Estudantes da UFMS organizam um ato, marcado para esta quinta-feira (9 de junho), contra os cortes orçamentários na educação superior, a proposta de cobrança de mensalidades nas universidades públicas e a tentativa de institucionalização do ensino domiciliar, conhecido como “homeschooling”. O valor abusivo do Restaurante Universitário também é levantado pelos manifestantes. A manifestação ocorre a partir das 9h em frente à Reitoria da UFMS.
O ato faz parte de uma mobilização nacional convocada por entidades como a União Nacional dos Estudantes (Une), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet). Na UFMS, a organização também conta com os centros acadêmicos de alguns cursos, como os de História e de Jornalismo, além de ter o apoio da Adufms e do Sinasefe.
Ana Laura Menegat, presidenta do Centro Acadêmico de Jornalismo (Cajor), destaca o sucateamento do curso e da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (Faalc). “O nosso bloco sempre foi motivo de reclamações, porque é muito escuro, tem pouca ventilação, fica cheio de pernilongos, propício a casos de dengue, as cadeiras estão em péssimo estado”.
A acadêmica pontua a negligência da gestão em relação a necessidades básicas de materiais para o curso de jornalismo. “No nosso curso, a gente precisa usar programas Adobe, que não conseguimos ter se a universidade não disponibilizar. Sem os softwares, algumas disciplinas não têm como continuar”. Ana também lembra que a luta dos estudantes está em consonância com a dos professores. “É direito dos professores reivindicar o reajuste, que não é um aumento, e temos que entender que a qualidade de vida dos professores interfere no nosso processo de aprendizagem”.
Ingryd Trigilio, representante da Une em Mato Grosso do Sul e acadêmica de Ciências Sociais, afirma que o ato tem como objetivo defender o futuro dos estudantes. “Bolsonaro tem como principal inimigo a educação. Retira nossos direitos, deixa os jovens sem perspectivas e, principalmente, sem esperança de um futuro melhor”.
Maria Eduarda de Macedo, que cursa o ensino médio no IFMS e é presidenta da União da Juventude Socialista (UJS) em Campo Grande, chama atenção para os cortes recentes na educação. “Fomos pegos de surpresa”, afirma. “Realmente acho que nenhum estudante da rede federal deveria ficar calado diante disso. Acho importante levar isso aos estudantes”, pontua.
Cortes
A UFMS sofreu um bloqueio de cerca de 13 milhões de reais no orçamento, como consequência do corte de mais de 1 bilhão de reais na educação federal, realizado pelo governo de Jair Bolsonaro no dia 27 de maio. Vale lembrar que, embora justifique “falta de verbas”, o governo destinou 699 milhões a parlamentares de seu próprio partido (PL) pelo chamado orçamento secreto, ou seja, verbas liberadas sem justificativa de finalidade e que, na prática, funcionam como mecanismo para troca de favores.