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Adufms UFMS

Em reunião, Diretoria da Adufms leva demandas docentes à Reitoria

Desligamento de docentes do PAS, fechamento de disciplinas e uso do espaço acadêmico pelo Sindicato foram algumas das pautas do encontro

A Diretoria Executiva da Adufms se encontrou com a gestão da UFMS nesta segunda-feira, 14 de agosto. A reunião ocorreu no prédio da Reitoria. O reitor Marcelo Turine e representantes de pró-reitorias se reuniram com as professoras Mariuza Guimarães (presidenta) e Sheila Guimarães (tesoureira), além dos professores Gabriel Nemirovsky (vice-presidente) e Waldson Diniz (representante do Campus Pantanal).

Um dos assuntos abordados foi a disponibilidade do uso do espaço da Universidade para a realização de atividades sindicais, como reuniões, seminários e assembleias. A professora Mariuza explicou que, como o acesso ao SEI é individual e não por meio da entidade, a possibilidade de agendamento é dificultada.

O professor Turine afirmou que, em caso de eventos, cada unidade tem autonomia para aceitar pedidos, mas que iniciativas de interesse geral da comunidade acadêmica contarão com apoio da gestão para utilização dos espaços, sem custo. Ele ressaltou ainda que, em casos de negativa e dificuldade, o Sindicato pode dialogar com a Pró-Reitoria de Administração e Infraestrutura (Proadi).

Outro ponto levantado foi a revisão da Resolução 430/2021 do Cograd, que trata, entre outros assuntos, do número de estudantes em sala de aula. De acordo com o Artigo 51 da medida, cada turma deve oferecer no mínimo cinco vagas para disciplinas obrigatórias e 10 para optativas.

Embora o objetivo seja evitar que docentes ofereçam disciplinas em que não há procura, a nova regra pode dificultar ou até impedir a formação de acadêmicos/as inseridos/as em matrizes curriculares anteriores, já que, em alguns casos, a disciplina necessária para a conclusão do curso não atinge o quórum necessário.

Além disso, o fechamento ou o não acolhimento da disciplina após o período de matrícula impacta na carga horária do docente, que tem prejuízos com a sua avaliação e consequente progressão. O reitor Marcelo Turine acolheu a proposta de revisão da Resolução, solicitando que o pró-reitor de Ensino envie orientação aos diretores, que especifique a possibilidade de casos excepcionais e que o assunto seja analisado caso a caso.

A descontinuidade de docentes que atendiam pelo Programa de Atendimento à Saúde (PAS) também foi pauta da reunião. A Diretoria da Adufms e a gestão da Universidade concordaram sobre a abertura de diálogo sobre alternativas, já que muitos profissionais se descredenciaram do programa. Foi proposta uma nova reunião com representantes do PAS para tratar do tema.

Outra pauta abordada foi o apoio para publicações e exposições em eventos científicos. “A Universidade está apoiando todas as publicações científicas dos docentes”, declarou Turine sobre o tema, especificando que, em caso de publicações, docentes devem se inscrever em um edital permanente, disponível no portal da Universidade.

O professor Waldson, representando o campus de Corumbá, pediu maior atenção ao interior. Ele também sugeriu que haja maior parceria institucional, como a presença de representantes sindicais em eventos da Universidade, como posses, colações, lançamentos de programas, aberturas de congressos e outras atividades.

Turine se comprometeu a realizar o diálogo para o fortalecimento das unidades do interior, bem como do estabelecimento de parcerias para que haja representação do Sindicato nos eventos da instituição. “Faremos convites especiais à Adufms para fazer falas conjuntas”, afirmou o reitor.

A professora Mariuza Guimarães fez um balanço positivo do encontro. “Avalio que nossa conversa foi positiva, retomamos um canal de comunicação. Entendemos que podemos agora estabelecer um diálogo mais assertivo e que de fato estabeleça uma relação mais democrática entre o sindicato e a gestão”, disse a presidenta da Adufms.

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Adufms UFMS

Adufms Pantanal organiza Coquetel de Boas-Vindas neste sábado

A Adufms Pantanal tem um convite especial para docentes do campus. No sábado, dia 19, a partir das 17h30, será realizado um Coquetel de Boas-Vindas às/aos novas/os professoras e professores, além de uma confraternização com a comunidade docente, para marcar o início do segundo semestre letivo de 2023.

O encontro ocorre na sede da Adufms Pantanal, localizada na Rua Poconé, n. 412, no bairro Universitário. Compareça!

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Adufms Direitos Humanos UFMS

Adufms prestará atendimento jurídico na sexta-feira

Dúvidas sobre questões jurídicas relacionadas ao trabalho e à vida na Universidade? A Assessoria Jurídica da Adufms estará disponível no Bloco VI da Cidade Universitária nesta sexta (18/08)! Vem tomar um café conosco!

Horários:
9h às 11h
15h às 17h

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Adufms Educação UFMS

Adufms encontra ministro em lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar

Ocorreu nesta terça-feira (25) o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira e do presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Cesar Aldrighi.

Estiveram também presentes membros da bancada federal de Mato Grosso do Sul, o governador Eduardo Riedel, deputados estaduais, prefeitos/as e vereadores/as, além de representantes de movimentos sociais, do governo federal e de secretarias do governo estadual.

A Adufms esteve representada pela presidenta da entidade, a professora Mariuza Guimarães. Também estavam presentes o professor Marco Aurélio Stefanes, que presidiu a entidade durante os biênios 2019-2021 e 2021-2023; e o coordenador-geral do Sista-MS, Lucivaldo Alves dos Santos.

No auditório, logo após o evento, Mariuza entregou aos deputados federais Vander Loubet (PT) e Camila Jara (PT) um relatório sobre políticas de melhoria referentes à UFMS, contendo propostas e um levantamento sobre ações que envolvem a Universidade. Na sala de imprensa, onde ocorreu uma entrevista coletiva, a presidenta da Adufms entregou o documento também ao ministro Paulo Teixeira.

Os parlamentares e o ministro se comprometeram a estudar o tema, bem como avaliar as políticas que podem ser tomadas para que os mandatos e o governo federal trabalhem em prol da instituição, junto à comunidade acadêmica.

