Foram 400 pró-reitores de pós-graduação e pesquisa de 248 universidades brasileiras que emitiram uma nota de repúdio a uma apresentação do governo federal que foi distribuída para deputados federais e senadores condenando as pesquisas brasileiras. A reunião aconteceu no início deste mês de novembro, durante durante a reunião dos pró-reitores de pesquisa a pós-graduação, realizado no Rio de Janeiro.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o material se refere a bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na área de humanidades e mostra “bolsistas que pesquisam questões de gênero e ditaduras militares latino-americanas”.
A nota é assinada pelo Encontro Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação.
Ampla rejeição
Elaborada pelo Ministério da Educação (MEC), ao qual está vinculada a Capes, a proposta de junção das duas agências é amplamente rejeitada por lideranças na comunidade científica e é criticada também pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), ao qual está subordinado o CNPq.
Confira a nota dos pró-reitores
Segundo noticiado pelo jornal O Estado de São Paulo há alguns dias, um dossiê sobre as atividades de bolsistas de produtividade do CNPq especializados em temas como relações de gênero e ditaduras militares tem circulado no Congresso Nacional, a fim de angariar apoio para a proposta de fusão daquela agência com a CAPES.
O dossiê contém fotos dos referidos pesquisadores e prints de redes sociais que documentam sua participação em eventos acadêmicos.
O manifesta seu repúdio a esse tipo de procedimento, que viola o princípio constitucional da livre expressão da atividade intelectual.
A tentativa de desqualificar trabalhos científicos cuja qualidade e relevância foi reconhecida em processos de avaliação rigorosos e competitivos afronta a comunidade acadêmica brasileira como um todo.
Além disso, a exposição pessoal indevida atenta contra a própria segurança dos colegas submetidos a essa tentativa grotesca de intimidação.
Que expedientes como esses sejam utilizados no intento de defender uma proposta de reorganização institucional que viria a ter impacto profundo e negativo no sistema nacional de pesquisa, pós-graduação e inovação, só comprova que os seus promotores desconhecem os princípios mais elementares da ética científica
Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2019
Encontro Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação.
Fonte: GGN