Adufms se solidariza com caso Emy Santos após publicação transfóbica de Nikolas Ferreira

Em tempos de extrema violência contra as mulheres, a comunidade LGBTQIAP+, negros e negras, povos originários, insuflada por uma pauta moral que beira a hipocrisia,  temos como política sindical a luta em defesa destes grupos historicamente excluídos, inclusive, de viver com dignidade humana, seja defendendo cotas e políticas de inclusão específicas, seja com a manifestação de nossa solidariedade. 

Nesta lógica não podemos deixar de nos solidarizar com a PROFA. Emy Mateus dos Santos, que além de ter sido vítima de falas transfóbicos por um deputado estadual na Assembleia Legislativa, no último dia 12, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) fez uma postagem em seu stories na rede social Instagram com um tom de denúncia após a professora da Rede Municipal de Ensino (REME), Emy Mateus dos Santos, que se identifica como travesti, ter participado de uma dinâmica da escola, onde os professores e professoras se fantasiaram para entreter os alunos no primeiro dia do ano letivo, ela se vestiu de “Barbie”.

Na postagem, Nikolas teria escrito: “Porque [sic] nunca em asilos? Ou para doentes? Ou sem teto? Porque é sempre para crianças?”. Desde então, a professora tem sido alvo de diversos ataques transfóbicos de toda parte do país, mesmo porque, os grandes jornais noticiaram o acontecimento, a priori, sem especificar que a atividade incluia todos os professores.

Todos os ataques direcionados a ela são no sentido de que supostamente haveria uma certa conotação sexual na confraternização com os alunos. 

A professora, revelou nesta terça-feira (25) que teve que se afastar da escola municipal onde atua. Segundo sua entrevista ao site The Intercept, Emy enxerga muito perigo em voltar a exercer sua função no momento, “com as ameaças e o momento político delicado que vivemos, nunca se sabe. Pode aparecer um pai armado, um pai que “quer proteger sua filha” e tentar me agredir. Além disso, meu psicológico ficou muito abalado. Cheguei a ir um dia, mas ficava com medo de estar perto dos pais. Então, busquei acompanhamento profissional para lidar com isso”. 

  A Adufms se solidariza com a professora e com todas as outras professoras trans e travestis que compõem o corpo docente de qualquer rede de ensino. Ataques transfóbicos são inaceitáveis em qualquer ambiente e em qualquer situação. Atitudes como a do parlamentar só reforçam que a luta pelos direitos da comunidade LGBTQIAPN+ merecem sim, toda a devida atenção e serenidade, ainda mais no período de incentivo a tais atos discriminatórios que passamos, tanto em ambiente nacional, quanto mundial.