O Plano Safra da Agricultura Familiar, que foi lançado junto à Conferência Estadual da Agricultura Familiar, prevê a destinação de cerca de R$ 400 milhões em crédito rural para o setor, para auxílio em custeio e comercialização, bem como a retomada do Pronera (Programa Nacional de Educação e Reforma Agrária), importante ferramenta de educação e formação de trabalhadores/as do campo, por meio de programas e políticas públicas implementadas pelas universidades.

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Saúde Serviço público UFMS

Sindicatos e parlamentares se reúnem com gestão do HU para tratar de denúncias

Adufms, Sista, deputadas e representantes do Hospital se encontraram para discutir falta de recursos apontada em matérias jornalísticas

Representantes da Adufms, Sista-MS e dos mandatos das deputadas Gleice Jane (estadual) e Camila Jara (federal) reuniram-se com membros da coordenação do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap), mais conhecido como HU, nesta terça-feira (11), para estabelecer um diálogo e pensar conjuntamente projetos de melhoria para o HU, considerando denúncias publicadas por veículos de imprensa.

Pela Adufms, estiveram presentes a presidenta Mariuza Guimarães e o assessor de Comunicação, Norberto Liberator; pelo Sista, o coordenador-geral Lucivaldo Alves dos Santos, coordenador-geral; Orlanda Conceição da Silva, coordenadora de Políticas Sociais e Maria Helena Belarmino, assessora jurídica; pelo mandato da deputada federal Camila Jara (PT), que não pôde comparecer devido a um compromisso urgente em Brasília, esteve presente Rodrigo Terra, chefe do gabinete; representando o HU, compareceram Andreia Siqueira Campos Lindberg, superintendente; Raquel Tauro, diretora da Área Médica; Ana Rita Barbieri, gerente de Ensino; e Carlos Alberto Coimbra, gerente administrativo; também esteve na reunião a deputada estadual Gleice Jane (PT), junto a sua assessora Elaine Becker.

Uma reportagem do jornal O Estado de Mato Grosso do Sul havia afirmado, no dia 30 de junho, que o HU enfrenta “falta de anestesistas, cirurgias suspensas, setor de hemodinâmica fechado e baixa rotatividade dos leitos”. De acordo com a publicação veiculada no periódico, teriam havido cirurgias canceladas e cirurgias ortopédicas não realizadas sem motivos concretos.

A matéria denunciou a ocorrência de filas, esperas que duram horas, leitos improvisados na maternidade, além do setor de hemodinâmica fechado sem justificativa. De acordo com a reportagem, há falta de interesse de profissionais da saúde em atuar nos hospitais públicos, o que gera falta de pessoal para suprir as demandas. O Hospital respondeu ao jornal que opera além de sua capacidade e apontou que empresas contratadas por processos licitatórios não supriram o quantitativo necessário para os procedimentos.

Durante a reunião, os representantes da gestão do HU afirmaram que os esforços têm sido realizados para novos processos de licitação, que permitam a contratação de empresas para aquisição de materiais hospitalares. Também foi solicitado às parlamentares o auxílio para manutenção da instituição. Uma audiência foi marcada para discutir a melhoria do HU e a destinação de recursos.

A presidenta da Adufms, professora Dra. Mariuza Guimarães, avalia o encontro como positivo. “A reunião foi produtiva no sentido de conhecermos os gestores/as e os problemas enfrentados pelo HU. Concluímos a reunião com uma agenda para uma Audiência Pública chamada pela deputada federal Camila Jara, a deputada estadual Gleice Jane e a vereadora Luiza Ribeiro para discutir a saúde, envolvendo gestores/as das três esferas e os hospitais públicos”.

A professora lamenta não ter havido uma incursão pelo Humap devido ao conflito de compromissos. “Não foi possível fazer a visita pretendida aos departamentos do Hospital em razão do tempo. Combinamos de voltar em outra data para concluir a visita”, pontua.

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Educação UFMS

Projétil completa cem edições com evento de celebração

O Projétil, jornal laboratório do curso de Jornalismo da UFMS, chega a sua centésima edição com um evento de lançamento na sexta-feira, dia 30 de junho. Com produção ininterrupta desde 1990, o jornal é o segundo impresso mais antigo do estado ainda em circulação e um dos jornais laboratório mais antigos do Brasil, premiado e reconhecido nacionalmente.

A edição 100 é comemorativa e propôs a revisitação de temáticas relevantes de edições passadas, fazendo um levantamento histórico e reavaliação das informações e pautas já publicadas. A centésima edição conta também com colaborações de egressos, antigos docentes e uma parceria inédita com a Revista Badaró, além de uma carta do reitor Marcelo Turine, que destacou a importância do Projétil e do curso para o jornalismo do Mato Grosso do Sul.

O evento de lançamento, que será realizado no dia 30, será aberto para a comunidade universitária e externa com entrada gratuita. A programação inclui a abertura da exposição Projétil ilustrado, que trará os originais das capas e ilustrações do Projétil, feitas em parceria com o Grupo Pensar o Desenho, do curso de Artes Visuais; apresentações musicais de egressos do curso de Jornalismo da UFMS; um mini documentário mostrando o processo de produção da centésima edição e leituras de trechos de reportagens feitas pelos estudantes da turma responsável.

Data: 30/06 (sexta-feira)
Hora: 16h30-18h30
Local: Teatro Luis Felipe de Oliveira, próximo ao prédio novo da Faalc, setor 3, Bloco 23, UFMS
Público: comunidades universitária e externa
Entrada: gratuita

Programação:

  • Abertura da exposição Projétil ilustrado, em parceria com o Grupo Pensar o Desenho do curso de Artes Visuais
  • Apresentação musicais de egressos do curso de Jornalismo
  • Mini documentário sobre o processo de produção da edição 100 do Projétil
  • Leituras de trechos de reportagens por estudantes da turma
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Educação Eleições UFMS

Chapa “É tudo pra ontem” assume gestão no DCE da UFMS

A Chapa “É tudo pra ontem” (2), composta por estudantes que integram a União da Juventude Comunista (UJC, ala juvenil do PCB), o movimento Correnteza (corrente da UP ligada à juventude) e independentes, assumiu o Diretório Central de Estudantes (DCE) na última sexta-feira (23).

A agremiação foi eleita durante eleição realizada entre o corpo discente entre os dias 30 de maio e 19 de junho, quando houve a votação. A “É tudo pra ontem” venceu a chapa “Todas as Vozes” (1), formada por integrantes da Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT), União da Juventude Socialista (UJS, corrente juvenil do PCdoB) e independentes, por 1162 votos a 524. A apuração ocorreu de forma eletrônica, sendo divulgada na última quinta-feira (22).

De acordo com Yuri Amizadai, acadêmico de História e secretário de Movimento Estudantil na nova administração, o fato de ter havido duas chapas de esquerda na disputa trouxe um avanço na busca pelos direitos da comunidade acadêmica. “O objetivo de defender os interesses da classe trabalhadora e construir um DCE de maneira popular, diferente do que foi nas gestões de direita, e que não abaixe a cabeça para a reitoria, é importante para o campo da esquerda”, afirma.

O estudante avalia que a organização em torno das duas chapas é uma demonstração de que a gestão anterior não atendeu às demandas do corpo discente. “Ter duas chapas que, mesmo que diferentes em alguns conceitos, no geral defendem ideias de esquerda, é importantíssimo. Só demonstra como os estudantes precisam ser atendidos e ouvidos, diferentemente do que a direita faz e fez na faculdade. Ainda mais para uma grande universidade como é a UFMS”.

Sobre as expectativas da nova gestão, Yuri afirma que são as seguintes: “Reabrir e reconstruir um DCE combativo na universidade; defender os interesses dos estudantes realmente; trazer em pauta enquanto DCE, pautas que anteriormente eram trazidas somente pelos CAs (como o RU, por exemplo) e tentar fazer uma gestão transparente e em contato diário com as demandas dos estudantes, desde a capital até o interior”.

O DCE da UFMS não tinha eleições desde 2020, quando a chapa única “De todos para todos” foi eleita.

Norberto Liberator (Assess. de Comunicação)
Foto: Divulgação/Leonardo Vicente Mendes

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Nota UFMS

Nota de repúdio e solidariedade (sobre incidente em debate na eleição do DCE-UFMS)

A Adufms vem a público manifestar seu repúdio pelas mensagens de violência explícita e de cunho apologista ao nazifascismo, ocorridas durante o debate entre chapas que concorrem ao Diretório Central Estudantil (DCE) da UFMS, na última sexta-feira (26 de maio).

Durante o evento, que ocorreu de forma online, houve a entrada de contas anônimas que enviaram imagens de órgãos genitais e conteúdos de mutilação e violência, além de vídeos, músicas e mensagens que faziam referência ao regime nazista, responsável pelas mortes de mais de 6 milhões de judeus, 7 milhões de civis soviéticos, 3 milhões de prisioneiros de guerra, 1,8 milhão de civis poloneses não-judeus, 312 mil sérvios, 250 mil pessoas com deficiência, 250 mil ciganos e 1.900 testemunhas de Jeová, além de um número indeterminado de pessoas pertencentes a minorias sexuais e de opositores políticos (dados da Enciclopédia do Holocausto).

A difusão da ideologia nazista é crime no Brasil. Em 2003, o STF a equiparou ao crime de racismo ao julgar o chamado “Caso Ellwanger”. À época, o escritor Siegfried Ellwanger Castan, autor de livros em que negava o holocausto, incitava o ódio à comunidade judaica e defendia o ditador Adolf Hitler, foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e recorreu à Suprema Corte, que manteve sua condenação e estabeleceu que a decisão do caso serviria como padrão para ocorrências do tipo.

Prestamos nossa solidariedade às chapas concorrentes, que também foram vítimas de rasuras com reproduções da cruz suástica, símbolo do nazismo, sobre alguns de seus materiais de campanha. A utilização ou reprodução da suástica para fins de divulgação do nazismo está tipificada no Artigo 20 da Lei 7.716/1989, com pena de dois a cinco anos de cadeia.

A Adufms tem acompanhado o caso de perto e buscado auxílio para acompanhamento psicológico a estudantes que se abalaram com o ocorrido. A seção sindical se coloca à disposição das chapas e da comissão eleitoral para o que for possível e necessário em relação ao incidente.

Pedimos que a gestão da UFMS acompanhe e tome as devidas medidas legais quanto ao caso, por se tratar de crime inafiançável ocorrido no contexto da instituição.

Verifique os canais de denúncia:
Delegacia de Crimes Cibernéticos: (67) 3316-9805
Delegacia Especializada de Ordem Política e Social: (67) 3318-9000
Ministério Público MS: (67) 3318-2000
Ouvidoria da UFMS: (67) 3345-7021 e (67) 3345-7789

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Direitos Humanos UFMS Universidades

Após solicitação da Adufms, UFMS recomenda suspensão de avaliações nesta quinta (20)

A UFMS publicou, nesta quarta-feira (19 de abril), a Resolução n. 255, em que recomenda que docentes não apliquem provas ou atividades avaliativas nesta quinta-feira (20 de abril), nos cursos de graduação e pós-graduação em todos os campi da Universidade.

A medida se deu após sugestão da Adufms, por meio do Ofício n. 8/2023, enviado na mesma data, assinado pelo presidente da seção sindical, o professor Dr. Marco Aurélio Stefanes. A Resolução do Conselho Universitário estabelece que, caso haja avaliações, elas serão repostas em data posterior, para não prejudicar estudantes que não puderem comparecer na referida data.

A solicitação foi feita a pedido de estudantes, que têm manifestado seu temor em relação a ameaças referentes ao dia 20 de abril. A instituição informou o aumento da segurança na data, com presença de agentes estaduais e federais à paisana em todas as unidades da Universidade. Anteriormente, a Adufms havia enviado o Ofício n. 6/2023, solicitando a averiguação e adoção de medidas a respeito de mensagens compartilhadas entre estudantes do Campus de Três Lagoas (CPTL).

As ameaças que envolvem a data foram espalhadas por todo o Brasil em redes sociais e grupos de WhatsApp. Um levantamento feito pela agência Lupa e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que, entre os dias 9 e 10 de abril, houve uma crescente nos registros de ameaça.

A conclusão da pesquisa é que as ações se deram de forma coordenada para gerar pânico. 20 de abril de 1999 foi a data em que ocorreu o massacre na escola estadunidense Columbine, que gerou uma série de outros ataques naquele país. Uma pichação realizada na Universidade Paulista (Unip) foi postada em grupos de diferentes universidades de todo o Brasil, com mensagens que afirmavam que a inscrição havia sido realizada nas respectivas instituições de ensino superior (IES).

