Colegiado da Leducampo aprova suspensão de calendário acadêmico


Estudantes da UFMS que moram em cidades com campi da Instituição apontam dificuldade de acompanhar atividades em razão das limitações tecnológicas


Integrantes da Leducampo – Foto: arquivo

A(O)S ALUNA(O)S sem acesso à tecnologia digital ou com acesso restrito são uma das preocupações da direção da ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional nas discussões em torno das reivindicações de docentes sobre a possibilidade de suspensão das aulas, mesmo as remotas. Entre os diversos grupos das redes sociais, já que é quase certa, a exclusão vai comprometer a qualidade da educação ofertada neste primeiro semestre na UFMS. 

A questão foi apresentada no dia 6 de abril em reunião do Grupo de Trabalho de Pessoal e Ensino com o Comitê Operativo de Emergência (COE).

Em vídeo, o presidente da entidade sindical, Marco Aurélio Stefanes, fez análise das medidas aditadas pelo COE-UFMS em relação à pandemia do novo coronavírus. A ADUFMS Seção Sindical cobra que o assunto seja discutido nas instâncias colegiadas superiores: conselhos Universitário (Coun) e Diretor (CD).


A Leducampo-UFMS conta com três comunidades de alternância que servem de referência para os trabalhos e requer viagem da(o)s estudantes uma vez por mês. “Sem essas viagens o curso é inviável. Em razão da exclusão e da impossibilidade da aula de campo, o colegiado se reuniu e deliberou pela suspensão do calendário acadêmico”, explicou o professor e coordenador do curso, Lourival dos Santos.


De acordo com o presidente da entidade representativa de docentes da UFMS, Marco Aurélio Stefanes, a exclusão digital é uma realidade na UFMS e deve ser levada em consideração.

O dirigente sindical acrescenta que o arquivo com a tabulação de acesso de estudantes de Licenciatura do Campo (Leducampo)  às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) aponta que metade das/os matriculadas/os não tem computador em casa, 1/3 tem internet precária e a maioria só acessa a internet via pacotes de celulares pré-pagos, o que possibilita contatos pelo aplicativo WhatsApp. 

Essa situação dificulta o acesso por videoaulas e até mesmo baixar arquivos semanalmente, procedimento quase impossível de se efetivar.

O quadro de exclusão se agrava entre a(o)s caloura(o)s da Leducampo. Já as turmas de veterana(o)s têm menos da metade de estudantes matriculada(o)s. 

A situação se acentua frente às restrições orçamentárias, que vêm alterando a metodologia adotada no curso. “A exclusão digital faz com que muitos desistam, porque a classe média que dirige as universidades pensa que internet é igual água na torneira. Muitos nem têm água ou mesmo torneiras”, comenta Stefanes.

Lourival dos Santos confirma que o curso tem duas turmas em andamento. Em razão de decisão da administração da UFMS, não houve ingresso de novas turmas de 2016 a 2018. O docente exemplifica que há poucos remanescentes da turma de 2015, devendo algumas disciplinas. A turma de 2019 tem 12 alunos frequentando o curso, entre 28 matriculadas/os inicialmente.

Para Lourival, a graduação é a mais adaptada às atividades a distância. A turma de 2020 que acabou de entrar como alunas/os do edital de vagas remanescentes não teve nenhum contato pessoal com professoras/es no primeiro semestre, pois o Tempo Universidade (TU) de março foi cancelado e também não haverá em abril (ao menos).

Diversas/os acadêmicas/os da UFMS que moram em cidades com câmpus da UFMS vêm publicando em grupo do Facebook e no WhatsApp as dificuldades de acompanhar as atividades em razão das limitações tecnológicas digitais. 


 Assessoria de Imprensa da ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional