CONFIRA: Em LIVE, debatedores discutem criação de fundos patrimoniais, “empreendedorismo” e mudanças no estatuto da UFMS

Nesta quinta-feira, dia 22, a ADUFMS realizou um debate com a participação da Profa. Dra.  Rivânia Moura, presidente do ANDES-SN, o Prof. Dr. Nelson Cardoso Amaral (UFG) e a estudante Caroline de Carvalho, do curso de Artes Visuais da UFMS (representando o corpo estudantil), com o objetivo de ampliar a discussão sobre as graves propostas de mudanças no estatuto da UFMS, apresentadas pela reitoria no dia 1° de abril. 

Confira aqui o vídeo, da transmissão realizada ao vivo pelos canais do You Tube e Facebook da ADUFMS.

 O debate contou com a participação ativa da audiência e uma intensa repercussão no chat a respeito da alta qualidade da discussão e alto nível das explanações dos debatedores.

Na abertura, o Prof. Marco Aurélio Stefanes, mediador do debate, chamou a atenção para as propostas de mudanças do Estatuto (CONFIRA IMAGEM AO FIM DA MATÉRIA), e como tais alterações podem trazer consequências que ferem a autonomia universitária e a própria existência da universidade pública como conhecemos. 

Confira a seguir alguns destaques do encontro:

A Profa. Rivânia Moura chamou atenção para a inclusão dos termos “empreendedorismo e inovação” como atividade-fim da universidade, desrespeitando o tripé fundamental do ensino/pesquisa e extensão. “Na realidade, com essas propostas de alterações no estatuto da UFMS, estamos revendo o mesmo movimento do governo federal apresentado anteriormente pelo projeto “Future-se”, ao qual resistimos. Essa proposta de captação de recursos pelos fundos patrimoniais de origem privada é o que podemos chamar de privatização não-clássica. Ou seja, ao invés da empresa estatal ser vendida, às claras, a privatização vai sendo realizada de forma mais sutil por dentro da própria instituição, às vezes sem o próprio conhecimento de parte da comunidade acadêmica”, advertiu. 

O Prof. Nelson Cardoso demonstrou como tais propostas fazem parte de um plano macro do governo Bolsonaro para desconstruir as conquistas relacionadas ao bem-estar social, retroativas há 30 anos, chegando até a Constituição Federal de 1988. Demonstrou por meio de documentos, gráficos e estatísticas como desde 2016, já vem sendo implementadas medidas e “reformas” que enfraquecem o serviço público, as agências relacionadas ao fomento científico, e aplicadas ações que deterioram as instituições de ensino federais. 

Cardoso demonstrou como o investimento na área da ciência e tecnologia diminuiu ano a ano na ordem da casa de bilhões, precarizando as universidades e preparando o caminho para as propostas de captação de recursos pelos fundos patrimoniais e pelo investimento privado (“empreendedorismo”). 

Para ele, esse plano de governo tem como objetivo final a prevalência do capital sobre a universidade, de tal forma que o lucro e os interesses do mercado prevaleçam na orientação da pesquisa e extensão científica e o ensino seja prejudicado de tal forma que acabe-se por cobrar mensalidades.“Assim, o governo chegaria no objetivo final que é o esfacelamento da constituição de 1988 que rege o funcionamento das universidades federais e da nossa educação pública”, alerta. E completa: “Para o bem da educação, nós realmente precisamos que em 2022 haja uma mudança e que o grupo que está no poder seja substituído. Só assim teremos outras perspectivas para a educação”.

A estudante Caroline de Carvalho observou que uma amostra do “empreendedorismo” já vem sendo implementada na UFMS por meio das agências juniors e como a priorização de tais ações muitas vezes sobrepõe até mesmo os interesses pedagógicos. “Nas artes visuais nós temos uma agência junior e muitas vezes temos que transformar nosso conhecimento em produto, como por exemplo, decoração, sendo que não é o que estamos estudando para fazer, já que nosso curso é de licenciatura, estamos estudando para ser professores”, relata. 

Para Caroline, assim como para os demais debatedores esse é um dos maiores perigos do capital privado controlar os investimentos sobre a pesquisa e a própria universidade. “Sabemos que os cursos da área de ciências humanas por exemplo serão os mais prejudicados, pois o investidor vai sempre estar interessado em resolver o problema dele, que é pontual e, especialmente em nosso estado, geralmente relacionado a outras áreas do conhecimento”, observa.

Assista aqui ao debate e deixe seu comentário!  https://www.youtube.com/watch?v=QW2heNk3NaE

É hora de nos mobilizarmos para que essas alterações não sejam aprovadas em nossa universidade!!