A Assessoria de Comunicação da Adufms conversou com Letícia Oliveira, jornalista investigativa e uma das autoras do relatório “Monitoramento das ameaças massivas de ataques às escolas e universidades: o papel das subcomunidades online que cultuam atiradores em escolas e sua relação com os boatos que produziram pânico generalizado no Brasil a partir do dia 09/04/2023“.

“A gente percebeu que as ameaças foram feitas de forma coordenada, mas houve uma diminuição, caíram para 10% nesta semana”, aponta Letícia. “Os próprios números do Ministério da Justiça confirmam. Na semana passada, o [ministro] Flávio Dino disse que foram 1.700 denúncias; já no início desta semana, foram só 170 denúncias”.

Relação com neonazismo

Entre os conteúdos compartilhados em grupos e inscrições realizadas em paredes de universidades, houve menções ao neonazismo e uso da cruz suástica, símbolo do partido do ditador alemão-austríaco Adolf Hitler. Além de Columbine, 20 de abril também é a data de aniversário do líder nazista.

Para Letícia, que também ajudou a elaborar o relatório “O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental”, o neonazismo não é um fator central entre os jovens que cultuam autores de massacres em escolas, mas sua simbologia costuma ser utilizada para gerar pânico.

A jornalista investigativa aponta que tanto o uso de referências neonazistas, quanto as ameaças a instituições de ensino superior, dificilmente partiriam da comunidade organizada da qual os autores de massacres mais recentes faziam parte. “É uma comunidade de adolescentes que ainda estão na escola, então acho muito difícil ter partido deles, embora o discurso de ódio propagado nessa comunidade tenha influência clara da extrema-direita”, pontua.

“A gente não vê tanta referência ao aniversário de Hitler”, afirma a pesquisadora sobre os grupos e fóruns monitorados. “Esse referencial parece ser só para causar pânico. A influência do nazismo é mais tangencial, não é aprofundada, é restrita a símbolos como a suástica, que nem é usada por grupos neonazistas, já que é criminalizada no Brasil. A gente não vê tantas referências históricas, mas a atiradores que eles cultuam”, aponta.

Ainda assim, Letícia Oliveira alerta que não é possível saber se as ameaças realmente têm teor recreativo – ou seja, com intuito de “pregar peça” – ou se realmente têm contundência, já que partem de autores até o momento desconhecidos. “Não tem como saber, teria de haver uma investigação. A gente pode não ter esses ataques, mas estamos lidando com um trauma muito forte”, prossegue. “É uma comunidade de glorificação a assassinos, atiradores em massa e supremacistas brancos, então essa influência existe, mesmo que esses meninos não se aprofundem na ideologia nazifascista”.

Estudantes da UFMS formaram um grupo, autointitulado Núcleo Antifascista (NAF), para realizar ações contra a apologia ao neonazismo e neofascismo na instituição. Em seu manifesto, o NAF pede que a comunidade acadêmica realize uma ação de boicote nesta quinta-feira. “As respostas obtidas pela instituição universitária não condizem com uma análise e medidas de atuações que priorizem a seguridade de toda comunidade acadêmica”, diz um dos trechos.

Uma estudante, que colaborou na elaboração do manifesto, afirma que símbolos e frases em alusão ao antifascismo que o grupo espalhou pelo Campus Cidade Universitária foram rasurados, retirados e substituídos por referências ao nazismo. A veiculação da cruz suástica para fins de propagação do nazismo está tipificada como crime, no Brasil, pelo Artigo 20 da Lei 7.716/1989, no inciso § 1º, com pena de dois a cinco anos de cadeia.

Embora a lei trate especificamente deste símbolo, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em 2003, que a apologia ao nazismo está classificada como crime de racismo e não pode ser justificada pelo argumento de liberdade de expressão. Na ocasião, julgava-se se o escritor neonazista Siegfried Ellwanger Castan deveria ou não ser condenado por seus escritos contra a comunidade judaica e em favor do regime de Adolf Hitler.

Norberto Liberator (Assess. de Comunicação)

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Adufms Eleições Sindicalismo UFMS

Docente, participe das eleições sindicais!

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Adufms Sindicalismo UFMS

Após Aquidauana, Adufms Pantanal também é desalojada por gestão da UFMS

Ocorreu na última sexta-feira (31 de março) o ato de entrega das chaves da sede da Adufms no Campus Pantanal (CPan) para a administração da UFMS. A transferência aconteceu após a Justiça dar ganho de causa à universidade, no pedido de reintegração de posse realizado ainda durante as férias – mesmo 12 anos antes do prazo mínimo estabelecido para uso do espaço, que era de 30 anos, sujeitos a renovações, contados a partir de 2005.

Docentes filiadas/os à Adufms se encontraram com o diretor substituto do CPan, professor Dr. Fernando Thiago – que ocupa o cargo na ausência do titular, professor Dr. Aguinaldo Silva –, para a entrega das chaves. Na ocasião, explicaram que a decisão não respeitou o acordo firmado entre a seção sindical e a universidade, na Resolução 57/2005. Aos presentes, Fernando Thiago afirmou que o local não será utilizado pelo Sebrae, ao contrário do que havia sido divulgado por representantes da gestão da UFMS anteriormente.

Estiveram presentes o diretor da Adufms Pantanal, professor Dr. Ronny Machado de Moraes; a vice-presidenta da Adufms, professora Dra. Mariuza Guimarães; professor Dr. Waldson Luciano Corrêa Diniz, representante sindical da Adufms Pantanal; estudantes; representantes partidários; representantes do movimento em defesa da Educação do Campo e dos trabalhadores do campo de Corumbá; além de lideranças de entidades sindicais como o Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação (Simted Corumbá) e o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público (Sintsep).

Ronny relembra o caso de Aquidauana, onde a Reitoria também acionou a Justiça para desalojar a Adufms. “O que se verifica é uma tentativa de esvaziamento dos espaços de participação e organização dos docentes, como foi o caso da reintegração de posse que ocorreu em Aquidauana e Corumbá”. O professor pontua que, apesar das derrotas em ambos os casos, o sindicato permanece na luta. “Perdemos no espaço, mas continuaremos no firme propósito de lutar por melhores condições de trabalho, remuneração e participação nas decisões, no que tange ao ensino, pesquisa e a extensão na UFMS”.

Mariuza Guimarães aponta que o uso dos campi universitários por sindicatos é algo corriqueiro no Brasil. “Em todas as universidades federais por onde tenho andado, a sede do sindicato está dentro da universidade. Alguns pagam aluguel, fazem contratos de cedência, enfim, encontram estratégias para manter o sindicato perto do docente. Só na UFMS temos essa aberração que é o despejo, por via judicial”.

A vice-presidenta também afirma que, apesar do ocorrido, o sindicato segue suas ações de luta. “Eles decidem e não querem saber se quem construiu foi o sindicato com a contribuição dos filiados e filiadas. Só posso dizer que lamento e que vamos continuar lutando pelo patrimônio do sindicato, que foi construído pelos docentes, tanto em Aquidauana quanto em Corumbá”, conclui.

A professora Simone Yara Benites, dirigente do Simted Corumbá, esteve presente e ressalta a arbitrariedade da decisão judicial. “Presenciamos um triste ato arbitrário do judiciário burguês. A entrega das chaves, por decisão judicial de reintegração de posse, da sede da Adufms. Estávamos presentes em solidariedade”, pontua.

Aquidauana

No Campus Aquidauana (CPAq), em 2019, houve processo semelhante ao ocorrido em Corumbá. Na ocasião, a Adufms ajuizou reintegração de posse da sede da Adufms para a construção do Restaurante Universitário (RU). A instalação de um RU em Aquidauana era uma das promessas de campanha da atual gestão da universidade. No entanto, não havia sido informado de que forma e em que local o restaurante funcionaria. Sem consulta prévia, a administração da UFMS decidiu, à época, que o RU funcionaria no espaço que até então era utilizado como sede da Adufms.

Em reportagem publicada em fevereiro, o professor Dr. Marco Aurélio Stefanes, presidente da Adufms, afirmou que, por parte do sindicato, sempre houve tentativas de diálogo. “Fizemos tratativas para a manutenção de nossa sede na unidade de Aquidauana, e, durante a negociação, nos deparamos com o processo judicial encaminhado pela administração da Universidade”.

Além da utilização de um espaço construído pelo sindicato com recursos dos/as docentes, o RU não contempla toda a comunidade acadêmica. O valor de 3 reais nas refeições inclui apenas estudantes cuja renda per capita é de até um salário mínimo e meio, critério que exclui centenas de acadêmicos/as sem condições de arcar com o valor de 15 reais a cada refeição, o que na época representou um aumento de 233% também denunciado pela Adufms, em reportagem de 2022.

Confira fotos (clique para ampliar):

Texto e fotos: Norberto Liberator (Assess. de Comunicação)

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Direitos Humanos UFMS

Por uma universidade sem assédio e sem discriminação

O Mês da Mulher está chegando ao fim, mas a luta contra a opressão de gênero deve ser pautada diariamente. A Adufms tem acompanhado relatos envolvendo docentes e ocorrências dentro do ambiente universitário. Repudiamos qualquer caso de assédio ou violência sexual, além de manifestarmos preocupação com a falta de celeridade e de comprometimento da instituição em relação ao combate a crimes sexuais, bem como à repreensão de membros da comunidade acadêmica que os praticam, dentro ou fora da Universidade.

A Adufms havia solicitado, por meio do Ofício n. 37/2022, informações sobre quais seriam as medidas tomadas pela Reitoria a respeito das investigações que implicaram professores em casos de estupro e pornografia infantil. O documento foi enviado em dezembro e solicitava uma campanha da Universidade contra tais delitos. A Reitoria respondeu por meio do Ofício n. 534/2022, no qual afirma não ter conhecimento e que, portanto, não haveria ações de apuração. O mesmo documento afirma que a gestão estaria à disposição para esclarecimentos, que demandam apuração.

Embora a gestão da Universidade tenha afirmado, em dezembro de 2022, que ignorava o assunto, a prisão em flagrante de um professor e ex-coordenador da Faculdade de Odontologia (Faodo), por portar e compartilhar materiais de pornografia infantil, havia ocorrido em maio daquele ano. A notícia publicada pelo portal Campo Grande News à época afirma que o jornal entrou em contato com a Reitoria, que não respondeu.

No mesmo ano, uma estudante relatou ter sido filmada por um homem no banheiro neutro da UFMS. A jovem afirmou que estava utilizando o banheiro quando percebeu que uma mão com um celular a filmava por cima da divisória das cabines. De acordo com a acadêmica, o homem tentou intimidá-la ao ser questionado, mas um colega que passava pelo corredor no momento a auxiliou e obrigou o autor do assédio a demonstrar que o vídeo já não constava no aparelho. O caso foi levado à Corregedoria da instituição, mas não houve posicionamento oficial da UFMS.

No ano anterior, outro professor, que lecionava no Campus Pantanal (CPan), foi denunciado por suposta violência sexual contra dois sobrinhos menores de idade. De acordo com depoimento da sobrinha, então com 14 anos, o tio a teria estuprado durante cinco anos consecutivos durante as férias escolares, que a adolescente e seu irmão mais novo passavam em Corumbá. A gestão da Universidade afirmou, à época, que não havia sido notificada sobre o caso.

Campanha equivocada

Diante do caso recente envolvendo ilustrações da “Campanha Sou Mulher” da UFMS divulgadas no dia 16 de março, que traziam papéis invertidos no que diz respeito aos dados sobre assédio e à violência contra grupos marginalizados, é necessário ressaltar a importância da conscientização dentro da Universidade.

Um grupo de docentes se articulou para a produção de um manifesto, no qual inserem um conjunto de nove reivindicações, após a repercussão negativa sobre as postagens, que representavam mulheres e pessoas negras no papel de assediadoras.

Docentes que contribuíram para a criação do manifesto se reuniram nesta quarta-feira (28) com a Reitoria para entrega do documento e para pensar em medidas que evitem novas abordagens equivocadas. O documento está aberto a assinaturas (para compreender melhor o caso, acesse esta reportagem da Adufms).

Embora tenha havido retratação por parte da instituição, o que se constitui um avanço, a publicação demonstra que tal preocupação não existiu até então. Somado aos relatos aqui elencados, o ocorrido indica a necessidade urgente de se elaborar políticas específicas na Universidade quanto a assuntos relacionados à violência de gênero, um compromisso firmado pela Reitoria no encontro.

O professor Marcelo Victor da Rosa, que estava presente, explica que a conversa foi propositiva e a gestão escutou as demandas. “O reitor se mostrou aberto ao diálogo, a gestão agora sabe que profissionais que pesquisam o tema estão à disposição para auxiliar na elaboração de campanhas e outras iniciativas”.

