Na contramão das recomendações de autoridades sanitárias, pró-reitoria disponibiliza piscina para servidores e familiares
Mesmo diante do aumento de casos da variante Ômicron e da gripe H3N2, a UFMS disponibilizou, nesta quinta-feira (13), o uso da piscina da Universidade por servidores/as e suas famílias. Os casos de Covid-19 aumentaram em Mato Grosso do Sul, com 854 novos casos confirmados apenas nesta sexta-feira (14), com três mortes e média móvel de 1.600,1 casos por dia nos últimos sete dias, de acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Já em relação à H3N2, são 228 hospitalizações notificadas e 20 mortes. A média móvel nos últimos sete dias é de nove casos. A taxa de letalidade da Covid-19 atualmente é de 2,5%, e a da nova gripe, 8,8%. É o maior número de casos de infecção pelo novo coronavírus desde o início da vacinação em massa no estado.
A professora Dra. Maria Elizabeth Ajalla, que possui pesquisa nas áreas de doenças infecciosas e saúde do trabalhador, afirma que a medida não é adequada. “Este não é o momento apropriado para facilitar aglomerações. Esse ambiente da recreação em piscina, dificilmente as pessoas estarão usando máscara. A pandemia está com transmissão muito rápida. Por conta das vacinas, as pessoas não estão indo à UTI, mas estão começando a lotar enfermarias”, disse a pesquisadora à reportagem.
A publicação no site da UFMS destaca que a piscina já estava disponível desde 2021, mas que o acesso exclusivo por parte de servidores faz parte de um projeto intitulado “Recreação na piscina para servidores da UFMS”, que se inicia neste sábado (15). O objetivo, de acordo com Marcelo Fernandes, pró-reitor de Extensão, Cultura e Esporte, seria “que a família também se sinta parte da UFMS”.
Maria Elizabeth explica que seria necessário avaliar a salubridade do local. “A universidade deveria fazer uma avaliação das condições sanitárias. Mesmo considerando que a recreação do trabalhador é salutar, que o lazer é importante, este não é o momento adequado para essa abertura. Corremos risco de que os trabalhadores da universidade se contaminem e deixem de trabalhar”.
A professora finaliza afirmando que a instituição deveria priorizar a proteção, e não a exposição, dos servidores. “Acho que o momento é de a universidade pensar em como proteger seus trabalhadores, diante dessa nova variante, e não expor. Então acho que foi bastante equivocado”.