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Adufms Direitos Humanos

Adufms organiza doações para vítimas de temporal em Corumbá

Devido às enchentes e tempestades recentes em Corumbá, muitas pessoas estão desabrigadas e sem o que comer. Uma rede de solidariedade tem se formado para garantir dignidade a quem perdeu tudo o que tinha.

O que doar? No momento, alimentos não perecíveis.

Aonde levar? Até a sede da Adufms de sua cidade. O sindicato se organizará para enviar todas as doações a Corumbá.

Endereços:

Adufms
Avenida Filinto Müller, 558
Vila Ipiranga
Campo Grande – MS

Adufms – Subseção Aquidauana
Rua Bernadino Ferreira, 341
Serraria
Aquidauana – MS

Adufms – Sede de Corumbá
Campus do Pantanal/ufms
Rua Poconé, 412
Bairro Universitário
Corumbá – MS

Adufms – Sede de Três Lagoas
Campus de Três Lagoas
Rua: Luiz Corrêa da Silveira, 1665
Bairro Jardim Alvorada
Três Lagoas – MS

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Direitos Humanos Manifestações

Apesar de repressão, Grito dos Excluídos e Excluídas completa trajeto em Campo Grande

Ocorreu, na última quarta-feira (7 de setembro), a 29ª edição do Grito dos Excluídos e das Excluídas, que tradicionalmente se segue ao desfile cívico do feriado de independência do Brasil. Em Campo Grande, a concentração foi no cruzamento entre as ruas Barão do Rio Branco e 13 de Maio.

Com o tema “Vida em primeiro lugar! Você tem sede e fome de quê?”, cerca de 500 manifestantes percorreram a 13 de maio com palavras de ordem, faixas, cartazes e bandeiras, além de um carro de som em que lideranças se revezaram com falas ao público.

Entre a multidão, foram lembrados os direitos dos povos indígenas ameaçados pela tese do Marco Temporal, além das lutas pela reforma agrária, contra os juros abusivos do Banco Central e pela celeridade no julgamento de Jair Bolsonaro e seus aliados, tanto pelo escândalo do contrabando de joias, quanto pelos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro.

Violência policial

Embora o trajeto do ato fosse conhecido, a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, sob ordens do governador Eduardo Riedel (PSDB), criou uma barreira com elementos armados e cavalaria para impedir a passagem no cruzamento entre a Rua 13 de Maio e a Avenida Afonso Pena. Alguns agentes não possuíam identificação em suas fardas.

Após discussões e tentativas de diálogo por parte do deputado estadual Pedro Kemp (PT) para convencer a PM a permitir o trânsito da mobilização pacífica, agentes da Polícia utilizaram de violência física contra manifestantes. Em vídeo amplamente repercutido por veículos de imprensa nacionais, é possível identificar a militante Adriane Quilombola sendo empurrada ao chão.

Apesar da repressão, o bloqueio foi desfeito e manifestantes conseguiram prosseguir o trajeto pacificamente, se dirigindo até a frente da Praça Ary Coelho. A professora Mariuza Guimarães, presidenta da Adufms, esteve presente no ato e presenciou o momento da agressão.

Mariuza lamenta a violência aplicada pela PM em desproporcionalidade ao caráter pacífico das pessoas que integravam o ato. “Fizemos uma manifestação pacífica, nos dirigimos até o palanque, quando lamentavelmente fomos impedidos de nos aproximar por um cordão duplo da PM, que reagiu de forma truculenta aos nossos pedidos de abertura da rua para prosseguirmos”.

A professora relembrou a importância do Grito dos Excluídos e das Excluídas. “Apesar desse fato lamentável, demos nosso recado. Avalio o ato como positivo”, pontua a presidenta da Adufms. “É um ato importante em que os movimentos sociais manifestam suas reivindicações perante os agentes públicos. Ontem não foi diferente, fomos à rua defender a vida, a valorização dos serviços públicos, o direito a salários dignos, educação pública, laica e de qualidade, entre outras reivindicações da sociedade brasileira”, conclui.

Galeria (clique nas imagens para ampliar)

Fotos da galeria: Norberto Liberator

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Direitos Humanos Manifestações

Grito dos Excluídos e das Excluídas ocorre nesta quinta

Ocorre nesta quinta-feira (7 de setembro) o 29º Grito dos Excluídos e das Excluídas, com o tema “Você tem sede e fome de quê?”. Em Campo Grande, a concentração ocorrerá no cruzamento entre as ruas Barão do Rio Branco e 13 de Maio, a partir das 7h. 

Organizado por sindicatos, pastorais e movimentos sociais, o evento ocorre tradicionalmente, todos os anos, após o desfile do feriado de independência e se baseia em reivindicações de cunho social, guiado por um tema a cada edição.

Neste ano, os principais motes são: Sede (cuidados com a água); Fome (fome e segurança alimentar); Direito à moradia; Não à retirada de direitos da classe trabalhadora; Pelo direito ao emprego; Contra a manutenção dos juros altos; Em defesa da Reforma Agrária; Pelo respeito à história do MST.

A frase “Você tem sede e fome de quê?” é uma referência à letra da música “Comida”, composição de Arnaldo Antunes e Marcelo Frommer que integra o quarto álbum dos Titãs. Um dos clássicos do rock brasileiro, a canção é um grito por justiça social e por políticas culturais.

O tema é o mesmo da Campanha da Fraternidade, cujo objetivo é denunciar a fome no Brasil e demonstrar que a segurança alimentar é um pré-requisito para a dignidade humana, democracia e soberania nacional.

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Adufms Direitos Humanos Serviço público

Diretoria da Adufms se encontra com superintendência da CGU

Representantes da Adufms se reuniram, nesta terça-feira (15), com a Superintendência da Controladoria-Geral da União em Mato Grosso do Sul (CGU-MS), para uma apresentação mútua das novas gestões e para tratar de ações conjuntas que visem aproximar a CGU da comunidade acadêmica.

Estiveram presentes as professoras Mariuza Guimarães e Sheila Guimarães, respectivamente presidenta e tesoureira da Adufms no biênio 2023-2025; o professor Marco Aurélio Stefanes, que presidiu a seção sindical entre 2019 e 2023; o superintendente da CGU-MS, Gilberto Ricardi; Laís Hernández e Wellington Salomoni Mansano, representantes do Núcleo de Ações de Ouvidoria e Prevenção à Corrupção (Naop) da CGU; a supervisora-técnica do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Andreia Ferreira; e o auxiliar técnico do Dieese, Fagner Ribeiro de Arantes.

Na ocasião, foi entregue um relatório sobre políticas de melhoria referentes à UFMS, contendo propostas e um levantamento sobre ações que envolvem a Universidade. Os representantes da CGU receberam o documento e explicaram de que forma seria possível aproximar o órgão do Sindicato e da Universidade.

Ao fim do encontro, o superintendente Gilberto Ricardi avaliou positivamente o diálogo e as perspectivas surgidas a partir dele. “É importante para a gente abrir o diálogo com as entidades, com os movimentos sociais e a sociedade civil organizada”, afirma.

De acordo com Ricardi, a CGU espera retomar o diálogo com as representações da sociedade. “Estamos sempre abertos à Adufms e outras entidades que queiram fazer suas sugestões, para elaborar nossos planos de trabalho, receber as demandas para melhorar os critérios de nosso trabalho e sugestões de melhoria na transparência da gestão pública”.

 

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Adufms Direitos Humanos UFMS

Adufms prestará atendimento jurídico na sexta-feira

Dúvidas sobre questões jurídicas relacionadas ao trabalho e à vida na Universidade? A Assessoria Jurídica da Adufms estará disponível no Bloco VI da Cidade Universitária nesta sexta (18/08)! Vem tomar um café conosco!

Horários:
9h às 11h
15h às 17h

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Direitos Humanos Diversidade Evento

Encontro do Orgulho Autista ocorre neste domingo (18) em Três Lagoas

Ocorre neste domingo (18 de junho), a partir das 16h, o 1º Encontro do Dia do Orgulho Autista, em Três Lagoas. O evento será realizado na sede da Adufms, na Rua Luiz Correa da Silveira, 1665, no bairro Jardim Alvorada, por iniciativa do Coletivo Neurodiversidade Interseccional, e conta com apoio da Adufms.

A estudante Vitória Rodrigues da Silva, que estuda no IFMS e faz parte da organização do evento, explica que a ideia de se organizar surgiu da necessidade de “entender e fazer entender que pessoas neurodivergentes são humanas como todo mundo e neurodivergência faz parte da identidade”.

Vitória explica que a neurodivergência não é e não pode ser encarada como único traço de personalidade ou de comportamento. “Não somos apenas pessoas neurodivergentes; temos uma etnia, temos um gênero, somos pobres ou somos ricas. A deficiência não é algo a ser superado. Todos têm cérebros diferentes, com ou sem deficiência”, afirma.

A estudante declara que há diversas formas de neurodivergência, que por sua vez não podem ser tidas como limitadoras. “A neurodivergência é para pessoinhas autistas, disléxicas, com TDAH (transtorno de déficit de atenção com hiperatividade), entre outras. A interseccionalidade na neurodiversidade é saber que é diferenças além do autismo, por exemplo, que autistas não são só autistas. Pessoas autistas são atravessadas por outros marcadores sociais”, conclui.

O encontro contará ainda com sorteio de um vaso ornamental. Para inscrição e maiores informações, o telefone para contato é (67) 9 9209-3192.

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Direitos Humanos UFMS Universidades

Após solicitação da Adufms, UFMS recomenda suspensão de avaliações nesta quinta (20)

A UFMS publicou, nesta quarta-feira (19 de abril), a Resolução n. 255, em que recomenda que docentes não apliquem provas ou atividades avaliativas nesta quinta-feira (20 de abril), nos cursos de graduação e pós-graduação em todos os campi da Universidade.

A medida se deu após sugestão da Adufms, por meio do Ofício n. 8/2023, enviado na mesma data, assinado pelo presidente da seção sindical, o professor Dr. Marco Aurélio Stefanes. A Resolução do Conselho Universitário estabelece que, caso haja avaliações, elas serão repostas em data posterior, para não prejudicar estudantes que não puderem comparecer na referida data.

A solicitação foi feita a pedido de estudantes, que têm manifestado seu temor em relação a ameaças referentes ao dia 20 de abril. A instituição informou o aumento da segurança na data, com presença de agentes estaduais e federais à paisana em todas as unidades da Universidade. Anteriormente, a Adufms havia enviado o Ofício n. 6/2023, solicitando a averiguação e adoção de medidas a respeito de mensagens compartilhadas entre estudantes do Campus de Três Lagoas (CPTL).

As ameaças que envolvem a data foram espalhadas por todo o Brasil em redes sociais e grupos de WhatsApp. Um levantamento feito pela agência Lupa e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que, entre os dias 9 e 10 de abril, houve uma crescente nos registros de ameaça.

A conclusão da pesquisa é que as ações se deram de forma coordenada para gerar pânico. 20 de abril de 1999 foi a data em que ocorreu o massacre na escola estadunidense Columbine, que gerou uma série de outros ataques naquele país. Uma pichação realizada na Universidade Paulista (Unip) foi postada em grupos de diferentes universidades de todo o Brasil, com mensagens que afirmavam que a inscrição havia sido realizada nas respectivas instituições de ensino superior (IES).

A Assessoria de Comunicação da Adufms conversou com Letícia Oliveira, jornalista investigativa e uma das autoras do relatório “Monitoramento das ameaças massivas de ataques às escolas e universidades: o papel das subcomunidades online que cultuam atiradores em escolas e sua relação com os boatos que produziram pânico generalizado no Brasil a partir do dia 09/04/2023“.

“A gente percebeu que as ameaças foram feitas de forma coordenada, mas houve uma diminuição, caíram para 10% nesta semana”, aponta Letícia. “Os próprios números do Ministério da Justiça confirmam. Na semana passada, o [ministro] Flávio Dino disse que foram 1.700 denúncias; já no início desta semana, foram só 170 denúncias”.

Relação com neonazismo

Entre os conteúdos compartilhados em grupos e inscrições realizadas em paredes de universidades, houve menções ao neonazismo e uso da cruz suástica, símbolo do partido do ditador alemão-austríaco Adolf Hitler. Além de Columbine, 20 de abril também é a data de aniversário do líder nazista.

Para Letícia, que também ajudou a elaborar o relatório “O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental”, o neonazismo não é um fator central entre os jovens que cultuam autores de massacres em escolas, mas sua simbologia costuma ser utilizada para gerar pânico.

A jornalista investigativa aponta que tanto o uso de referências neonazistas, quanto as ameaças a instituições de ensino superior, dificilmente partiriam da comunidade organizada da qual os autores de massacres mais recentes faziam parte. “É uma comunidade de adolescentes que ainda estão na escola, então acho muito difícil ter partido deles, embora o discurso de ódio propagado nessa comunidade tenha influência clara da extrema-direita”, pontua.

“A gente não vê tanta referência ao aniversário de Hitler”, afirma a pesquisadora sobre os grupos e fóruns monitorados. “Esse referencial parece ser só para causar pânico. A influência do nazismo é mais tangencial, não é aprofundada, é restrita a símbolos como a suástica, que nem é usada por grupos neonazistas, já que é criminalizada no Brasil. A gente não vê tantas referências históricas, mas a atiradores que eles cultuam”, aponta.

Ainda assim, Letícia Oliveira alerta que não é possível saber se as ameaças realmente têm teor recreativo – ou seja, com intuito de “pregar peça” – ou se realmente têm contundência, já que partem de autores até o momento desconhecidos. “Não tem como saber, teria de haver uma investigação. A gente pode não ter esses ataques, mas estamos lidando com um trauma muito forte”, prossegue. “É uma comunidade de glorificação a assassinos, atiradores em massa e supremacistas brancos, então essa influência existe, mesmo que esses meninos não se aprofundem na ideologia nazifascista”.

Estudantes da UFMS formaram um grupo, autointitulado Núcleo Antifascista (NAF), para realizar ações contra a apologia ao neonazismo e neofascismo na instituição. Em seu manifesto, o NAF pede que a comunidade acadêmica realize uma ação de boicote nesta quinta-feira. “As respostas obtidas pela instituição universitária não condizem com uma análise e medidas de atuações que priorizem a seguridade de toda comunidade acadêmica”, diz um dos trechos.

Uma estudante, que colaborou na elaboração do manifesto, afirma que símbolos e frases em alusão ao antifascismo que o grupo espalhou pelo Campus Cidade Universitária foram rasurados, retirados e substituídos por referências ao nazismo. A veiculação da cruz suástica para fins de propagação do nazismo está tipificada como crime, no Brasil, pelo Artigo 20 da Lei 7.716/1989, no inciso § 1º, com pena de dois a cinco anos de cadeia.

Embora a lei trate especificamente deste símbolo, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em 2003, que a apologia ao nazismo está classificada como crime de racismo e não pode ser justificada pelo argumento de liberdade de expressão. Na ocasião, julgava-se se o escritor neonazista Siegfried Ellwanger Castan deveria ou não ser condenado por seus escritos contra a comunidade judaica e em favor do regime de Adolf Hitler.

Norberto Liberator (Assess. de Comunicação)

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Direitos Humanos Diversidade Meio Ambiente

19 de abril, Dia dos Povos Indígenas: data de luta e reflexão

19 de abril é o Dia dos Povos Indígenas. Criada durante o governo Getúlio Vargas pelo Decreto-Lei n.° 5.540, de 1943, na época com a nomenclatura de “Dia do Índio”, a data inicialmente tinha como objetivo fortalecer a política nacionalista do período varguista, destacando os povos originários como símbolo nacional. Com o passar das décadas, tornou-se um dia para reflexão a respeito da negação de direitos a tais populações.

2023 é o primeiro ano em que o Brasil celebra oficialmente o Dia dos Povos Indígenas, substituindo o antigo Dia do Índio. A Lei 14.402/2022, proposta pela então deputada federal Joênia Wapichana, muda a nomenclatura da data, por apontar que o termo “índio” é pejorativo e que o texto, até então, era carregado de estereotipações. Aprovada pelo Congresso e vetada integralmente pelo então presidente Jair Bolsonaro, a Lei foi novamente votada e os parlamentares derrubaram o veto.

Situação em MS

Mato Grosso do Sul é a segunda Unidade Federativa (UF) com mais ocorrências de violência contra os povos indígenas, atrás apenas do Amazonas, de acordo com o Relatório Anual sobre Violência contra Povos Indígenas, elaborado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Dos 176 assassinatos de pessoas indígenas registrados em 2021 (ano de referência do último levantamento), por exemplo, 35 foram em MS, número inferior somente aos 38 no Amazonas. Além disso, Mato Grosso do Sul é a UF com mais casos de de violência sexual contra indígenas, sendo seis casos dentre os 14 registros em toda a União.

A Adufms ressalta seu compromisso com a luta dos povos indígenas em busca pela garantia de seus direitos básicos e de sua autodeterminação, em um estado onde o latifúndio e a grilagem avançam cada vez mais contra as populações originárias.

Para ilustrar nosso posicionamento, escolhemos a imagem do cacique Marcos Verón, cujo assassinato por jagunços completou 20 anos em janeiro deste ano. Histórico, o julgamento dos assassinos do líder indígena resultou em condenações inéditas por formação de quadrilha, tortura e sequestro a mão armada.

No entanto, o latifundiário Jacintho Honório da Silva Filho, apontado como mandante do assassinato, morreu em 2019 aos 102 anos por causas naturais sem ser condenado, evidenciando que, mesmo quando a justiça é realizada, a tendência é que os mais poderosos sigam impunes.

Norberto Liberator (Assess. de Comunicação)

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Direitos Humanos UFMS

Por uma universidade sem assédio e sem discriminação

O Mês da Mulher está chegando ao fim, mas a luta contra a opressão de gênero deve ser pautada diariamente. A Adufms tem acompanhado relatos envolvendo docentes e ocorrências dentro do ambiente universitário. Repudiamos qualquer caso de assédio ou violência sexual, além de manifestarmos preocupação com a falta de celeridade e de comprometimento da instituição em relação ao combate a crimes sexuais, bem como à repreensão de membros da comunidade acadêmica que os praticam, dentro ou fora da Universidade.

A Adufms havia solicitado, por meio do Ofício n. 37/2022, informações sobre quais seriam as medidas tomadas pela Reitoria a respeito das investigações que implicaram professores em casos de estupro e pornografia infantil. O documento foi enviado em dezembro e solicitava uma campanha da Universidade contra tais delitos. A Reitoria respondeu por meio do Ofício n. 534/2022, no qual afirma não ter conhecimento e que, portanto, não haveria ações de apuração. O mesmo documento afirma que a gestão estaria à disposição para esclarecimentos, que demandam apuração.

Embora a gestão da Universidade tenha afirmado, em dezembro de 2022, que ignorava o assunto, a prisão em flagrante de um professor e ex-coordenador da Faculdade de Odontologia (Faodo), por portar e compartilhar materiais de pornografia infantil, havia ocorrido em maio daquele ano. A notícia publicada pelo portal Campo Grande News à época afirma que o jornal entrou em contato com a Reitoria, que não respondeu.

No mesmo ano, uma estudante relatou ter sido filmada por um homem no banheiro neutro da UFMS. A jovem afirmou que estava utilizando o banheiro quando percebeu que uma mão com um celular a filmava por cima da divisória das cabines. De acordo com a acadêmica, o homem tentou intimidá-la ao ser questionado, mas um colega que passava pelo corredor no momento a auxiliou e obrigou o autor do assédio a demonstrar que o vídeo já não constava no aparelho. O caso foi levado à Corregedoria da instituição, mas não houve posicionamento oficial da UFMS.

No ano anterior, outro professor, que lecionava no Campus Pantanal (CPan), foi denunciado por suposta violência sexual contra dois sobrinhos menores de idade. De acordo com depoimento da sobrinha, então com 14 anos, o tio a teria estuprado durante cinco anos consecutivos durante as férias escolares, que a adolescente e seu irmão mais novo passavam em Corumbá. A gestão da Universidade afirmou, à época, que não havia sido notificada sobre o caso.

Campanha equivocada

Diante do caso recente envolvendo ilustrações da “Campanha Sou Mulher” da UFMS divulgadas no dia 16 de março, que traziam papéis invertidos no que diz respeito aos dados sobre assédio e à violência contra grupos marginalizados, é necessário ressaltar a importância da conscientização dentro da Universidade.

Um grupo de docentes se articulou para a produção de um manifesto, no qual inserem um conjunto de nove reivindicações, após a repercussão negativa sobre as postagens, que representavam mulheres e pessoas negras no papel de assediadoras.

Docentes que contribuíram para a criação do manifesto se reuniram nesta quarta-feira (28) com a Reitoria para entrega do documento e para pensar em medidas que evitem novas abordagens equivocadas. O documento está aberto a assinaturas (para compreender melhor o caso, acesse esta reportagem da Adufms).

Embora tenha havido retratação por parte da instituição, o que se constitui um avanço, a publicação demonstra que tal preocupação não existiu até então. Somado aos relatos aqui elencados, o ocorrido indica a necessidade urgente de se elaborar políticas específicas na Universidade quanto a assuntos relacionados à violência de gênero, um compromisso firmado pela Reitoria no encontro.

O professor Marcelo Victor da Rosa, que estava presente, explica que a conversa foi propositiva e a gestão escutou as demandas. “O reitor se mostrou aberto ao diálogo, a gestão agora sabe que profissionais que pesquisam o tema estão à disposição para auxiliar na elaboração de campanhas e outras iniciativas”.

Além de Marcelo, também participaram os professores Alberto Martins, Eugênia Portela, Jacy Curado, Lourival dos Santos, Tacinara Queiroz, Thaize Reis e Zaira de Andrade Lopes; a diretora da Agência de Comunicação Social e Científica (Agecom), Rose Mara Pinheiro; o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Albert Schiaveto de Souza; e o reitor Marcelo Santos Turine.

Repúdio e combate

Os conteúdos das ilustrações na campanha sobre o assédio demonstram a falta de cuidado e de conhecimento básico sobre o tema, o que se soma à falta de posicionamento sobre os fatos citados envolvendo docentes e o próprio ambiente acadêmico, evidenciando um cenário de descaso para com a dignidade das mulheres e de grupos minoritários.

Em relação à resposta da Reitoria ao ofício enviado pela Adufms em dezembro, sobre os casos que implicam docentes em investigações de crimes hediondos, ambos os cenários são preocupantes. Caso a gestão da Universidade realmente não estivesse a par dos acontecimentos graves envolvendo professores da própria instituição – após meses em um caso e mais de um ano em outro – demonstraria falta de controle sobre o que ocorre envolvendo o nome da própria UFMS. Por outro lado, se a gestão sabia dos fatos citados e se isentou, nota-se o descaso e a desimportância com que trata o tema.

A Adufms acredita que o repúdio a todo tipo de assédio violência sexual é uma forma de demonstrar que a comunidade acadêmica não pode e não deve ser conivente com tais condutas que ferem a dignidade humana.
Incentivamos a realização de eventos, oficinas e outras iniciativas, bem como distribuição de materiais informativos, realizados sempre com cuidado e consulta a pesquisadoras/es, sobre temas como os limites do respeito, os artigos da Constituição que penalizam crimes sexuais e a que meios recorrer para realizar denúncias.

Por uma universidade sem assédio e sem discriminação!

 

 

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Direitos Humanos Diversidade UFMS

Assédio: em vez de alertar, campanha da UFMS reforça preconceitos e contraria dados

A gestão da UFMS lançou, no dia 16 de março, sua campanha de divulgação de políticas de prevenção e enfrentamento ao assédio sexual e moral. O texto se baseou na cartilha divulgada pelo Governo Federal sobre o tema. No entanto, as peças publicitárias divulgadas trazem ilustrações que, em vez de contribuir no debate sobre o tema, replicam preconceitos e estereótipos negativos em relação a grupos marginalizados.

No card que diz respeito ao assédio sexual, a ilustração traz a representação de uma mulher puxando um homem pela gravata em um ambiente de trabalho. Embora haja casos de homens assediados sexualmente, este é um problema ligado à estrutura patriarcal da sociedade e, portanto, na ampla maioria dos casos é praticado por homens contra mulheres.

Não é a primeira vez que a gestão UFMS, por meio de seu setor de comunicação, traz abordagens do tipo. Em 2019, uma campanha da instituição trouxe a imagem de uma mulher negra tocando os ombros de um homem branco com expressão de incômodo. A mulher é acompanhada da fala “Parece tenso, eu te faço uma massagem”.

Em outra, um homem negro encosta a mão na coxa de um homem branco. “Posso abonar aquela sua falta com uma presença em outro lugar”, diz o personagem negro, supostamente representando um professor assediador. Há ainda a figura de uma mulher amarela dizendoa um homem branco: “Você vai ter que terminar isso hoje. Não me interessa se vai perder sua prova”. Após a repercussão negativa, as imagens da campanha de 2023 foram retiradas, mas as de 2019 permanecem.

Na contramão dos dados

A professora Dra. Jacy Curado afirma que as imagens divulgadas trazem uma inversão da realidade. “Quem é dominante no sistema patriarcal são homens, principalmente brancos de classe média, e a imagem inverte isso. Coloca uma mulher assediando um homem. Isso não corresponde à realidade, aos dados, ao sistema de dominação. Pegaram as vítimas e colocaram como abusadores”.

De acordo com Jacy, a ilustração faz com que o grupo majoritariamente vitimado seja representado como o que pratica a violência. “Se formos ver os dados sobre assédio, violência sexual e de gênero, eles são marcados pela relação de dominação, com base patriarcal. Pode acontecer assédio de uma mulher em relação a um homem, e deve ser punido, mas isto é uma exceção”.

O professor Dr. Guilherme Passamani concorda com o apontamento e detalha a problemática desta representação. “É claro que eventualmente uma mulher pode cometer assédio sexual contra um homem, mas na grande maioria dos casos, são os homens que praticam contra mulheres. Então, por um lado, a imagem sugere a mulher num lugar que ela quase nunca ocupa; e por outro, protege o homem, que é em grande medida o causador do assédio sexual”.

De acordo com levantamento do serviço de recursos humanos Mindsight, realizado em 2021, mulheres sofrem três vezes mais assédio sexual no trabalho do que homens, embora 97% das vítimas não denunciem. Das 11 mil pessoas consultadas em todo o Brasil, 76% relataram que foram assediadas por homens.

No card sobre assédio moral, um homem negro é representado enquanto chefe abusivo. Sobre esta ilustração, Passamani pontua que “é claro que, eventualmente, pode haver um homem negro num lugar de poder. Mas quantos homens negros conhecemos em lugar de poder e que, estando nesse lugar, promovem assédio moral?”.

A professora Dra. Eugênia Portela aponta que a imagem traz uma relação sem respaldo na realidade. “O que a gente vê nas imagens é um homem negro cometendo assédio moral, quando na verdade, sabemos pelos dados estatísticos que, dificilmente, homens negros chegam a cargos de chefia. E o mapa da violência de gênero mostra que a maioria que comete assédio moral e sexual é de homens brancos que ocupam esses cargos”.

De acordo com Eugênia, “nota-se completamente a ausência do letramento racial de quem fez essas imagens, além do racismo institucional, que é esse racismo manifestado por meio ação ou omissão dos gestores”.

A pesquisa “Racismo no Brasil”, encomendada pelo Instituto Locomotiva, concluiu que, em 2021, apenas cerca de 7% das pessoas em cargo de chefia no Brasil eram pretas, o que contrasta com o levantamento da agência Catho, segundo o qual, 38,7% das mulheres brasileiras já passaram por assédio moral no trabalho. Já a pesquisa do portal Vagas conclui que 52% dos profissionais de ambos os gêneros já foram assediados moralmente. A conclusão é de que, mesmo que todos os chefes negros do Brasil praticassem o delito (o que não ocorre), ainda representariam minoria nos casos.

Guilherme Passamani também pontua que a ilustração retrata homens negros como se fossem pessoas que abusam do poder quando o alcançam. “É como dizer que homens negros têm facilidade de acessar instâncias de poder, o que não é verdade, e que estando lá usam disso para praticar assédio moral, o que também não é verdade. Quem está nesse lugar constantemente e faz isso são homens brancos”.

O pesquisador afirma que a abordagem distorce a realidade, além de tirar a responsabilidade de grupos que costumam praticar tais delitos. “Produz uma falsa ideia, manipula a realidade, porque protege grande parte das pessoas que promovem assédio moral, que são homens brancos em posição de poder”.

Jacy Curado explica que as linguagens constroem a percepção das pessoas sobre os fatos e que, por isso, ilustrações como as citadas prestam um desserviço à sociedade. “A imagem é uma linguagem muito potente. Mais uma vez um caso de inversão, já que no sistema racial, o dominador é o branco. Colocam o negro, que é vítima do racismo, como sendo abusador. E no final uma mulher negra como homofóbica”.

Em outro card, cujo tema é a homofobia, a imagem produzida é a de uma mulher negra e gorda praticando o delito contra um homem branco. Eugênia Portela explica que esta abordagem também é problemática e não reflete a realidade. “Sabemos que quem pratica a homofobia não são pessoas negras ou gordas, mas majoritariamente homens brancos e mulheres brancas”.

Guilherme aponta que a imagem, além de trazer uma interpretação falsa da realidade, aprofunda outros preconceitos. “É uma imagem gordofóbica. Passa a falsa impressão de que a LGBTfobia é praticada por esses tipos de corpos. Claro que podem ser, mas outra vez, protege quem efetivamente é homofóbico na sociedade”.

Reprodução de estereótipos

Mesmo que sem respaldo em fatos, as situações representadas nas ilustrações reproduzem estereótipos presentes na sociedade há séculos. No livro “Mulheres, raça e classe” (1981), Angela Davis recorre a escritos do pensador ex-escravizado Frederick Douglass, ao abordar o mito do “homem negro violento”.

De acordo com Douglass, em passagem citada por Davis, “os tempos mudaram, e os acusadores dos negros acharam necessário mudar também. Eles foram obrigados a inventar novas acusações para se adaptar aos tempos. As velhas acusações não são mais válidas”. A acusação válida era o estupro, o que iniciaria uma onda de linchamentos de homens negros com base em uma suposta “tendência à violência”.

A ilustração da campanha da UFMS a respeito do assédio moral, na qual se representa um homem negro violento, evidencia a reprodução deste mito, presente em todas as ex-colônias que recorreram à mão de obra escravizada. O mesmo ocorre na ilustração do card sobre homofobia, que reproduz o mito racista de que mulheres negras seriam “raivosas”.

Sobre este tema, a socióloga jamaicana Shirley Tate afirma, no artigo “Descolonizando a raiva: a teoria feminista negra e a prática nas universidades do Reino Unido” (2018), que “quem constrói a mulher negra raivosa é o pensamento colonial da branquitude e os agenciamentos racializantes produzidos pela dificuldade que pessoas brancas têm de responsabilizar-se por sentir raiva”.

Soluções

Jacy Curado propõe o diálogo entre a equipe de comunicação da universidade e pesquisadores do tema, para evitar novas reproduções de discursos preconceituosos. “Caso façam uma assessoria, convidem os professores, estamos dispostos a contribuir. Temos muitos especialistas de renome nacional na UFMS para poder contribuir”, finaliza.

Eugênia Portela sugere que uma formação específica sobre o tema impediria que problemas como este ocorressem. “Se saiu da assessoria de comunicação de uma universidade, e ainda colocam a logo do Governo Federal, da CGU no mês da mulher, com esse monte de estereótipo, mostra que os servidores precisam fazer curso de formação e que a gestão, o Conselho Universitário e a Procuradoria precisam urgentemente combater o racismo institucional na UFMS”.

 

Texto: Norberto Liberator (Assessoria de Comunicação)

 

 

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Adufms Direitos Humanos

Evento e distribuições de materiais marcam 8 de março na Adufms

O dia 8 de março foi de celebração, reflexão e mobilização nas unidades da Adufms. Houve distribuição de adesivos e marca-páginas em várias sedes, além de bottons em Aquidauana e canetas em Três Lagoas. Em Campo Grande, a Adufms organizou, junto ao Sindjor-MS (Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul), o painel “Das ruas às redes: um bate-papo com as mulheres do Jornalismo sobre os desafios da formação e profissão para o Dia Internacional da Mulher”.

Além do Dia Internacional da Mulher, foi celebrado o aniversário de 40 anos do Sindjor. A professora Dra. Mariuza Guimarães, vice-presidenta da Adufms, fez a abertura da mesa ao lado do jornalista Walter Gonçalves, presidente do Sindjor, da jornalista Tainá Jara e da professora Dra. Katarini Miguel, do curso de Jornalismo.

Mariuza usou de seu tempo para homenagear o mestrando Danilo Cezar de Jesus Santos, cujo corpo sem vida havia sido encontrado na mesma data, pela manhã, após três dias desaparecido. A professora destacou que a violência que acomete a juventude e as minorias tem a mesma raiz que a violência contra as mulheres.

A professora Dra. Tina Xavier ministrou palestra sobre sua pesquisa a respeito de gênero, sexualidade, violência contra crianças e direitos humanos. Desde o ano de 2010, Tina Xavier desenvolve projetos em escolas públicas municipais de Campo Grande. É líder-coordenadora do GEPSEX (Grupo de Estudos e Pesquisas em Sexualidades, Educação e Gênero).

Em seguida, quem apresentou a jornalista Vera Daisy Barcellos, ex-presidenta do Sindjor-RS e que faz parte do Instituto de Pesquisa e Intervenção Racial Sempre Mulher, além da ONG Maria Mulher e de sua atuação em diversos veículos da imprensa gaúcha. Estudantes de variados cursos, sobretudo de Jornalismo, lotaram o auditório de Arquitetura para prestigiar o evento, no qual houve distribuição gratuita de adesivos e marca-páginas.

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8 de março: lutamos por mulheres livres e emancipadas

O Dia Internacional da Mulher tem suas origens na luta sindical. A primeira proposta de instituição de uma data de mobilização e reflexão pelos direitos das mulheres partiu de Clara Zetkin, na Conferência de Mulheres Socialistas de 1910. O mês de março foi escolhido em homenagem às lutas das mulheres operárias de Nova York, sobretudo à tragédia na Tecelagem Triangle, em 1911.

No dia 8 de março de 1917, operárias russas organizaram uma mobilização que reuniu milhares de pessoas em São Petersburgo, à época capital do país. A revolta deu início à Revolução de Março, que derrubou o czar Nicolau II e instalou um governo provisório. Posteriormente, a data se tornaria feriado nacional como Dia da Mulher Proletária.

Em mais um Dia Internacional da Mulher, mais de cem anos após a Conferência que instituiu a data de luta, os dados não são animadores. Em 2022, o Brasil bateu seu próprio recorde de feminicídio. O aumento foi de 5% em relação a 2021. A média é de uma mulher morta a cada seis horas.

A Adufms celebra o 8 de março e reforça o legado de luta desta data. Lutamos por mulheres livres e emancipadas. Por nenhuma a menos – e por todas em uma sociedade liberta da misoginia que, nos últimos anos, tem sido a tônica de discursos hegemônicos. Lutamos para consolidar a derrota daqueles que atacam as mulheres e que as querem em papel subalterno, sem destaque, sem direitos e sujeitas à violência.

Por fim, convidamos todas e todos para um encontro hoje, 8 de março de 2023, no auditório de Arquitetura da UFMS – Campus Cidade Universitária, a partir das 18h30. Haverá um painel com a presença da ex-presidenta do Sindjor-RS, Vera Daisy Barcellos e da professora Tina Xavier, além de distribuição de adesivos e marca-páginas. A quem não puder estar presente, é possível acompanhar por nossa página do Facebook.

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Fórum Permanente de Direitos Humanos faz reunião anual em Três Lagoas

Nesta sexta-feira (9 de dezembro), a Adufms (seccional de Três Lagoas) sediou a reunião anual do Fórum Permanente de Direitos Humanos de Três Lagoas, que também serviu para comemorar o Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado um dia depois.

O evento contou com integrantes do Fórum que representam diversas entidades, movimentos/coletivos e partidos políticos que têm como diretrizes a luta pelos direitos humanos na cidade de Três Lagoas, entre eles, da Pastoral Carcerária, de movimentos feministas, da população negra e da comunidade LGBT+, partidos políticos e sindicatos.

A criação do Fórum foi uma iniciativa da Adufms, com o objetivo de agregar a sociedade civil e entidades que já militam na defesa da cidadania e dos direitos do povo três-lagoense, atuando de forma participativa e como formadora pública de opinião, para o fortalecimento dos direitos universais previstos a todas as pessoas. A iniciativa começou em 2021, durante a pandemia, numa reunião online em junho, que contou com a colaboração de vários professores da UFMS/CPTL.

Desde 1950, a data de 10 de dezembro é celebrada mundialmente como o dia em que se oficializou a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Organização das Nações Unidas (ONU), criada em 1948, como um legado do que a humanidade sofreu e aprendeu com as duas guerras mundiais. Essas terríveis experiências serviram para que os governos e a sociedade civil dos mais diversos países vissem a necessidade de definirem princípios fundamentais e universais, que garantissem os direitos humanos para todos e todas como alienáveis e imprescindíveis.

A Declaração afirma que a dignidade é inerente à pessoa humana e é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, e que os direitos humanos são universais independentemente de cor, raça, credo, orientação política, sexual ou religiosa, e isso deve pautar nossa sociedade.

Defender os direitos humanos também é defender a consolidação da cidadania e de uma sociedade democrática; é trabalhar para que as violações aos direitos humanos e as iniquidades sejam extintas, contribuindo assim para que a justiça social seja alcançada plenamente em nossa sociedade. Precisamos de uma cidade, um estado e um país com boa qualidade de vida, com educação, saúde, moradia, direito à terra, o reconhecimento da existência de pessoas e grupos sociais diversos e com necessidades diferentes, tendo o mesmo grau de respeito, liberdade, cidadania e dignidade. Portanto, o Fórum ressalta a necessidade da solidariedade e da cultura de paz como caminho possível para vivermos em sociedade e habitarmos aqui, nesta cidade.

Nesta reunião do Fórum, os principais temas discutidos foram os direitos à liberdade política durante as eleições presidenciais deste ano, uma vez que ocorreram diversos casos de agressão física ou verbal, tentativas de agressão e ameaças contra militantes de esquerda, ressaltando-se o clima de violência imposto por defensores do atual governo, que são a maioria na cidade. Temas como violência contra a mulher, a violência policial na cidade, a educação, meio ambiente e direitos à moradia digna, incluindo a política de habitação e o orçamento para isso da Prefeitura de Três Lagoas também foram discutidos.

A diretora da Adufms-TL, professora Kaelly Virginia Saraiva, informou que a próxima reunião ordinária do Fórum será em fevereiro de 2023, e que até lá espera-se que mais pessoas e entidades se envolvam nessa iniciativa, tão importante para a sociedade não somente de Três Lagoas, mas do Estado do Mato Grosso do Sul.