Além de Marcelo, também participaram os professores Alberto Martins, Eugênia Portela, Jacy Curado, Lourival dos Santos, Tacinara Queiroz, Thaize Reis e Zaira de Andrade Lopes; a diretora da Agência de Comunicação Social e Científica (Agecom), Rose Mara Pinheiro; o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Albert Schiaveto de Souza; e o reitor Marcelo Santos Turine.

Repúdio e combate

Os conteúdos das ilustrações na campanha sobre o assédio demonstram a falta de cuidado e de conhecimento básico sobre o tema, o que se soma à falta de posicionamento sobre os fatos citados envolvendo docentes e o próprio ambiente acadêmico, evidenciando um cenário de descaso para com a dignidade das mulheres e de grupos minoritários.

Em relação à resposta da Reitoria ao ofício enviado pela Adufms em dezembro, sobre os casos que implicam docentes em investigações de crimes hediondos, ambos os cenários são preocupantes. Caso a gestão da Universidade realmente não estivesse a par dos acontecimentos graves envolvendo professores da própria instituição – após meses em um caso e mais de um ano em outro – demonstraria falta de controle sobre o que ocorre envolvendo o nome da própria UFMS. Por outro lado, se a gestão sabia dos fatos citados e se isentou, nota-se o descaso e a desimportância com que trata o tema.

A Adufms acredita que o repúdio a todo tipo de assédio violência sexual é uma forma de demonstrar que a comunidade acadêmica não pode e não deve ser conivente com tais condutas que ferem a dignidade humana.
Incentivamos a realização de eventos, oficinas e outras iniciativas, bem como distribuição de materiais informativos, realizados sempre com cuidado e consulta a pesquisadoras/es, sobre temas como os limites do respeito, os artigos da Constituição que penalizam crimes sexuais e a que meios recorrer para realizar denúncias.

Por uma universidade sem assédio e sem discriminação!

 

 

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Assédio: em vez de alertar, campanha da UFMS reforça preconceitos e contraria dados

A gestão da UFMS lançou, no dia 16 de março, sua campanha de divulgação de políticas de prevenção e enfrentamento ao assédio sexual e moral. O texto se baseou na cartilha divulgada pelo Governo Federal sobre o tema. No entanto, as peças publicitárias divulgadas trazem ilustrações que, em vez de contribuir no debate sobre o tema, replicam preconceitos e estereótipos negativos em relação a grupos marginalizados.

No card que diz respeito ao assédio sexual, a ilustração traz a representação de uma mulher puxando um homem pela gravata em um ambiente de trabalho. Embora haja casos de homens assediados sexualmente, este é um problema ligado à estrutura patriarcal da sociedade e, portanto, na ampla maioria dos casos é praticado por homens contra mulheres.

Não é a primeira vez que a gestão UFMS, por meio de seu setor de comunicação, traz abordagens do tipo. Em 2019, uma campanha da instituição trouxe a imagem de uma mulher negra tocando os ombros de um homem branco com expressão de incômodo. A mulher é acompanhada da fala “Parece tenso, eu te faço uma massagem”.

Em outra, um homem negro encosta a mão na coxa de um homem branco. “Posso abonar aquela sua falta com uma presença em outro lugar”, diz o personagem negro, supostamente representando um professor assediador. Há ainda a figura de uma mulher amarela dizendoa um homem branco: “Você vai ter que terminar isso hoje. Não me interessa se vai perder sua prova”. Após a repercussão negativa, as imagens da campanha de 2023 foram retiradas, mas as de 2019 permanecem.

Na contramão dos dados

A professora Dra. Jacy Curado afirma que as imagens divulgadas trazem uma inversão da realidade. “Quem é dominante no sistema patriarcal são homens, principalmente brancos de classe média, e a imagem inverte isso. Coloca uma mulher assediando um homem. Isso não corresponde à realidade, aos dados, ao sistema de dominação. Pegaram as vítimas e colocaram como abusadores”.

De acordo com Jacy, a ilustração faz com que o grupo majoritariamente vitimado seja representado como o que pratica a violência. “Se formos ver os dados sobre assédio, violência sexual e de gênero, eles são marcados pela relação de dominação, com base patriarcal. Pode acontecer assédio de uma mulher em relação a um homem, e deve ser punido, mas isto é uma exceção”.

O professor Dr. Guilherme Passamani concorda com o apontamento e detalha a problemática desta representação. “É claro que eventualmente uma mulher pode cometer assédio sexual contra um homem, mas na grande maioria dos casos, são os homens que praticam contra mulheres. Então, por um lado, a imagem sugere a mulher num lugar que ela quase nunca ocupa; e por outro, protege o homem, que é em grande medida o causador do assédio sexual”.

De acordo com levantamento do serviço de recursos humanos Mindsight, realizado em 2021, mulheres sofrem três vezes mais assédio sexual no trabalho do que homens, embora 97% das vítimas não denunciem. Das 11 mil pessoas consultadas em todo o Brasil, 76% relataram que foram assediadas por homens.

No card sobre assédio moral, um homem negro é representado enquanto chefe abusivo. Sobre esta ilustração, Passamani pontua que “é claro que, eventualmente, pode haver um homem negro num lugar de poder. Mas quantos homens negros conhecemos em lugar de poder e que, estando nesse lugar, promovem assédio moral?”.

A professora Dra. Eugênia Portela aponta que a imagem traz uma relação sem respaldo na realidade. “O que a gente vê nas imagens é um homem negro cometendo assédio moral, quando na verdade, sabemos pelos dados estatísticos que, dificilmente, homens negros chegam a cargos de chefia. E o mapa da violência de gênero mostra que a maioria que comete assédio moral e sexual é de homens brancos que ocupam esses cargos”.

De acordo com Eugênia, “nota-se completamente a ausência do letramento racial de quem fez essas imagens, além do racismo institucional, que é esse racismo manifestado por meio ação ou omissão dos gestores”.

A pesquisa “Racismo no Brasil”, encomendada pelo Instituto Locomotiva, concluiu que, em 2021, apenas cerca de 7% das pessoas em cargo de chefia no Brasil eram pretas, o que contrasta com o levantamento da agência Catho, segundo o qual, 38,7% das mulheres brasileiras já passaram por assédio moral no trabalho. Já a pesquisa do portal Vagas conclui que 52% dos profissionais de ambos os gêneros já foram assediados moralmente. A conclusão é de que, mesmo que todos os chefes negros do Brasil praticassem o delito (o que não ocorre), ainda representariam minoria nos casos.

