⇒ “CAMINHANTE,
não há caminho/, se faz o caminho ao andar.” Os versos do poeta espanhol Antonio Machado (1875-1939) metaforizam com propriedade as veredas que os movimentos de estudantes, docentes e técnicas/os administrativas/os vêm construindo na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) contra o programa Future-se ou Fatura-$e ou Atrase-$e. Fez parte dessa agenda de luta a Ocupação Ágatha Félix na Cidade Universitária da UFMS Campo Grande, Setor 1, Bloco 6, Complexo de Salas Multiúso 2, liderada por acadêmicas e acadêmicos. “Defender a educação pública e gratuita com unhas e dentes!”, expressaram em faixa colocada em frente a uma das entradas do complexo.
Um dos/as acupantes acredita que a UFMS será transformada em projeto-piloto do Future-se. O eixo central da preocupação da comunidade universitária da UFMS e de outras instituições federais de ensino superior (Ifes) é de que no programa proposto pelo Ministério da Educação (MEC) esteja embutida, de forma não-clara, a privatização.
Durante plenária realizada na sexta-feira 27, as/os alunas/os decidiram desocupar o Multiúso 2, conhecido como Shopping. Ocorrida na terça-feira 24, a ocupação terminou neste sábado 28, com as/os manifestantes deixando o espaço como encontraram: arrumado e sem qualquer dano às instalações e ao mobiliário. Nesse período não faltaram retaliações da administração central da UFMS, que ordenou corte no fornecimento de energia para o local, complementando depois com a interrupção do abastecimento de água. Tudo isso em um espaço público. “Nós estamos vivendo um momento difícil de convivência democrática”, conceituou o advogado Yves Drosghic sobre a posição da reitoria. Juridicamente, Drosghic defendeu a discência dos ataques retóricos e práticos perpetrados pela administração central.
Não bastasse a atitude autoritária de cortar luz e água, o que fere os direitos humanos, o reitor Marcelo Augusto Santos Turine se recusou a conversar com as/os alunas/os. Mais! Há informações em
off
de que Turine teria ficado muito irritado com o movimento encabeçado pelas estudantes e pelos estudantes.
Negociar, dialogar, ouvir reivindicação das/os manifestantes?! Isso não! Mas a direção central da universidade foi rápida em sua posição contra as/os estudantes. Já no início da ocupação emitiu uma notificação extrajudicial exigindo a desocupação.
Integrantes do serviço terceirizado de segurança da UFMS receberam ordens de não deixar que a imprensa registrasse a ocupação. A cobertura jornalística na área da ocupação foi liberada depois que houve reclamações de práticas de censura.
No final da manhã deste sábado 28, uma oficial de justiça do Poder Judiciário Federal foi à Cidade Universitária entregar o mandado de reintegração de posse às/aos acadêmicas/os. A ordem foi expedida pelo juiz federal Renato Toniasso. A professora da UFMS, Mariuza Aparecida Camillo Guimarães, integrante do Núcleo de Comunicação da
ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional
, e a coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e dos Institutos Federais de Ensino, no Estado de Mato Grosso do Sul (
Sista-MS
), Cleodete Candida Gomes, se solidarizaram com as/os estudantes. As sindicalistas acompanharam a desocupação no intuito de assegurar que não houvesse repressão às/aos manifestantes.
A reunião do Conselho Universitário (Coun) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul que discutiria o Future-se foi adiada de 27 para 31 de outubro. Integrantes da comunidade universitária permanecem mobilizadas/os. Afinal, o “Future-se é a fatura da educação pública”.
Assessoria de Imprensa da ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional