Nota de repúdio ao presidente do TJ-MS por fala que faz coro ao negacionismo

O Desembargador Carlos Eduardo Contar tentou desqualificar o combate à pandemia, chamou de levianas as críticas à cloroquina, remédio que defendeu e que não tem comprovação científica no combate ao coronavírus

O Fórum Estadual Vacina Para Todos, que reúne mais de 40 entidades, vem a público repudiar as declarações do novo presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), Carlos Eduardo Contar, acerca da pandemia do novo coronavírus. Durante o seu discurso de posse, o desembargador condenou as medidas de isolamento social, atacou a imprensa e defendeu o uso de medicamentos que comprovadamente não possuem eficácia no tratamento da Covid-19. Isso tudo em um evento que reuniu 300 pessoas no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, na Capital.

Segundo o presidente da ADUFMS (Associação dos Docentes da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul): "É extremamente preocupante que o presidente do TJ-MS, falando pela entidade, professe um discurso negacionista e anticientífico. Para Stefanes, em um momento em que a sociedade deve se unir no combate à COVID-19, é de se esperar que aqueles que ocupam cargos públicos, especialmente de direção, tenham responsabilidade e discernimento ao falar à população.

Durante o evento no Centro de Convenções, Carlos Eduardo Contar criticou indignado a cobertura jornalística sobre a doença, cujo número de casos no Brasil já ultrapassa a espantosa marca de 8 milhões, bem como as recomendações das autoridades de saúde para o período, se referindo a elas como um “louvor ao morticínio”. Ao defender a volta ao trabalho presencial, o desembargador declarou aos presentes que “deixemos de viver conduzidos como rebanho para o matadouro daqueles que veneram a morte, que propagandeiam o quanto pior melhor”.

Além disso, Contar chamou de inadmissível o “combate leviano e indiscriminado a medicamentos que, se não curam, podem ajudar na prevenção ou diminuição do contágio”, referindo-se ao polêmico tratamento precoce defendido reiteradamente pelo presidente da república. Na verdade, há evidências sólidas através de estudos científicos de que tais medicações não são eficazes nem no tratamento nem na prevenção da doença, e podem causar efeitos colaterais graves. Portanto, a propagação desmesurada deste tipo de tratamento é extremamente perigosa e pode culminar em automedicação e danos à saúde.

Com essa postura, o novo presidente do TJ-MS tenta desqualificar o combate à pandemia e minimizar a tragédia que o País vive. Na verdade, a fala de Contar faz coro à onda negacionista e obscurantista, que parte do governo federal e seus seguidores, no momento em que a sociedade brasileira se enche de esperança, com a chegada da vacina.

“É lamentável que uma declaração dessa parta de um representante do Judiciário, de quem se espera bom senso. De uma autoridade que deveria dar o exemplo, e se solidarizar ao sofrimento da população, apoiando as medidas de combate à doença. Vivemos tempos sombrios, mas vamos continuar na luta em favor da vacina para todos, e das medidas para conter a disseminação da Covid”, ressaltou Walter Gonçalves Filho, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS), uma das entidades integrantes do Fórum Vacina Para Todos.

*Quem somos*

O Fórum Estadual Vacina Para Todos reúne 49 entidades de Mato Grosso do Sul – sindicatos, centrais sindicais, associações, conselhos, movimentos sociais e partidos políticos – empenhados na luta pela vacinação ampla, imediata e irrestrita contra a Covid-19 através do Sistema Único de Saúde (SUS). O manifesto oficial do Fórum pode ser conferido no link: http://bit.ly/3iwcuxl.

A ADUFMS faz parte desta iniciativa e compõe o Fórum Estadual Vacina Para Todos.