Foi entregue em Brasília, nesta quarta-feira (19 de julho), o relatório resultante do seminário “O impacto do racismo estrutural na saúde das mulheres negras e quilombolas”, ocorrido no dia 13 na Câmara Municipal de Campo Grande, com o objetivo de levar às casas legislativas as demandas relacionadas ao tema.
O relatório possui 11 demandas efetivas relacionadas à melhoria nas políticas de saúde das mulheres negras e foi entregue a Pagu Rodrigues, coordenadora-geral de Prevenção à Violência, no Ministério das Mulheres.
O encontro, proposto pelo coletivo de mulheres negras Sempre Vivas, faz parte de uma agenda ampla de discussões e contou com apoio da vereadora Luíza Ribeiro (PT), da deputada estadual Gleice Jane (PT) e da deputada federal Camila Jara (PT).
Um dos temas abordados foi a violência obstétrica contra mulheres negras. A professora Ana Paula Archanjo Batarce, ex-diretora da Adufms em Aquidauana e que esteve presente no encontro, explica a urgência de abordar o assunto. “Há o mito de que a mulher negra é mais forte e que por isso resiste mais à dor”. Tempo prolongado, atraso na aplicação de anestesia ou mesmo a falta dela são algumas das violências causadas devido a tal estereótipo.
De acordo com a pesquisa “Nascer no Brasil”, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a chance de mulheres negras sofrerem violência obstétrica é 50% maior do que o restante. Dados dos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz revelaram que, em 2019, 65,9% das vítimas de tal violência foram mulheres negras. Já o Departamento de Informática do SUS apurou que mulheres negras representaram 66,4% das mortes por causas obstétricas naquele ano.
A professora Bartolina Ramalho Catanante, mais conhecida como Bartô, que participou do evento, lembrou os dados sobre violência contra mulheres negras e ressaltou a necessidade de avançar no tema. “Não existe retroceder, seguiremos em frente com a cabeça erguida e muita disposição”, afirma.