violência e repressão, como demonstram os ataques recentes que feriram indígenas e culminaram na morte de Neri. O direito à terra é fundamental para a preservação da identidade, cultura e sobrevivência dos povos originários.
Exigimos que os responsáveis por este crime sejam investigados e punidos, e que os direitos dos Guarani-Kaiowá à sua terra sejam finalmente garantidos, conforme os tratados e a Constituição Brasileira. Reiteramos a solidariedade para com a dor e a luta dessa comunidade, e nos somamos às vozes que clamam por justiça e respeito aos direitos indígenas no Brasil.