Privatização de bancos públicos prejudicará crédito imobiliário e política de distribuição de renda



Audiencia Bancos





Fotos: Gerson Jara

A privatização do Banco do Brasil (BB), da Caixa Econômica Federal (CEF) e dos bancos estaduais estatais que ainda restam, essa última prevista na política de renegociação das dívidas dos estados com a União, reduzirá drasticamente o oferecimento de crédito para o setor imobiliário, o atendimento à população de baixa renda beneficiária dos programas socais de distribuição de renda, o crédito estudantil e o financiamento para o setores agrícolas em escala e familiar.

Os efeitos negativos para economia nacional foram apontados por todos os palestrantes da audiência pública “Em Defesa dos Bancos Públicos” (

foto ao lado

), realizada terça-feira (20.06), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, organizada pelos deputados federal Zeca do PT, estadual João Grandão (PT), pelo Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Campo Grande-MS e Região (SeebCG-MS) e o Sindicato dos Bancários de Dourados e Região MS. A iniciativa cumpriu o papel de divulgar e ampliar a campanha nacional da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos.

A

ADUFMS-Sindicato

esteve representada pelo diretor de Assuntos de Aposentadoria da entidade, Oswaldo Rodrigues (

segunda foto, frente

).

Na abertura da audiência, Grandão destacou que “esses dois bancos públicos [BB e CEF] são responsáveis pelos maiores financiamentos na área habitacional, de saneamento e no setor agropecuário, tanto para os grandes quanto para pequenos produtores. São fundamentais para o desenvolvimento social, pois muitas das vezes são os responsáveis por oferecer a única linha de crédito com juros acessíveis para os mais necessitados”, falou o parlamentar.

Hoje as taxas de juros da agricultura familiar financiada pelo BB variam de 2,5% a 5,5% ao ano. Sem os bancos públicos, esse percentual sobe para 70%, ou seja, a comida vai chegar mais cara à mesa do/a brasileiro/a.


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“É preciso uma reação urgente antes que seja tarde, porque os ataques são constantes e quem vem sofrendo com isso são os funcionários, com a sobrecarga de trabalho, e a população, que fica refém de um atendimento desumano”, afirma o presidente do Sindicato dos Bancários de Dourados e Região MS, Ronaldo Ferreira Ramos.

Edvaldo Franco Barros, presidente do SeebCG-MS, alertou que os bancos públicos são fundamentais para o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul e do País. Esclareceu que a atual política de desmonte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Caixa Econômica e de instituições financeiras como o Banco da Amazônia (Basa) e Banco Regional de Brasília (BRB), Banco do Estado do Pará (Banpará), Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) e o Banco do Brasil, que demitiu mais de dez mil funcionários e fechou oitocentas agências (quatrocentas funcionando apenas como posto bancário) vai impactar diretamente a qualidade no atendimento bem como será obstáculo ao financiamento mais barato e de longo prazo para a produção industrial e o microcrédito, acentuando a política de desigualdade regional que atinge principalmente o Norte e o Nordeste do Brasil.

O enxugamento também prejudicará as/os trabalhadoras/es, pois a Caixa Econômica Federal é uma das poucas instituições bancárias que aceitam operar, por meio de baixo custo operacional, o pagamento do chamado “lixo bancário”: contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), seguro-desemprego, rescisão contratual, crédito educativo e o pagamento dos benefícios do Programa Bolsa Família.

Já o Banco do Brasil é o que mais libera recursos para o financiamento da agricultura familiar, responsável por 70% da produção alimentar do Brasil, com base em um planejamento estratégico de desenvolvimento das potencialidades regionais. A Caixa Econômica é líder de financiamento da casa própria, com as melhores condições, prazos e taxas de juros. Desde 2009, com o programa Minha Casa Minha Vida, foram entregues 2,6 milhões de moradias para as camadas de renda mais baixas.

O setor imobiliário é outro que sofrerá os impactos da privatização. Atualmente a CEF é responsável por 70% dos créditos para habitação de baixo e alto padrão. A oferta de casa e apartamentos pelo Minha Casa Minha Vida ficará mais cara.

A privatização dos bancos públicos aumentará a desigualdade entre as regiões do País, reduzindo os investimentos em infraestrutura e setores produtivos fundamentais como a indústria e a construção civil.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Roberto Antonio von der Osten, lembrou que as mudanças visam repassar o sistema financeiro público para os bancos privados. A oferta de créditos mais baratos em 2009, como o Consignado, aumentou a lucratividade e a participação dos bancos públicos no mercado, ultrapassando o segmento privado. Para reconquistar o mercado, os banqueiros em parceria com o monopólio mediático implementam a política de desmonte e de propaganda negativa em relação aos bancos públicos, sem esclarecer a natureza diferenciada que cada segmento tem no mercado e para a sociedade. Conclamou as pessoas participantes da audiência para uma ação que ganhe os corações e mentes da população para defesa e sobrevivência do setor público no sistema financeiro.

Para a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), o corte de R$ 100 milhões do BNDES, em um quadro recessivo, aprofundará os impactos negativos na economia, porque este momento é a hora de ofertar crédito com juros mais baixos para empreendimentos, mas o Governo Temer faz o contrário: aumenta a taxa de juro dos bancos públicos, abaixo dos praticados pelos bancos privados.

A lucratividade dos bancos públicos contribuem de forma significativa para redução do déficit público. Essas instituições financeiras estatais têm as menores taxas de inadimplência. O processo de privatização abre caminho para que os bancos privados assumam o controle dos maiores fundos de pensão estatais: o Previ (Banco do Brasil), o Petros (Petrobras) e o Funcef (CEF).



Assessoria de Imprensa da ADUFMS-Sindicato


Com informações do

site

do Sindicato dos Bancários de Dourados e Região MS