A Adufms manifesta, de forma veemente, seu repúdio a qualquer pensamento e atitude de cunho racista e presta sua solidariedade à estudante Cleide Salles, vítima de violência de cunho racista durante evento na Agência de Educação Digital e a Distância (Agead) da UFMS, na última quinta-feira (5 de outubro).
Cleide relata que participava do Encontro Internacional da Zona de Integração Centro-Oeste Sul-Americana (Zicosur) quando foi abordada por quatro pessoas, que afirmaram fazer parte da Reitoria da Universidade e disseram que aquele “não era o lugar” da acadêmica e tentaram retirá-la do espaço por meio de violência física.
Estudantes realizaram, nesta sexta-feira (6 de outubro), um ato contra o racismo, em solidariedade a Cleide e por medidas cabíveis às pessoas responsáveis. A manifestação ocorreu no bloco da Agead (construído para ser Centro de Formação de professores, mas apropriado para ações administrativas), onde o curso de Pedagogia/Faed ocupa algumas salas por empréstimo.
Cleide afirma que tem se mobilizado para identificar as pessoas envolvidas. “No que fiquei desestabilizada, me esqueci de me atentar ao nome das mulheres. Mas estou buscando com vigor descobrir os nomes das pessoas”, afirma a estudante.
A Adufms tem prestado apoio à acadêmica, inclusive no âmbito jurídico e ressalta o caráter racista do constrangimento ocorrido. Destaca ainda que é inadmissível que, valendo-se de suposta autoridade, haja quem pense e verbalize que o ambiente acadêmico não é adequado para pessoas negras, assim como é inadmissível que se utilizem de violência física dentro de tal espaço.
No Brasil, o racismo é um crime inafiançável e imprescritível. A Lei 7.716/1989 estabelece reclusão de dois a cinco anos, além de multa, para quem o pratica. Já a Lei 14.532/2023 equipara o crime de injúria racial ao de racismo, passando à mesma pena e impossibilidade de fiança e prescrição.
Anteriormente, a injúria racial – quando se entende que, apesar do caráter racial, a ofensa tem como alvo o indivíduo e não toda a etnia – tinha pena menor, além de ser passível de prescrição e pagamento de fiança.
Que a legislação vigente seja cumprida e que a justiça seja feita à aluna Cleide Salles. Todo nosso apoio e solidariedade! Que atos como este não mais se repitam no ambiente acadêmico! É pelo que lutamos! Viva a liberdade! Viva a diversidade! Viva a universidade pública, gratuita, laica, socialmente referenciada e plural!
Comentários
2 responses to “Nota de solidariedade à estudante Cleide Salles”
Todo apoio à Cleide Salles. Que as responsáveis por essa atitude hedionda sejam punidas pela lei vigente.
Obrigada, pelo apoio, Maria Lúcia Paniago. Que este crime não mais aconteça num espaço que prega ser plural. Que a descendência negra não sinta a mesma insegurança que sinto ao circular nos espaços da UFMS. Estamos ali para adquirir conhecimentos e usufruir de tudo o que nós é de direito como estudantes. Estamos ali para adquirir conhecimentos que nós ajudarão a melhor servir à sociedade e não para sermos violentados. Racismo é crime!