19-05-2020
Decisões da reitoria da UFMS, embasadas somente em sugestões do COE, impuseram substituição de aulas presenciais por estudos dirigidos com uso de ferramentas EaD e de tecnologias da informação e comunicação goela abaixo
⇶ DIANTE da possibilidade de retorno às aulas presenciais, a ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional entrou com ação popular, no dia 6 deste mês, para que a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) não retomasse as atividades em espaços físicos da instituição, enquanto houver aumento de casos do novo coronavírus no Estado.
O juiz de primeira instância da Justiça Federal em Mato Grosso do Sul negou o pedido, por meio de liminar, já que a universidade suspendeu o retorno das aulas e não indicou novas datas. A ação principal continua sendo analisada.
A administração central da Universidade já apontou duas datas para o retorno das aulas presenciais, 11 de maio e depois 18 de maio, mas teve de voltar atrás.
A pressão para continuidade das aulas a distância ou mesmo presenciais ocorre em um período de pré-consulta para escolha de titular da reitoria da UFMS. É possível que a consulta seja realizada até julho.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, já deu recado subliminar via Twitter, dizendo que as universidades “que estão dando aulas receberão mais recursos e serão premiadas".
Desde o início das ações de isolamento social por conta da covid-19, em março, a administração da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) tem ignorado o envolvimento da comunidade acadêmica – professora(e)s, técnica(o)s e aluna(o)s – desconsiderando sua participação dentro dos espaços decisórios nas ações contra a pandemia no âmbito da Instituição.
O Comitê Operativo de Emergência (COE), criado pela portaria 387/2020, não inclui nenhum representante da comunidade acadêmica, apenas indicações da reitoria.
Foram feitos ofícios pedindo para que seus argumentos fossem escutados e não houvesse retorno às aulas presenciais em plena ampliação de casos de covid-19 no Estado, assim como que fosse suspenso o calendário acadêmico até ser realizada uma discussão mínima e democrática pelos órgãos superiores deliberativos, como Conselho Universitário (Coun), Conselho de Graduação e Conselho de Pesquisa e Pós-Graduação.
A grande maioria das universidades suspendeu seus calendários e realizou capacitação para estudantes e docentes que nunca tinham utilizado ferramentas remotas para as aulas. Antes de tomar alguma decisão que excluísse boa parte da(o)s aluna(o)s da oportunidade de estudar em suas residências durante o isolamento social, essas instituições ainda iniciaram pesquisas entre acadêmica(o)s e professora(e)s para sondar a possibilidade da execução das aulas remotas.
As decisões da reitoria da UFMS, embasadas somente em sugestões do COE, impuseram a substituição das aulas presenciais por estudos dirigidos com uso de ferramentas EaD (ensino a distância) e de tecnologias da informação e comunicação (TICs) goela abaixo.
Parte significativa da(o)s estudantes da UFMS tem demonstrado falta de equipamentos ou dificuldade de acesso à internet para participar das aulas durante o período de isolamento.
A UFMS ignorou essa triste realidade e impôs as aulas a distância. Somente após mais de quarenta dias de aulas impostas, a Universidade decidiu abrir edital para fornecer ajuda de R$ 30 a R$ 60, para que estudantes em dificuldade financeira busquem formas de acessar a web, e iniciou pesquisa de demanda para saber quanta(o)s aluna(o)s não teriam equipamentos para aulas a distância.
O acionamento da Justiça Federal afirma a necessidade da suspensão do calendário acadêmico para garantir novo planejamento das aulas nesse novo formato e participação da comunidade acadêmica nas escolhas referentes às ações do COE.
Texto
Ítalo Milhomem
Revisão
Luana Cella de Souza
Assessoria de Imprensa da ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional