Estudantes da UFMS-Paranaíba defendem suspensão total do calendário acadêmico

19-05-2020

Imagem reproduzida do facebook do Capsi


Reitoria vem pintando, por meio das redes sociais, cenário lindo e efetivo, completamente oposto ao qual estamos vivendo


 MAIS UM SEGMENTO da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) engrossa a lista de pedido para que o Calendário Acadêmico seja suspenso, incluindo atividades a distância. Em carta aberta à reitoria, a docentes e a estudantes, o Centro Acadêmico de Psicologia (Capsi), gestão XV de Maio (União e Resistência), do Câmpus de Paranaíba (CPAR), manifestou sua discordância com os procedimentos adotados pela administração central da UFMS em relação à pandemia do novo coronavírus.

O Capsi criticou a postura da reitoria e se posicionou contra a Resolução 37/2020 “que aprova o Plano de Biossegurança na UFMS, com as medidas de retorno às atividades ditas ‘imprescindíveis’ impostas de acordo com a necessidade de cada campus. Temos certeza de que essas medidas não poderão, num período breve, ser postas em prática pela curva de ascendência que a infecção pelo vírus mostrou em nosso país”. A medida foi classificada como imposição.

Na carta, a entidade estudantil lista os porquês de sua contrariedade em relação à postura unilateral da direção principal da UFMS. 

  • Não há viabilidade nenhuma no deslocamento dos acadêmicos das várias cidades de diversos estados do Brasil para reiniciarem as atividades práticas essenciais, tanto pela falta de ônibus, os quais estão paralisados, como pelo risco apresentado por este deslocamento em relação ao contágio pelo vírus;
  • as atividades práticas em Psicologia, em todas as áreas de atuação, trabalham com a população externa, em grande parte com crianças e trabalhadores. As atividades dependem de contato direto com os pacientes, o que torna as atividades inviáveis;
  • o código de ética profissional é claro quando afirma que devemos promover a saúde, e trabalhar somente quando estamos capacitados. Em momentos como esse, sem capacitação, foge às questões éticas a nossa atuação;
  • o Plano de Biossegurança prevê a flexibilização da carga horária e atividades dos estágios obrigatórios, o que é inadmissível para a formação profissional, que em grande medida já é deficitária;
  • as medidas promovem grande perda da qualidade de ensino, a sobrecarga de professores e alunos e a não-realização das atividades práticas necessárias dos cursos;
  • a reitoria mostrou ser autoritária na imposição dessas medidas, sem consulta dos docentes e discentes da universidade, o que as tornam repudiáveis em todos os sentidos.”

As atividades remotas fazem parte do rol de descontentamento das e dos estudantes de Psicologia do câmpus da região nordeste de Mato Grosso do Sul. As acadêmicas e os acadêmicos apontam o que consideram um falso ensino a distância.  “Conhecemos o objetivo da reitoria com essas medidas, a qual pretende dar continuidade ao pseudo-EaD em todos os campi e níveis de ensino da UFMS.”

A entidade é claramente contrária a procedimentos didático-pedagógicos remotos decretados monocraticamente à comunidade acadêmica. “Desde o início da adoção do Ensino Remoto Emergencial e Tecnologia de Informação e Comunicação, como modo de suprir a falta das aulas presenciais, nos posicionamos contrários à medida por fatores” como:

  • precarização e ineficiência no repasse de conteúdo;
  • sobrecarregamento de alunos e professores(as) a se adaptarem numa metodologia a qual não foi prevista no plano de ensino;
  • precarização na formação pedagógica e profissional dos alunos;
  • precário acesso a internet e serviços tecnológicos devido à profunda desigualdade social da nossa sociedade e à vasta diversidade de alunos da UFMS;
  • alguns cursos oferecidos pela UFMS não condizem com este sistema de ensino a distância;
  • dificuldades encontradas por discentes e docentes para adaptação aos ambientes tecnológicos;
  • dificuldades em encontrar disponibilidade para os estudos num ambiente que cobra cuidados com filhos e/ou dependentes;
  • abertura para políticas de privatização da Universidade Pública.

O movimento estudantil do Curso de Psicologia em Paranaíba explica que a direção da UFMS tem mostrado a situação em cores suaves que não condizem com a realidade. A reitoria vem pintando, por meio das redes sociais, um cenário lindo e efetivo, completamente oposto ao qual estamos vivendo”, destaca o CA na carta.


Além da suspensão completa do Calendário Acadêmico, as/os estudantes pedem que sejam mantidos os auxílios e bolsas para alunas/os com dificuldade financeira.


O CA propõe uma aliança que abranja todos os setores da comunidade universitária. “Mesmo com as inúmeras dificuldades e controvérsias advindas da organização sindical (e na UFMS em específico), ressaltamos ser de extrema importância a representação sindical nos campi, para além dos filiados que reconhecemos já existirem.”

A direção do Centro Acadêmico defende atuação mais consistente do Diretório Central das e dos Estudantes para enfrentar as consequências da pandemia no âmbito da Universidade, mesmo diante dos obstáculos, argumentando que “vemos uma completa inação e desorganização por parte do DCE-UFMS. Sabemos das dificuldades de organização permanente do movimento estudantil, que se esvazia em algumas ocasiões, nos desanimando e enfraquecendo enquanto estudantes que se colocam na frente, organizando e puxando os demais”. 

Assessoria de Imprensa da ADUFMS Seção Sindical ANDES Sindicato Nacional