A roda de conversa “O projeto neoliberal e o fim da universidade pública” , organizada pelo grupo
Práxis UFMS
contou com a palestra do professora Wladimir Tadeu Baptista Soares, professor do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Na roda ministrada na segunda-feira (19-03) no auditório do Laboratório de Análise Clínica (LAC) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Cidade Universitária Campo Grande, com apoio da
ADUFMS-Sindicato
e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e dos Institutos Federais de Ensino , no Estado de Mato Grosso do Sul (
Sista-MS
), o pesquisador e advogado denunciou que a principal meta do Banco Mundial é a privatização da educação e da saúde brasileira em todos níveis. O processo, explica, tem como propósito extinguir as empresas públicas seguindo orientação da política neoliberal, com os dois sistemas passando por aquilo que classifica como processo de “macdonização”.
Defende a tese que esta ação acontece por meio de ação midiática que incuti na população uma propaganda negativa de que tudo que é estatal é mal administrado, fonte de corrupção e deficitário e que tudo que é gerido pelo sistema privado é eficiente e gera resultados positivos. A questão, opina, deve ser bem relativizada, pois historicamente o Estado sempre financiou a iniciativa privada no País e internacionalmente. Exemplificou que na crise americana no segundo semestre de 2008, o Banco Federal Americano doou dinheiro para salvar os bancos privados e as grandes montadoras daquele país. Criticou que o modelo neoliberal em fase de implantação no Brasil no atual Governo apregoa a competitividade, a meritocracia, em substituição a valores universais como a solidariedade humana, a construção de uma sociedade igualitária e a paz mundial.
O médico ponderou, no entanto, que a entrada do segmento privado no sistema público visa tão somente restringir o acesso aos serviços públicos e gerar lucros para apadrinhados políticos e rentistas, aumentando as diferenças sociais e a pobreza. Condenou veemente a parceria público privado (PPs), na sua opinião, um sistema criado com o objetivo de gerar lucro para iniciativa privada, cercada por corrupção e fonte de desvio do dinheiro público.
O dirigente destacou que nos países que o melhores Índices de Desenvolvimento Humano – IDH como a Finlândia, a Noruega e Suíça, a educação e a saúde são 100% pública, pois é uma forma de garantir a igualdade de oportunidades. Apontou como desvio de finalidade a destinação de quase 53% do orçamento público para o pagamento do serviço da dívida pública, alimentando os ganhos de bancos privados e rentistas.
Alertou ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) descumpre a Constituição Federal quando permite a cobrança de mensalidades na pós-graduação nas universidades públicas e a exploração dos hospitais universitários pela EBSERH, ato que fere o princípio da gratuidade no atendimento a saúde e a vocação educacional destas instituições de ensino.
Vladimir denunciou que a criação da EBSER tinha como objetivo modernizar a gestão hospitalar, mas virou um pesadelo com o saldo negativo da empresa pública, de caráter privado, saltando para cerca de R$ 70 milhões e com a folha de pagamento consumindo mais 80% do orçamento disponibilizado, principalmente na remuneração de cargos comissionados.
Conclamou as forças de esquerdas, progressistas e nacionalistas a se unirem para contrapôr o modelo liberal em implantação pelas forças conservadoras, que no momento são unitárias e não se dividem.
Assessoria de Imprensa da ADUFMS-Sindicato