A atitude negacionista que se articula com os ataques e perseguições à ciência, à educação, aos trabalhadores e trabalhadoras da educação é parte do modo como a lógica capitalista tem tratado a pandemia da COVID -19 no Brasil.
Nesse sentido, repudiamos com veemência a fala exibida no Programa “Globo News em Pauta” no dia 14 de fevereiro de 2021 que tentou transferir para a(o)s professoras e professores das Instituições de Ensino Superior à responsabilidade pelo caos sanitário que vivemos no Brasil, nos adjetivando como parte de uma „nobreza privilegiada‟.
Logo a Globo, empresa capitalista, que apoiou a eleição de Bolsonaro e seu governo, investindo recursos para vender um genocida como candidato democrata. Se agora essa empresa tenta se apresentar como crítica a Bolsonaro, cabe lembrar que ela continua dando voz e apoiando a política ultraliberal de Paulo Guedes que tem como projeto a privatização total do SUS, que nesses últimos anos emplacou uma política econômica que atacou os recursos que deveriam ir para a garantia de vacinas e saúde pública.
Demétrio Magnoli, funcionário do maior grupo capitalista de comunicação do Brasil, cumpre a agenda de ataque à educação ao reproduzir a narrativa de que professoras e professores, ao serem inseridos no plano vacinal como um dos grupos prioritários, faz com que este(a)s trabalhadore(a)s se igualem a classe de privilegiados, subestimando a inteligência do(a)s telespectadores em diferenciar o que é prioritário e privilégio, numa tentativa covarde de colocar a sociedade contra o(a)s professores e professoras.
A emissora oculta que foram também o(a)s docentes das universidades, institutos federais e CEFETs que lutaram por meio de seu sindicado nacional, o ANDES SN, pela garantia da ampla vacinação para toda a população , sem ansiar a priorização docente nesse processo, mas sim a imunização de forma universal seguindo parâmetros científicos de priorização – como por exemplo a atenção prioritária de pessoas sujeitas a maior risco de agravamento da doença -, isso sem deixar de arrefecera luta e denúncia do desmonte do SUS e do projeto genocida do governo Bolsonaro que levou a morte de mais 639 mil mortes de brasileiros e brasileiras.
Foi também através da luta sindical que definimos como pauta prioritária a necessidade de um retorno presencial das atividades das IES de modo seguro e temos exigido um conjunto de medidas contidas no nosso “Plano Sanitário e Educacional” que apresenta respostas concretas para salvar vidas. Tivemos nas últimas semanas um aumento de casos e de mortes por COVID-19. As professoras e professores das universidades, institutos federais e CEFETs têm exigido dos governos e gestões o cumprimento de medidas sanitárias para que possamos retornar de forma adequada.
Nossas instituições educacionais atendem milhões de pessoas dentre trabalhadore(a)s, estudantes e toda a população. Não vamos aceitar o retorno a qualquer custo, pois seria uma atitude anticientífica geraria mais mortes por COVID-19. Cumpriria um papel, realmente importante, se ao invés de ataques, pudéssemos ver reportagens sobre a real situação das IES públicas brasileiras, quais sejam os cortes de recursos, falta de insumos para garantia dos protocolos, infraestruturas não adaptadas às normas sanitárias, estudantes sem bolsas para permanência no ensino superior, dentre outras situações que temos enfrentado e que, entre muitas consequências, levaram a morte de estudantes e trabalhadore(a)s da educação nessa pandemia, além do aprofundamento da precarização do trabalho docente e do adoecimento entre o(a)s docentes. Contra o negacionismo, o anticientificismo e as políticas genocidas de Bolsonaro e Mourão: nossa resposta é luta e vida acima dos lucros! Atenta!
Brasília, 17 de fevereiro de 2022.
Diretoria Nacional do ANDES-SN