Guilherme Passamani também pontua que a ilustração retrata homens negros como se fossem pessoas que abusam do poder quando o alcançam. “É como dizer que homens negros têm facilidade de acessar instâncias de poder, o que não é verdade, e que estando lá usam disso para praticar assédio moral, o que também não é verdade. Quem está nesse lugar constantemente e faz isso são homens brancos”.

O pesquisador afirma que a abordagem distorce a realidade, além de tirar a responsabilidade de grupos que costumam praticar tais delitos. “Produz uma falsa ideia, manipula a realidade, porque protege grande parte das pessoas que promovem assédio moral, que são homens brancos em posição de poder”.

Jacy Curado explica que as linguagens constroem a percepção das pessoas sobre os fatos e que, por isso, ilustrações como as citadas prestam um desserviço à sociedade. “A imagem é uma linguagem muito potente. Mais uma vez um caso de inversão, já que no sistema racial, o dominador é o branco. Colocam o negro, que é vítima do racismo, como sendo abusador. E no final uma mulher negra como homofóbica”.

Em outro card, cujo tema é a homofobia, a imagem produzida é a de uma mulher negra e gorda praticando o delito contra um homem branco. Eugênia Portela explica que esta abordagem também é problemática e não reflete a realidade. “Sabemos que quem pratica a homofobia não são pessoas negras ou gordas, mas majoritariamente homens brancos e mulheres brancas”.

Guilherme aponta que a imagem, além de trazer uma interpretação falsa da realidade, aprofunda outros preconceitos. “É uma imagem gordofóbica. Passa a falsa impressão de que a LGBTfobia é praticada por esses tipos de corpos. Claro que podem ser, mas outra vez, protege quem efetivamente é homofóbico na sociedade”.

Reprodução de estereótipos

Mesmo que sem respaldo em fatos, as situações representadas nas ilustrações reproduzem estereótipos presentes na sociedade há séculos. No livro “Mulheres, raça e classe” (1981), Angela Davis recorre a escritos do pensador ex-escravizado Frederick Douglass, ao abordar o mito do “homem negro violento”.

De acordo com Douglass, em passagem citada por Davis, “os tempos mudaram, e os acusadores dos negros acharam necessário mudar também. Eles foram obrigados a inventar novas acusações para se adaptar aos tempos. As velhas acusações não são mais válidas”. A acusação válida era o estupro, o que iniciaria uma onda de linchamentos de homens negros com base em uma suposta “tendência à violência”.

A ilustração da campanha da UFMS a respeito do assédio moral, na qual se representa um homem negro violento, evidencia a reprodução deste mito, presente em todas as ex-colônias que recorreram à mão de obra escravizada. O mesmo ocorre na ilustração do card sobre homofobia, que reproduz o mito racista de que mulheres negras seriam “raivosas”.

Sobre este tema, a socióloga jamaicana Shirley Tate afirma, no artigo “Descolonizando a raiva: a teoria feminista negra e a prática nas universidades do Reino Unido” (2018), que “quem constrói a mulher negra raivosa é o pensamento colonial da branquitude e os agenciamentos racializantes produzidos pela dificuldade que pessoas brancas têm de responsabilizar-se por sentir raiva”.

Soluções

Jacy Curado propõe o diálogo entre a equipe de comunicação da universidade e pesquisadores do tema, para evitar novas reproduções de discursos preconceituosos. “Caso façam uma assessoria, convidem os professores, estamos dispostos a contribuir. Temos muitos especialistas de renome nacional na UFMS para poder contribuir”, finaliza.

Eugênia Portela sugere que uma formação específica sobre o tema impediria que problemas como este ocorressem. “Se saiu da assessoria de comunicação de uma universidade, e ainda colocam a logo do Governo Federal, da CGU no mês da mulher, com esse monte de estereótipo, mostra que os servidores precisam fazer curso de formação e que a gestão, o Conselho Universitário e a Procuradoria precisam urgentemente combater o racismo institucional na UFMS”.

 

Texto: Norberto Liberator (Assessoria de Comunicação)

 

 

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Campanha arrecada dinheiro para ajudar em tratamento de professor que enfrenta tumor no pâncreas

A família do professor Jorge Mariano, do curso de Pedagogia do Campus Pantanal (CPan-UFMS) tem realizado uma campanha de arrecadação para custeio do tratamento de um câncer no pâncreas, realizado em Campo Grande, fora da cidade onde Jorge reside.

Como ajudar?

Chave Pix: [email protected]

Banco do Brasil: Ag 0320-4 CC 119537-9

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Mesmo longe de prazo, Reitoria tenta despejar ADUFMS de sede em Corumbá

A sede da ADUFMS Pantanal está ameaçada. Em plenas férias acadêmicas, a gestão da UFMS ajuizou reintegração de posse do local, em Corumbá, no Campus Pantanal (CPan), descumprindo o acordo firmado na Resolução n. 57/2005, que estabelecia prazo de 30 anos para uso de parte do campus, com possibilidade de renovação por igual período.

Mesmo distante do prazo, na entrada do 18º ano do acordo, a Reitoria adota uma posição que vai na contramão do que foi acordado, ao acionar a Justiça para realização do despejo da sede da subseção do sindicato no CPan. Uma liminar de um juiz de primeira instância deu ganho de causa à UFMS, mas o Sindicato deve recorrer.

O direito da ADUFMS de utilizar o espaço foi aprovado primeiramente na resolução 306/2005, do Conselho de Campus do CPan. A então presidente, professora Dra. Vilma Elisa Trindade Saboya, assinou favoravelmente à criação da sede em uma área de 652m² por um período de 30 anos. A aprovação foi referendada pela Resolução n. 57/2005, do Conselho Diretor da UFMS, assinada pelo professor Dr. Manoel Catarino Paes, seu presidente à época. Houve ainda a confirmação pela Assessoria da Reitoria e pela Coordenadoria dos Órgãos Colegiados.

A sede da ADUFMS Pantanal, além de ser um espaço para os/as professores/as e utilizada para reuniões, encontros e atividades sindicais, também tinha seu uso destinado ao atendimento a estudantes e toda a comunidade universitária, como arrecadação de alimentos, impressões e empréstimo de materiais, por exemplo. A Reitoria da UFMS pretende desalojar o espaço de representação, convivência e cooperação para substituí-lo por um laboratório com fins mercadológicos, para utilização por parte do Sebrae – entidade que, à parte de sua importância para o desenvolvimento local, já possui uma sede e estrutura suficiente para suas atividades.

A professora Dra. Adma Cristina de Oliveira, vice-presidenta da Regional Pantanal do Andes-SN e docente na UEMS, aponta que retirar o espaço do Sindicato é negar um direito constitucional. “O espaço físico é construção sindical. É um direito trabalhista de se reunir e de se articular. Nós não podemos entender a Universidade de forma separada dessas construções humanas. É um espaço de construção política e social, a Universidade toda é pública”.

O professor Dr. Ronny Moraes, diretor da ADUFMS em Corumbá, ressalta o caráter representativo da sede. “Mais do que um espaço físico em si, a sede da ADUFMS-Pantanal, como é conhecida, representa um espaço de luta dos docentes do campus do Pantanal, seja por melhores condições de trabalho, em defesa da carreira, mas também é um lugar que, pela sua especificidade, contribui mormente para a reflexão sobre a educação superior”.

Ronny também destaca o histórico do espaço na construção e discussão da educação superior em busca do constante aperfeiçoamento de sua qualidade. “Nesse espaço físico foram discutidas muitas pautas relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem, com foco no tripé: Ensino, Pesquisa e Extensão”, conclui o professor. O presidente da ADUFMS, professor Dr. Marco Aurélio Stefanes, chama a atenção para as diversas ações da atual gestão da Universidade que vão na contramão da democratização do ensino. “Infelizmente o que observamos é uma administração da UFMS bastante hostil ao movimento social e à organização sindical dos professores, em particular. Tivemos perseguição, com ações criminais, de dezenas de lideranças estudantis na UFMS”.

Marco Aurélio relembra o caso da sede de Aquidauana, onde houve processo parecido de remoção da representação da ADUFMS. “Fizemos tratativas para a manutenção de nossa sede na unidade de Aquidauana, e durante a negociação, nos deparamos com o processo judicial encaminhado pela administração da Universidade, solicitando um espaço que foi construído com recursos de todos os professores sindicalizados”.

O professor chama atenção para a falta de diálogo por parte da Reitoria. “Agora, novamente, a partir de uma conversa prévia, eles entram com uma ação judicial e em pleno período de férias, temos essa hostilidade com relação à organização social dos professores”, afirma. “Inclusive, a presença do Sindicato para discussões de assuntos pertinentes à própria Universidade e à organização dos professores é coibida, em muitos momentos”.

De acordo com o presidente, “há várias ações que dificultam isso: para reservar uma sala, temos que passar por um processo que justifique isso com relação direta ao ensino, pesquisa e extensão, o que obviamente não é característica das atividades sindicais que a gente desenvolve”. O representante sindical conclui que tais atitudes cerceiam a liberdade de organização. “Ficamos com muita dificuldade de acesso a qualquer espaço da Universidade para dialogar com os professores”.

Norberto Liberator (AsCom – ADUFMS)

 

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Carta aberta à sociedade sul-mato-grossense

O preço da educação

A união entre estudantes, docentes e setores mobilizados da sociedade civil conseguiu reverter mais um retrocesso. Diante da pressão, o governo recuou e anunciou o desbloqueio do confisco de R$ 2,4 bilhões do MEC, sendo R$ 328,5 milhões das universidades e R$ 147 milhões dos institutos federais. No entanto, não mencionou se desbloqueará o valor integral ou parte dele.*

Os valores retirados das instituições somariam mais de R$ 763 milhões somente no ano de 2022. O impacto faria com que as instituições não tivessem condições de pagar suas contas de água, luz, despesas com pessoal, serviços de segurança, limpeza e assistência estudantil. Jair Bolsonaro chamou a medida de “contingenciamento”, no entanto, na prática, o que ocorre é um congelamento de recursos.

Mesmo com o recuo, a educação segue em risco, assim como a saúde e outros direitos básicos da população. Estamos diante de um governo que, entre outras medidas, já cortou 1,9 bilhão do programa Farmácia Popular e reduziu em até 99% o orçamento de políticas para mulheres, o que impacta no funcionamento de creches e delegacias da mulher. Com mais esses confiscos na educação, Bolsonaro prejudica a formação acadêmica em todos os níveis, com impacto na permanência estudantil e nas pesquisas. O resultado, caso não seja revertido, será o de milhões de estudantes obrigados a deixar os estudos por falta de recursos.

Para onde Bolsonaro tenta canalizar esses recursos, em pleno período eleitoral? Não é difícil saber. No final de setembro, Bolsonaro liberou R$ 3,5 bilhões para o chamado “orçamento secreto”, ou seja, conjunto de verbas destinadas a parlamentares sem necessidade de explicar para onde vai o dinheiro. Ou seja, para atender a vontade do Centrão de ficar com verbas públicas em troca de apoio eleitoral. Resumindo, creches, tratamentos de câncer, remédios da Farmácia Popular e o futuro do ensino público federal estão em risco devido a um esquema de compra de votos, operado por Arthur Lira e Jair Bolsonaro.

Conclamamos a população sul-mato-grossense a nos acompanhar nas ações contra este desgoverno inimigo da educação, da ciência, da infância e da classe trabalhadora. Precisamos de governantes que tenham compromissos com a formação desde as séries iniciais até a pós-graduação. É necessário que se mostre aos mandatários desse país que 90% da pesquisa científica no Brasil são oriundos das universidades públicas. Por isso, reafirmamos nosso compromisso com o presidente que criou 18 universidades federais, 173 campi e mais de 380 unidades de institutos federais: Luiz Inácio Lula da Silva. A educação não suportará mais quatro anos de um governo que tem por objetivo destruí-la.

Amanhã será um novo dia, com Lula contra a barbárie.

*Até a publicação desta carta, não houve confirmação do desbloqueio por meio de publicação em sistema oficial.

Assinam este manifesto:
Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Adufms)
Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Fundação UFMS e IFMS (Sista)
Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Aduems)
Associação dos Docentes da Universidade Federal da Grande Dourados (AdufDourados)
União Nacional dos Estudantes – Mato Grosso do Sul (UNE-MS)